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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

É seguro viajar para aí?

03.02.19

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Uma das perguntas mais comuns na hora de viajar é o "É seguro viajar para aí?".  "É seguro ir para Bruxelas?" ou "Londres não é perigosa?" ou "Marrocos não é perigoso para as louras", etc.

Obviamente que a segurança é uma coisa importante e que morrer, ainda mais nas férias, é desagradável e não está nos planos de ninguém. De todos os modos, isso não é algo que se possa prever. Nem mesmo os 382984 artigos que encontram online com os "destinos mais seguros para viajar" vos podem garantir que nada vai acontecer.

Sempre que ouço esse tipo de questão, quase dou por mim a revirar os olhos e a pensar no caso de Portugal. Como se em Lisboa nãou houvesse assaltos, nem assédio no Porto e por aí fora! Portugal também tem os seus problemas e no resto do mundo, o cenário é mais ou menos o mesmo: gente a tentar viver da melhor forma que pode, em paz. 

Obviamente que este meu comentário não se refere a países em guerra. Contudo, na hora de viajar, os cuidados a ter não devem ser muito diferentes daqueles que se tem "em casa": evitar andar sozinho durante a noite, afastar-se das ruas principais, etc.

Quanto ao terrorismo, a menos que alguém tenha contacto priviligiados com uma rede, como saber se vai ou não acontecer? Quando ou a que horas? Mais: quem nos garante que não ocorre em casa?

 

Infelizmente, a vida também é isto: a imprevisibilidade. E se isso é bom quando falamos de coisas boas e felizes, na hora de ter de lidar com a dor, a violência e a morte, nem muito. Contudo, se isso não nos impede de sair de casa para ir trabalhar, também não nos deveria impedir de viajar e viver a vida.

Tailândia: 8 anos depois

27.12.18

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Oito anos depois, voltei à Tailândia e, sim, muita coisa mudou!

O norte agora é turístico:

O turismo sempre foi uma grande fonte de rendimento para a Tailândia e o país sempre foi muito procurado, afinal é barato e com praias de sonho. Contudo, há oito anos, o norte não atraía tanta gente como agora.

Também muito por causa dos nómadas digitais, Chiang Mai está a rebentar de gente. A cidade está bem mais cara e cheia de cadeias de fast food. Uma pena.

 

Há um rei novo

Ser rei na Tailândia é uma coisa séria - tanta que buda vos livre se falam mal da família real. E, sim, isto foi em 2016, mas vê-se que o novo rei cheira  a novo e há fotografias dele em todos os cantos, que gritam necessidade de afirmação. Quem já esteve na Tailândia, sabe que sempre houve fotos da família real, mas agora a coisa supera.

 

Turismo mais consciente

Recordo-me de há oito anos ir fazer mergulho em Ko Tao e de ficar com o coração em lágrimas. Os barcos paravam mesmo em cima dos corais e uma pessoa, sem saber, saltava e tocava neles - tal significa a morte dos corais. Não havia muito cuidado, nem informação, nem interesse em preservar. Desta vez, deu para notar a diferença e as várias empresas parecem mais informadas e muito mais cuidadosas. Assim, sim!

 

Menos exploração animal

Seja para fazer festinhas em tigres acorrentados ou passear em elefantes que são açoitados, o que nunca faltou na Tailândia foi turista parvinho e a pagar com esse tipo de actividade. Hoje em dia parece haver mais informação e com isso, menos gente que vai atrás desse tipo de actividade.

Digo "parece", porque pareceu-me ver menos propaganda nesse sentido, porque turistas parvos e sem noção, continuam a existir. Por exemplo, foi só chegar  a Ayutthaya para ver que os passeios de elefante continuam populares. É que nem mesmo vendo o guia com uma foice na mão, com a qual vai batendo no bicho, as pessoas conseguem entender que não, andar de elefante não é uma boa ideia.

 

Os pobres estão menos pobres

A instabilidade política tem feito parte da Tailândia nos últimos anos. Um sem fim de governos militares e golpes - talvez por isso, o rei sempre tenha sido uma figura tão importante, pois permaneceu a única figura constante na vida tailandesa.

