Voltar a Berlim, depois do atentado
Em Berlim, a questão nunca foi "se" iria haver um atentado, mas sim "quando" iria acontecer. Quando ocorreu o atentado ao Mercado de Natal de Breitscheidplatz, que matou 12 pessoas e feriu cerca de 50, eu estava em Portugal.
Como Berliner que já me sinto, soube desde o primeiro minuto que Berlim iria superar isto, que as pessoas iriam sair de casa no dia seguinte e continuar com a vida de todos os dias. Ao contrário do que aconteceu em Nice, em que todos se uniram para cantar a Marselhesa, Berlim iria continuar firme, até porque Berlim é muitos: muitos países, muitas vozes, muitas línguas, muitas culturas, muitas vidas, muitas vontades. Já o resto da Alemanha, eu não sei! Ainda mais porque em 2017 haverá eleições e a extrema-direita foi a primeira a criticar Merkel, publicando um cartaz dela, com as mãos cheias de sangue, numa alusão às políticas de acolhimento refugiados na Alemanha da chanceler.
Como dizia, Berlim está preparada: sem nacionalismos, sem extremismos; já o resto da Alemanha, eu não sei. Até porque vivendo aqui, posso assegurar que a Merkel está muito longe de ser o pior da Alemanha ou até da Europa.