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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

É seguro viajar para aí?

03.02.19

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Uma das perguntas mais comuns na hora de viajar é o "É seguro viajar para aí?".  "É seguro ir para Bruxelas?" ou "Londres não é perigosa?" ou "Marrocos não é perigoso para as louras", etc.

Obviamente que a segurança é uma coisa importante e que morrer, ainda mais nas férias, é desagradável e não está nos planos de ninguém. De todos os modos, isso não é algo que se possa prever. Nem mesmo os 382984 artigos que encontram online com os "destinos mais seguros para viajar" vos podem garantir que nada vai acontecer.

Sempre que ouço esse tipo de questão, quase dou por mim a revirar os olhos e a pensar no caso de Portugal. Como se em Lisboa nãou houvesse assaltos, nem assédio no Porto e por aí fora! Portugal também tem os seus problemas e no resto do mundo, o cenário é mais ou menos o mesmo: gente a tentar viver da melhor forma que pode, em paz. 

Obviamente que este meu comentário não se refere a países em guerra. Contudo, na hora de viajar, os cuidados a ter não devem ser muito diferentes daqueles que se tem "em casa": evitar andar sozinho durante a noite, afastar-se das ruas principais, etc.

Quanto ao terrorismo, a menos que alguém tenha contacto priviligiados com uma rede, como saber se vai ou não acontecer? Quando ou a que horas? Mais: quem nos garante que não ocorre em casa?

 

Infelizmente, a vida também é isto: a imprevisibilidade. E se isso é bom quando falamos de coisas boas e felizes, na hora de ter de lidar com a dor, a violência e a morte, nem muito. Contudo, se isso não nos impede de sair de casa para ir trabalhar, também não nos deveria impedir de viajar e viver a vida.

Como o Instagram está a mudar a forma como viajamos

12.01.19

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Não é exagero meu, nem muito menos quero estar aqui armada em velho do Restelo, até porque de todas as redes sociais, o Instagram é, de longe, a minha queridinha.

Contudo, para o bem e para o mal, é muito óbvio que o Instagram está a mudar a forma como viajamos. Ora vejam:

 

1. Sessões fotográficas em viagem

Ando aqui pelas Ásias e posso garantir-vos que sessões de fotografias durante a viagem são uma coisa. Aliás, a primeira vez que o vi, foi em Lisboa, com uma família fofinha a fazer uma sessão em plenas férias.

 

2. Tours Instagram

Se há uns que fazem sessões fotográficas, há os que são mais específicos e se dedicam a fazer tours Instagram. Se não sabem o que é, eu passo a explicar: Quem participa nestas tours, é levado aos locais mais fotografados de um dado destino. Durante a viagem, os participantes são instruídos sobre os melhores ângulos e horas (por causa da luz), para tirar fotos que lhes garantirão mais Likes no Instagram. Juro-vos que isto é uma coisa. Fica aqui um exemplo que encontrei no GetYourGuide: Excursão Instagram em Bali: As Mais Incríveis Paisagens

 

3. Visitar lugares desconhecidos

Obviamente que no Instagram há filtros e tudo o que é mau (multidões, cheiros, trânsito, caos, etc.) não vem na fotografia. Ainda assim, o Instagram tirou vários lugares do anonimato. Contudo, será que as pessoas que lá vivem apreciam essa popularidade?

 

4. Explorar locais novos mesmo aqui ao lado

Este ponto está associado ao anterior e eu, por exemplo, faço sempre isso. Quando chego a um novo local, vou cuscar o Instagram alheio e é frequente perguntar onde é ou ir pesquisar quando um local me desperta atenção. À custa disso, já descobri lugares catitas e é sobretudo útil com restaurantes, por exemplo.

 

5. Expectativa vs realidade

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O Instagram é um mundo de filtros e de realidade maquilhada, como referi. Logo, a realidade não é bem assim. O céu do Taj na Índia não é azul clarinho e as filas para subir e descer num comboio em Cinque Terre, implicam muito inspira e expira.