Adiante, a maioria dos tailandeses diz que a economia está mal (que é bem possível), que tudo está mais caro (que está) e que há menos trabalho (plausível); contudo parece-me também que há menos gente a pedir ou a dormir na rua.

 

A comida

Lembro-me que há oito anos, tudo me sabia bem. A comida tailandesa era incrível e tudo uma descoberta. Desta vez, pareceu-me tudo preparado para o palato dos turistas e bem, mas bem aborrecido. E isso, isso é triste.

 

 

Top 10 das Atrações Turísticas mais populares em 2018

13.12.18

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Querem saber quais foram as 10 Atrações Turísticas mais populares em 2018 - isto segundo o TripAdvisor? Cá vão elas!

 

1. Coliseu de Roma em Roma (Itália)

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Não é à toa que é uma das Maravilhas. Eu vi-o a primeira vez com 18 anos e fiquei comovida, onze anos depois vltei lá e continuei achá-lo mega espectacular.

 

2. Vaticano em Roma (Itália)

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Mesmo ali ao lado, vá mais ou menos, está o Vaticano. O Vaticano é lindo, uma exuberância e os seus muitos museus incríveis. Mais do que aquilo que mostram, o que eu adorava MESMO era poder meter o bedelho nos arquivos do Vaticano e descobrir todos os segredos dos tempos idos - Francisco, amigo, se me estás a ler, convida-me!

  • Dica: Embora fique um pouco mais caro, aconselho uma tour ao Vaticano. Há imensas histórias e detalhes interessantes que nos passam ao lado quando vamos por nossa conta.

 

3. Estátua da Liberdade em Nova York, EUA

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Esta nunca vi, só em filmes. Contudo, está na lista.

 

4. Museu do Louvre, Paris (França)

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É só e apenas um dos museus mais visitados da Europa. Napoleão sabia bem escolher os seus palácios, é certo.

  • Dica: Existem horários gratuitos que vos permitem ver o Louvre sem pagar, contudo são ao fim do dia e acaba-se por não se ver tudo. Uma boa opção são uns packs de viagem, que incluem uma ida ao Louvre, assim como à Torre Eiffel e até cruzeiros no Sena e que fazem uns descontos simpáticos, por se comprar tudo junto.

 

5. Torre Eiffel, Paris (França)

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A primeira vez que subi á torre, fazia tanto vento, tanto vento, que literalmente voava lá em cima. Ainda assim a vista continuava capaz de esmagar qualquer um, aquele Paris cinzento, ficou-me para sempre no coração.

  • Dica: Sabiam que podem jantar na Torre Eiffel. Eu nunca fiz, aliás nem sabia que era uma possibilidade! Quem sabe um dia...

 

6. Sagrada Família, Barcelona (Espanha)

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É incrível pensar que a Sagrada Família anos e anos depois, ainda está em construção? Já agora sabiam que só este ano, a Sagrada Família obteve a sua licença de construção? Ou seja, foram mais de cem anos com a obra licenciar!

 

7. Ponte Golden Gate, São Francisco (EUA)

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Tendo em conta que eu já vi umas 7236 vezes a Ponte 25 de Abril conta quase como ver a Golde Gate... ou não?

 

8. Stonehenge (Inglaterra)

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Outra que está na lista - vamos lá ver se o Brexit não me/nos lixa!

 

9. Palácio de Versalhes (França)

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O rei perdeu a cabeça, mas Versalhes não perde o encanto. 

 

10. Grande Canal de Veneza em Veneza (Itália)

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Eu entendo o drama e o horror que são os paus de selfies, o mau-cheiro dos canais e aquele centro cheio de gente, mas Veneza será sempre Veneza e, sem dúvida, uma das cidades mais lindas do mundo. Acreditem em mim que só este ano fui lá umas cinco vezes - sim, sou uma exibida.

Pessoas Instagram: Essa nova espécie

04.12.18

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Estou na Tailândia, rodeada de pad thai e paisagens bonitas. Hoje estive na água e apreciar as pessoas - eu sou pessoa que gosta muito de ver pessoas. Esta manhã, de uma outra ilha, chegou um grupo que veio visitar a minha ilha (bandidos!). Ou seja, eram pessoas que sabiam que iam estar num sítio bonito, durante um curto espaço de tempo, antes de ter de subir para o barco e ir ver coisas bonitas noutro lado.

