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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

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Já somos 12 a morrer em Portugal

07.03.19

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Já vai em 12, o número de mulheres a morrer em Portugal, às mãos do companheiro.

12 vítimas de violência doméstica, num país que ainda acha que "entre marido e mulher não se mete a colher" e que isso do feminismo é coisa de histéricas.

 

  • Homem ou mulher, se és vítima, não fiques calado. Protege-te e denuncia:

A APAV disponibiliza ajuda às vitimas, de forma gratuita e confidencial. Ao teu dispor tens o Número de Apoio à Vítima: 116 006 (chamada gratuita das 9h00 às 21h00). 

  • Cidadão:
    Violência doméstica é crime. Se vês ou sabes de algo, denuncia. Mete o bedelho.

Portugal que não se indigna

11.02.19

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Juro-vos: se Portugal se indignasse tanto na rua como nas redes sociais, seríamos todos habitantes de um país, tão, mas tão melhor.

Estava marcada para ontem uma manifestação no Marquês de Pombal pela violência doméstica. Andava tudo maluco porque só em Janeiro tinham morrido 9, nove, NOVE mulheres vítimas de violência doméstica. Ficou tudo a salivar, porque na semana passada o número passou a 11, onze, ONZE, sendo uma delas uma bebé de dois anos.

Ontem foi a manifestação e... que tristeza.

Tão pouca gente!

Tanto espaço por preencher.

Tão poucos a dar a cara e o corpo ao manifesto.

Cum raio! Que apatia e pouca participação é esta?

Tudo muito constrangido, muito raivoso, mas na hora de exigir a mudança: poucos. Isso reflecte-se também nas políticas governamentais. Muito "lamento", mas ideias em cima da mesa e pro-actividade zero. 

"Ela disse que isto ia acontecer"

06.02.19

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Sandra fez queixa de Pedro. A polícia avançou, o Ministério Público ignorou. Muitas ameaças (e porradas) depois, Pedro matou a sogra, a filha e depois, suicidou-se.

Em Portugal, foram assassinadas 28 mulheres, todas vítimas de violência doméstica.
Em Janeiro deste ano, morreram nove mulheres em Portugal.
Entre 2004 e 2018, em contexto de violência doméstica, foram mortas 503 mulheres.
 
E a sério que ainda andam as autoridades a assobiar para o ar e a não dar apoio quando há queixas? Tanta campanha, tanto " denuncie" e "fale" e "não tenho medo", para depois se verem sozinhas (ou sozinhos), sem apoio, desprotegidos e até descredibilizados?
Ele matou-se!
E ela como vai ficar? Sem a mãe? Sem a filha?
Mais: quem é que se vai responsabilizar por tudo isto? Ah pois, como estamos em Portugal, a resposta será certamente NINGUÉM!
 

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O cretino do Carrilho ou a importância de estender o estatuto de vítima aos menores

21.01.19

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Só hoje é que soube da reportagem de Ana Leal, onde havia referência a Manuel Maria Carrilho (MMC). Sinceramente, acho sempre que o caso tem sido tratado muito ao de leve pela comunicação social. Parece haver um certo pudor da empresa que designa como "séria" de esmiuçar o caso. Como se violência doméstica não fosse crime público, como se ele não fosse uma pessoa que exerceu cargos públicos, logo pago pelos contribuintes.

Desde o inicio, que tenho acompanhado o caso e não, mas não foi foi por alcoviteirice. É que se "isto" - e por "isto", refiro-me ao tratamento dos juízes, aos anos que o caso demorou para ser julgado e até à violência doméstica e psicológica comprovada (ainda que com pena suspensa),... Enfim, se "isto" acontece a estes dois: famosos, com visibilidade e com dinheiro... o que não vai acontecer quando for comigo, com a dona Rita ou com o senhor Pedro?

