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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Como o Instagram está a mudar a forma como viajamos

12.01.19

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Não é exagero meu, nem muito menos quero estar aqui armada em velho do Restelo, até porque de todas as redes sociais, o Instagram é, de longe, a minha queridinha.

Contudo, para o bem e para o mal, é muito óbvio que o Instagram está a mudar a forma como viajamos. Ora vejam:

 

1. Sessões fotográficas em viagem

Ando aqui pelas Ásias e posso garantir-vos que sessões de fotografias durante a viagem são uma coisa. Aliás, a primeira vez que o vi, foi em Lisboa, com uma família fofinha a fazer uma sessão em plenas férias.

 

2. Tours Instagram

Se há uns que fazem sessões fotográficas, há os que são mais específicos e se dedicam a fazer tours Instagram. Se não sabem o que é, eu passo a explicar: Quem participa nestas tours, é levado aos locais mais fotografados de um dado destino. Durante a viagem, os participantes são instruídos sobre os melhores ângulos e horas (por causa da luz), para tirar fotos que lhes garantirão mais Likes no Instagram. Juro-vos que isto é uma coisa. Fica aqui um exemplo que encontrei no GetYourGuide: Excursão Instagram em Bali: As Mais Incríveis Paisagens

 

3. Visitar lugares desconhecidos

Obviamente que no Instagram há filtros e tudo o que é mau (multidões, cheiros, trânsito, caos, etc.) não vem na fotografia. Ainda assim, o Instagram tirou vários lugares do anonimato. Contudo, será que as pessoas que lá vivem apreciam essa popularidade?

 

4. Explorar locais novos mesmo aqui ao lado

Este ponto está associado ao anterior e eu, por exemplo, faço sempre isso. Quando chego a um novo local, vou cuscar o Instagram alheio e é frequente perguntar onde é ou ir pesquisar quando um local me desperta atenção. À custa disso, já descobri lugares catitas e é sobretudo útil com restaurantes, por exemplo.

 

5. Expectativa vs realidade

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O Instagram é um mundo de filtros e de realidade maquilhada, como referi. Logo, a realidade não é bem assim. O céu do Taj na Índia não é azul clarinho e as filas para subir e descer num comboio em Cinque Terre, implicam muito inspira e expira.

 

6. A preocupação com o visual

Como vos disse, ando há meses pela Ásia e se vocês acham que nós somos agarrados a um telemóvel, têm de vir aqui. É de loucos! E se há anos, se via a gente a viajar relaxada, ao melhor estilo backpacker, com a mesma camisola dias seguidos; agora, o jogo mudou. E nisto, elas ganham: lindas, de vestidos esvoaçantes e super maquilhadas.  Hoje em dia, dá para ver pelo look quem é a influencer de Instagram.

 

7. Esperar (muito) para tirar uma fotografia

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Recordo-me que estava em Ayutthaya, a poucas horas de Bangkok, num complexo de templos e que tem uma fotografia muito conhecida: a de uma cabeça de um Buda, que depois de cair/ser saqueado, acabou presa e integrada num conjunto de raízes de uma árvore. A dado momento, dei por mim a pensar: "será que já passei por ela e não a vi?" Metros à frente, havia um aglomerado louco de turistas, o que me deu a resposta ao que eu precisava, pois seguramente era ali estava ela. E estava. E o horror que foi para conseguir uma foto?

 

8. Gente que tira 2732 fotos

Tirar fotografias fica ainda mais difícil quando há aquelas pessoas que tiram 10 e 20 e 30 fotografias. E, note-se, até terem a foto que gostem, não saem do local. Ali ficam, pedindo mais e mais ao parceiro/parceira até conseguirem a foto perfeita.

 

9. Gente que viaja só para a fotografia

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Tenho visto muita gente que parece que na verdade só está ali para dizer que sim, que esteve. Talvez haja uma verdade quando se diz que as redes sociais criaram uma geração mais narcisista e com uma necessidade louca de ter tudo agora e já, de forma imediata. As pessoas parecem mais preocupadas em postar fotos, do que a realmente conhecer o local e a interagirem com os que ps rodeiam. O que, em boa verdade, é a melhor parte da coisa.

 

10. Morrer pela fotografia

Embora não haja estatísticas ou se há eu não encontrei; já li diversos casos de pessoas que morreram para tirar uma foto e até para recriar uma determinada imagem de Instagram. Juro que não é brincadeira. Como a história de uma norte-americana, que morreu no Grand Canyon, pois enquanto postava uma foto, caminhou fora do trilho.