Foi neste contexto, que me pus a observar, dando atenção às Pessoas Instagram, chamemos-lhe assim. As Pessoas Instagram são fáceis de identificar. Primeiro, porque andam com telemóvel e câmara fotográfica atrás - e sempre conectadas. Além disso, as Pessoas Instagram mesmo que estejam na praia, no meio da areia e a viajar de barco, andam sempre bem maquilhadas e penteadas. Sempre chiques. Se são mulheres, trazem sempre uns brincos e umas pulseiras. Havendo uma clara preferência por vestidos mais ou menos longos e esvoaçantes. Já os homens, talvez um relógio. No caso dos homens, o destaque vai para o cabelo - mesmo que seja um penteado despenteado - e, claro, óculos de sol.

Outra característica das Pessoas Instagram é que elas têm olho. "Olho" para descobrir onde se tiram as melhores fotos, que é como quem diz os locais mais Instagramáveis. E o que fazem elas? Elas ficam, elas monopolizam. Que se lixem os outros.

Há ainda que ter em conta, que a maioria das Pessoas Instagram não opera sozinha. Elas têm um ajudante que lhes tira fotos - por norma, a pessoa com quem estão numa relação. Apesar da pessoa estar ali para elas e com elas, a fotografá-las, ora de joelho no chão, ora deitado na areia de máquina levanta; as Pessoas Instagram são implacáveis. Elas pedem para ver as fotos e só e apenas quando há uma fotografia, entre as 2234 tiradas, em que elas estão catitas é que elas esboçam um esgar de satisfação. Se nenhuma foto ficou bem pois, temos pena: nova sessão fotográfica.

E é vê-las, às Pessoas Instagram, a fazer peito, a encolher a barriga, a olhar para o infinito, mão na anca, dobrar o joelho e outras poses que todos já vimos e sabemos de cor. No caso da praia, há ainda espaço para outras poses, como o clássico rebolar na areia ou de barriga para baixo a dar às perninhas. Um clássico, quase ao nível da foto "eu estou a olhar para ali, nem sabia que me estavam a fotografar".

Adoro pessoas!

 

Se gostam de Pessoas Instagram tanto quanto eu, vão amar esta conta de Isntagram.

"Eu amo-vos e Jesus ama-vos" e mataram-no

27.11.18

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John foi morto. John está morto.

E porquê? Porque John queria levar a palavra de Jesus, mas sobretudo porque John é idiota.

Contextualizemos: na Índia, na Baía de Bengala, vive uma tribo à margem daquilo que chamaríamos de "civilização". Fazem a sua vidinha, não chateiam ninguém e o governo indiano, para se assegurar que ninguém os chateia, proibiu (legalmente) estranhos, isto é, qualquer pessoa de os visitar. A própria polícia marítima da Índia protege a área, para evitar a entrada de intrusos.

John Chau era um missionário norteamericano que quis brincar ao colonialismo e levar, porque sim e porque sim, a palavra de Jesus à tribo. Para isso, fez uma série de coisas ilegais para chegar à ilha. Ou seja, ele sabia que estava a fazer mal, contudo nem quando foi recebido por flechas, por parte dos sentineleses, ele percebeu a mensagem e insistiu. Nem mesmo quando lhe partitam a canoa, ele desistiu. Ele insistiu e essa insistência, custou-lhe a vida. Todos estes detalhes foram relatados pelo próprio missionário no seu diário, com mensagens para a família.

 

Para os Johns desse mundo: deixem as pessoas em paz. Deixem Deus em paz. Vivam a vossa vida, façam o bem, sem olhar a quem; mas deixem os outros. Não pertubem a paz alheia, nem apareçam, onde não são convidados - ainda mais, quando o vosso corpinho representa um sem fim de doenças e bactérias, ok? 

Viajantes portugueses: Uma caricatura

26.11.18

 

Assim que ultrapassa a fronteira, o viajante português dá-se conta desse grande país que é Portugal. Um país incrível. Espectacular. Fantástico. Um país sem defeitos. Todos os países deviam ser como Portugal e os países que não são como Portugal, são maus. Mesquinhos! São países inferiores e, em alguns casos, são até atrevidos!

Como se atrevem a não ter café bom?