 

A reportagem da TVI focava-se num ponto muito interessante. Usando o exemplo de MMC e dos autos e provas usadas em tribunal, usaram este caso como referência, um caso em que a violência doméstica é provada e há pena, para reflectir como fica a situação dos filhos.

Se eles estiveram, e neste caso isso foi provado, presentes em situações de violência, não devirem eles, por arrasto, beneficiar do estatuto de "vítima" e serem afastados do culpado?

Veja-se o caso de MMC, mesmo sentenciado, ele tem a custódia do filho mais velho.

Mesmo sentenciado, ele continua a estar com os filhos e a mãe, a vítima, continua a ter que ter contacto com ele, na hora de entregar as crianças? Hora essa, que ele usa para agredir, atacar e humilhar.

 

Olhando para o caso de MMC, não creio que nenhum homem ou mulher se sinta motivado a fazer queixa de violência doméstica em Portugal.

A humilhação pública é imensa, a lentidão dos tribunais fatal (muitas vezes literalmente), há ainda a exposição dos filhos (neste caso bastante agravada, pois ambos são famosos),.... Nem mesmo depois de fazer queixa, ela deixou de ser agredida por ele - física e psicologicamente. Pelo meio, perdeu o filho que já não vive com ela. A carreira dela, assim como a reputação, foi pelo cano. Sabe-se lá como andam os nervos daquela mulher. E fica sempre a ideia, se isto é assim com ela, imaginem comigo?

Frases que definem relações abusivas

16.01.19

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Apanhei este post no Facebook, na página Feminismo sem demagogia, onde pedia aos seguidores que citassem uma frase que que definisse uma relação abusiva. Aqui ficam algumas:

 

"Se a gente se separar, eu conseguirei alguém melhor que você e você, acho muito difícil que consiga alguém parecido comigo"

"A culpa é sua"

"Eu te dei a vida, posso tirar"

"Amor, você ficou linda com essa saia, mas eu prefiro quevocê vá de calça, pode esfriar."

"Você pode encontrar qualquer um por aí, mas você nunca vai encontrar alguém tão bom pra você e que te ame tanto quanto eu, pode ter certeza.” 

'Eu gosto de te ver chorar durante a madrugada, isso prova o quanto tu me ama''

"Esse seu jeito de rir de tudo parece que tá dando em cima de todo mundo."

"Eu transo com outras mas não tem sentimento, então não é traição. E você que namorou outra pessoa quando terminei com você? Deu quantas vezes pra ele?"

"Eu não queria te bater, você que me tirou do sério."

"Eu te amo tanto. Você tem que me perdoar." 

"Mulher minha não faz isso"

“Pra que amigas? Elas são todas falsas, você só precisa de mim”

 

Barbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho: Se é assim com eles, como seria comigo?

18.12.17

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Na minha opinião, os meios de Comunicação Social (sérios) deram pouca atenção ao caso de Manuel Carrilho e Bárbara Guimarães. O assunto foi muitas vezes tratado como se fosse matéria cor-de-rosa e sensacionalista, quando afinal falamos de crime público.

 

Este caso demonstra como a Justiça tem de ser mais rápida (há quanto tempo é que isto se arrasta?), ainda mais quando há crianças pelo meio. E, sobretudo, a importância de julgar estes casos como um todo.

Ora vejamos: Carrilho é condenado, ainda que com pena suspensa, por ter agredido Bárbara Guimarães já depois do divórcio e ainda assim detém a custódia de um dos filhos. Como é que é possível que a Justiça não comunique e permita que estes casos sejam tratados independentemente, sem que um afecte o outro? Podemos admitir que um agressor eduque um menor?

 

A semana passada, Carrilho foi absolvido de violência doméstica, mas desta vez de agreções praticada antes do divórcio. Até aí, posso entender. Posso entender que a juíza diga que não há provas, apenas testemunhos e não lhes dar credibilidade. Não quero ir por aí!