Se eu pudesse voltar atrás, eu….

07.08.17

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Admiro as pessoas que dizem que “se voltassem atrás, não mudavam nadinha. Nem uma virgula!”. Eu, assim de repente, no sábado tinha era ficado em casa, em vez de ter passado o dia à chuva ou pelo menos tinha calçado umas sapatilhas, em vez de umas sabrinas!

Fora isso, há muitas vezes que mais devia era ter ficado calada; outras em que poderia ter dito algo mais ou pelo menos acertado quando falei.

Entendo o conceito: no geral, a vida vai boa, corre bem e somos felizes, mas se vamos ao particular, nem a vida é sempre boa, nem todos os minutos correm bem, nem somos sempre felizes. Temos momentos. Por isso, parece-me também natural, ter arrependimentos.

 

Este fim-de-semana dei por mim a pensar e a reforçar a ideia de que se tivesse hoje 18 anos teria feito muita coisa diferente. Por exemplo? Não me tinha logo enfiado na universidade. Tinha parado um aninho para crescer e me fazer à vida: 6 meses trabalhava e poupava e nos outros seis, viajava. Assim, livre e solta e fresca e fofa.

Em Portugal, não há o conceito de Gap Year, um ano de paragem, de autodescoberta e de viagem. O Gap Year ou ano sabático é muito comum nos Estados Unidos, Canadá, na Alemanha ou noutros países do norte da Europa. Aqui os pais não vivem tão deslumbrados com o canudo, nem cheios de vontade em enfiar os filhos na universidade! Valorizam-se outras coisas.

 

Viajar, sobretudo, uma viagem de meses, de mochila às costas e pouca coisa planeada é do melhor que há para se sair da zona de conforto e crescer! Explorar o mundos conhecer outras pessoas, viver diferentes culturas, experimentar comidas novas e/ou aprender idiomas. Este (auto)conhecimento torna-nos mais conscientes, mais solidários, mais abertos, MAIS! E, muito importante, é meio caminho andado para darmos valor ao que temos: à família, aos amigos, à vida cómoda, às oportunidades e até ao país.

Se pudesse voltar atrás, eu mudaria isto: aos 18 tinha parado. Tinha convencido a minha mãezinha (sobretudo ela) a deixar-me ir. Ia-lhe explicar como esse ano seria importante na minha decisão e vida futura. Teria passado 6 meses a trabalhar e aprender a dar valor ao dinheiro e à dura realidade que e um trabalho rotineiro e pouco dinâmico.

 

E vocês, mudariam alguma coisa?

Viajantes que deviam ser banidos

07.02.17

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Achavam que era só o Trump a banir pessoas?! Oh amigos, por quem sois! Eu também bano! Aliás, aproveitemos esta moda e vamos banir gente. Não por país, que eu tenho que para mim, que os problemas não estão na nacionalidade! O meu critério seria mais inteligente: a tontice humana! E claro, sobre viajantes, que já deu para ver que eu não sei falar de nada mais, certo?

Bem, cá vai a lista de viajantes que têm de ser banidos. JÁ!

 

Pessoas que tiram fotografias a fazer festas a tigres acorrentados

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E quem diz fazer festinhas a tigres acorrentados; diz montar em elefantes que são açoitados ou bater palminhas a ursos que fazem truques, enquanto lhes batem com um chicote. Amigos: os animais selvagens, não andam na selva à noite e trabalham durante o dia, para sustentar a família. Também não são bichezas que achem particular piada a contacto humano  ou a levar na tromba. Não sou das que acha que os animais não podem trabalhar. No entanto são cada vez mais recorrentes as denúncias de casos de abusos. Informem-se antes de fazer alguma actividade com animais e se vêem algo, denunciem!

 

 

Pessoas que viajam com selfie sticks

Não falo das figurinhas ridículas, que isto cada um sabe de si: mas aquilo é coisa para ferir uma vista! Ou duas! Rachar cabeças! Um perigo! E o difícil que é agora uma pessoa tirar uma fotografia, sem que apareça um pedaço de metal em algum canto?!