Como se atrevem a ter café tão caro?

Como se atrevem a queimar o café?

E quem diz o café, diz o bacalhau e a sopa. 

Já para não falar daquela gente que nem sabe onde está Portugal no mapa e que ousa viver - eu diria, respirar! - sem saber quem foi Vasco da Gama ou que um dia, Portugal dividiu o mundo em dois, com a Espanha, tendo Portugal ficado com a melhor parte! Ele há gente! É muita ignorância! Muito desinteresse! Muito não querer saber! Ainda mais quando nós portugueses conseguimos encontrar a Eslovénia no mapa, de olhos fechados.

Há até quem desconheça Eusébio ou Cristiano Ronaldo, esses grandes heróis da pátria! Gente que nunca ouviu falar de Saramago! O que indigna muito! Aliás, portugueses que nunca leram Saramago facilmente se indignam com este facto.

Além disso, os portugueses em viagem gostam de comparar! A Torre Eifel tem até o seu encanto, mas há que admitir que não supera a Ponte de D. Luís, com o Douro como paisagem. E sim, o Coliseu de Roma é impressionante, mas todos sabemos que em Portugal há muitos aquedutos e coisas romanas muito lindas, sim senhora! Além disso, Londres é incrível, mas nada bate a luz de Lisboa.

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de facto é muito bom. Um cantinho de paz. Tudo o resto é assim mais ou menos. Olha coitados, é o que têm!

Antiturismo ou "Como assim contra os turistas?"

22.10.18

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Estou de momento em Hanói, na capital do Vietname. Cidade louca, cheia de motas e buzineladelas, onde uma pessoa não atravessa a rua: aqui, uma pessoa atira-se! Hanoi é uma cidade vibrante e louca, cheia de restaurantes, cujas cozinhas se montam nos passeios e as melhores comidas são feitas em bancos de plásticos, com paredes esburacadas e sem cor. Adoro.

No outro dia, fui fazer uma tour de comida em Hanoi e quase que parecia uma anedota, com a guia vietnamita à mesa com uma portuguesa, um italiano e uma espanhola - ele perto de Veneza, ela de Barcelona. Falamos de muita coisa e, claro, falamos também do turismo.

Como acontece em todo o mundo, o turismo em Hanoi também tem crescido muito nos últimos anos e com isso, também as rendas aumentaram. Explicámos à guia, que nas nossas cidades/países era cada vez comum havver movimentos anti-turismo, inclusive com gente a grafitir paredes com "fora do turistas", a espalhar cartazes com " turistas não" e a preparar manifestações.

Ela ficou chocada.

Para ela, o turismo significa dinheiro e logo, a melhor forma de melhorar a vida dela.

Além disso, dizia ela "que culpa têm os turistas?".

 

Já aqui falei disso, que a culpa não são os turistas, a culpa é da gestão e no outro dia, caiu-me o rabinho quando vi num post de Facebook, num grupo de viagens, uma pessoa a pedir dicas sobre Lisboa e gente a responder-lhe coisas como:

  • "Não vás, por causa dos turistas, os portugueses não têm dinheiro para pagar as rendas"
  • "Por culpa de pessoas como tu, os salários dos portugueses estão baixos"
  • "Eu vivo aqui e por favor, não venhas. Somos muito hospitaleiros, mas a situação do meu país está insustentável

... e outras pérolas mais! A sério, pessoas?

Eu sou toda a favor do turismo sustentável. Defendo os valores do turismo local e até com certas regras, mas esse tipo de apelos é ridículo. Os turistas não têm culpa, eles nem votam no país que visitam. Eles não têm poder de decisão. Esses vossos apelos e energias devem e têm de ser canalizados noutras direcções, neste caso para a classe política e para o patronato.

Quando temos negócios a crescer e patrões que continuam a abusar de recibos verdes ou a pagar em negro, assim como gente que continua a receber o salário mínimo ou o mesmo ordenado de há 5 anos, é aí que temos de atacar.

E nos alojamentos ilegais.

E em plataforrmas como AirBnb e Uber que descartam as suas responsabilidades e pagamentos de impostos em pleno e nos países onde estão.

E... em muitas outras coisas mais! Porque, sim, o problema do turismo em Portugal é a gestão, mas também é a ganância.