Agora o que me indigna mesmo, mesmo muito, são os comentários da juíza na hora de soltar o veredicto  - a mesma juíza que o advogado de Bárbara Guimarães tentou afastar do caso por tratamento discriminatório. A mesma juíza que o tratava a ele, de “senhor doutor” (ou professor!) e a ela, de Bárbara! A mesma juíza que quando Bárbara Guimarães testemunhou disse que a condenava por não ter falado antes e alegou que se Manuel Maria Carrilho era bom antes da filha nascer, não era depois disso que iria mudar - porque, segundo esta juíza (Joana Ferrer) as pessoas não mudam!

Pois bem, essa mesma juíza, disse agora não considerar não ter havido violência doméstica porque e passo a citar "Bárbara Guimarães é uma mulher destemida e dona da sua vontade, pelo que não é plausível que na sequência das agressões tenha continuado com o marido em vez de se proteger a si e aos filhos”. Alegando também que como Bárbara Guimarães dizia nas revistas que estava tudo bem, então, era porque estava tudo bem!

 

Esta ideia de que a violência domestica só afecta as senhoras da aldeia, as senhoras de personalidade submissa ou as senhoras sem dinheiro tem de acabar! É urgente uma maior formação dos juízes para entender a complexidade da violência nas dinâmicas de um casal. E, sobretudo, orientar/educar/explicar/falar aos juízes da complexidade do ser humano! As pessoas não são boas, nem más. As pessoas mentem, sujeitam-se, etc.

 

2017 foi um ano do caraças no que toca a acórdãos judiciais em casos de violência domestica! Quem não se lembra do juíza Neto de Moura e as suas belas considerações sobre a Bíblia e a honra do macho para justificar a virilidade ofendida de um homem, que usou um maçarico com pregos para agredir a mulher - uma adultera, logo (e segundo este juiz) ““uma mulher que comete adultério é uma pessoa falsa, hipócrita, desonesta, desleal, fútil, imoral. Enfim, carece de probidade moral”.

 

Quanto ao caso da Barbara Guimarães, quando digo que é importante fazer uma reflexão séria sobre o mesmo, não o digo por ser ela a Barbara Guimarães, nem por ser ele o Manuel Maria Carrilho - se bem que defendo a ideia de que os políticos acusados de crimes não devam receber qualquer dinheiro público, mas isso já é outro tema!

 

O que importa aqui ressaltar é: se isto é assim com ela, como será com a D. Ana da padaria? Como será comigo?

Como é que um homem ou uma mulher vítima se sente com forças e coragem, depois de assistir a  tudo isto, de denunciar o(a) parceiro(a)?

Por que é que precisamos do feminismo? Porque eles também morrem

27.06.17

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Alfredo Turcumán era um Argentino de 28 anos, que faleceu depois de entrar no hospital com ferimentos no peito. A mulher disse aos médicos, que ele se tinha ferido com uma porta. Mentira. Os ferimentos eram demasiado profundos e tudo indica, segundo os médicos, que foram feitos por uma faca. Os médicos encontraram ainda diversos ferimentos na cara, no couro cabeludo e também nas costas. Mais de dez transfusões depois, Alfredo Turcumán acabou por falecer.

A polícia começou a investigar e a primeira coisa que percebeu foi que a porta estava em condições, sem indícios de dano.

Descobriram também que Alfredo Turcumán tinha estado na esquadra da polícia, onde denunciou a esposa, a mesma que disse que ele tinha ficado ferido com a porta, de violência doméstica. Os polícias de serviço riram-se dele e chamaram-no "maricon". Se tivessem levado o caso a sério, teriam descoberto que ela tinha antecedentes criminais. Talvez Alfredo estivesse vivo.

A esposa já se encontra detida e confessou o crime. Diz tê-lo feito em legítima defesa e também ela, no passado, fez queixa contra o falecido. 

 

O que será que as vítimas masculinas de violência domestica têm de fazer para ser levadas a sério?