 

 

O fotografo profissional em viagem

O fotografo profissional pode ou não ter um pau de selfie, daí merecer uma categoria própria. Convém referir que o que o torna profissional não é a qualidade, mas sim a quantidade de fotografias que esta alminha tinha! Jazus! E não falo só de selfies, falo também de toooodos os quadros do museu, toooodos os tipos de vegetação do jardim, toooodos os ângulos do pôr-do-sol, etc., etc. Ainda ninguém explicou ao viajante fotografo profissional, que o objectivo é ele VIVER a viagem, em vez de a documentar. E se viajar com ele é mau, pois há que parar de 5 em 5 minutos para tirar uma fotografia (“só mais uma!” diz ele excitado), no fim da viagem o terror é maior! Falamos das longas sessões caseiras, onde ele orgulhosamente mostra toooooooooodas as fotografias!

 

 

Pessoas que deitam o lixo no chão

Para que não digam que eu sou intolerante, nem vou incluir pessoas que não reciclam no meu ban - se bem que continuo sem entender a dificuldade de dividir o lixo em categoria! Adiante! Gente que deita lixo no chão, desculpem, mas fogueira com eles! O ar é de todos! O chão é de todos! O mundo é de todos! O património também 

 

 

O queixinhas civilizado

Este é aquele que viaja para ver pobrezinhos e viver situações limite. Aquele que acha que se acha superior e melhor do que todos os outros e que solta frases como “sabe com quem é que está a falar?” ou põe-se a citar índices de desenvolvimento, porque no país dele não é nada daquilo!

No meio de tudo isto, ele não se limita a mostrar superioridade. Não, não!! Ele reclama de TUDO! Do autocarro que chegou 5 minutos atrasado; da chuva; do guia que não fala bem inglês e até do arroz que não é igual ao da mãe dele! Porque, já se sabe, no seu país é tudo melhor. Sempre admirei estas pessoas que têm uma capacidade única para sair do país e criticar tudo: ele é o tempo, o trânsito, as pessoas, ... São pessoas que saem de casa, mudam de país e que em dois segundos se dão conta que o paraíso ficou la atrás! Boa, boa é a rotina e ir trabalhar todos os dias, que afinal de contas só vamos de férias porque somos obrigados!

 

 

Os gourmet birrinhas

Fora de casa, nada é mais comparado, escrutinado, mencionado e criticado do que a comida! Porque lá no “meu país” é que “o bacalhau é bom”, lá é que “sabem fazer pão” e, obviamente, é lá “que o café é barato”! Raios partam que esta gente que só como arroz, só usa picante e nem sabe o que é um pão com manteiga! Não sabem o que é bom!

 

 

O isto é tudo meu!

É aquele filho da mãe que acha que está em casa! Tem zero respeito pelo espaço alheio! Falo daquele tipo que viaja de perna aberta, enquanto os outros viajam encolhidos; aquele que põe a mala no lugar livre ao lado; quando há gente de pé; o mesmo que faz 78 poses até conseguir a fotografia perfeita, mesmo quando há 78 almas à espera que ele termine. Tipo isto. Só à chapada!

 

 

O pacote turístico

 

Se lhe perguntarmos, se ele vai ao sítio X, ele nem sabe! Isto, porque se não está no programa da agência, ele nunca ouviu falar. Ele ainda não entendeu que a piada da coisa é misturar, explorar, descobrir. Ele segue à risca o roteiro da agência de viagens, como uma aprendiz de culinária segue as dicas do Goucha! Assim sendo, morre de medo de se perder, desenvolvendo um instinto de sobrevivência, que consiste em nunca perder de vista o chapéu de chuva do guia. Ele evita conversas com estranhos, afinal, os locais não são gente séria. E quando chega aquela hora livre, ele aproveita para ir até ao café do hotel e beber uma águinha, mas engarrafada, claro está! Fora com eles - sim eles, porque andam sempre aos montes! Bane-se um, banem-se todos!

 

 

O ofendido

O ofendido pode ser Tuga: "como assim não sabe que Portugal dividiu o mundo em dois com a Espanha, é um país e não uma província espanhola e onde se fala português, a língua de Camões e Pessoa?". Pode ser Espanhol, "Sou do Bairro de los Vadillos, em Valladolid! Na comunidade autónoma de Castela e Leão? Perto de Madrid? Em Espanha!" como pode ser outro ofendidinho qualquer. Gente que se escandaliza, porque "como é que é possível que este não saiba não sei o quê, sobre não sei das quantos, que aconteceu em mil e troca o passo, ao lusco fusco?!" Logo ele, o ofendido, perito em geografia chinesa, na história da Argentina e na cultura dos povos aborígenes!

 

Digam-me, esqueci-me de alguém?