 

6. A preocupação com o visual

Como vos disse, ando há meses pela Ásia e se vocês acham que nós somos agarrados a um telemóvel, têm de vir aqui. É de loucos! E se há anos, se via a gente a viajar relaxada, ao melhor estilo backpacker, com a mesma camisola dias seguidos; agora, o jogo mudou. E nisto, elas ganham: lindas, de vestidos esvoaçantes e super maquilhadas.  Hoje em dia, dá para ver pelo look quem é a influencer de Instagram.

 

7. Esperar (muito) para tirar uma fotografia

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Recordo-me que estava em Ayutthaya, a poucas horas de Bangkok, num complexo de templos e que tem uma fotografia muito conhecida: a de uma cabeça de um Buda, que depois de cair/ser saqueado, acabou presa e integrada num conjunto de raízes de uma árvore. A dado momento, dei por mim a pensar: "será que já passei por ela e não a vi?" Metros à frente, havia um aglomerado louco de turistas, o que me deu a resposta ao que eu precisava, pois seguramente era ali estava ela. E estava. E o horror que foi para conseguir uma foto?

 

8. Gente que tira 2732 fotos

Tirar fotografias fica ainda mais difícil quando há aquelas pessoas que tiram 10 e 20 e 30 fotografias. E, note-se, até terem a foto que gostem, não saem do local. Ali ficam, pedindo mais e mais ao parceiro/parceira até conseguirem a foto perfeita.

 

9. Gente que viaja só para a fotografia

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Tenho visto muita gente que parece que na verdade só está ali para dizer que sim, que esteve. Talvez haja uma verdade quando se diz que as redes sociais criaram uma geração mais narcisista e com uma necessidade louca de ter tudo agora e já, de forma imediata. As pessoas parecem mais preocupadas em postar fotos, do que a realmente conhecer o local e a interagirem com os que ps rodeiam. O que, em boa verdade, é a melhor parte da coisa.

 

10. Morrer pela fotografia

Embora não haja estatísticas ou se há eu não encontrei; já li diversos casos de pessoas que morreram para tirar uma foto e até para recriar uma determinada imagem de Instagram. Juro que não é brincadeira. Como a história de uma norte-americana, que morreu no Grand Canyon, pois enquanto postava uma foto, caminhou fora do trilho.

Tailândia: 8 anos depois

27.12.18

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Oito anos depois, voltei à Tailândia e, sim, muita coisa mudou!

O norte agora é turístico:

O turismo sempre foi uma grande fonte de rendimento para a Tailândia e o país sempre foi muito procurado, afinal é barato e com praias de sonho. Contudo, há oito anos, o norte não atraía tanta gente como agora.

Também muito por causa dos nómadas digitais, Chiang Mai está a rebentar de gente. A cidade está bem mais cara e cheia de cadeias de fast food. Uma pena.

 

Há um rei novo

Ser rei na Tailândia é uma coisa séria - tanta que buda vos livre se falam mal da família real. E, sim, isto foi em 2016, mas vê-se que o novo rei cheira  a novo e há fotografias dele em todos os cantos, que gritam necessidade de afirmação. Quem já esteve na Tailândia, sabe que sempre houve fotos da família real, mas agora a coisa supera.

 

Turismo mais consciente

Recordo-me de há oito anos ir fazer mergulho em Ko Tao e de ficar com o coração em lágrimas. Os barcos paravam mesmo em cima dos corais e uma pessoa, sem saber, saltava e tocava neles - tal significa a morte dos corais. Não havia muito cuidado, nem informação, nem interesse em preservar. Desta vez, deu para notar a diferença e as várias empresas parecem mais informadas e muito mais cuidadosas. Assim, sim!

 

Menos exploração animal

Seja para fazer festinhas em tigres acorrentados ou passear em elefantes que são açoitados, o que nunca faltou na Tailândia foi turista parvinho e a pagar com esse tipo de actividade. Hoje em dia parece haver mais informação e com isso, menos gente que vai atrás desse tipo de actividade.

Digo "parece", porque pareceu-me ver menos propaganda nesse sentido, porque turistas parvos e sem noção, continuam a existir. Por exemplo, foi só chegar  a Ayutthaya para ver que os passeios de elefante continuam populares. É que nem mesmo vendo o guia com uma foice na mão, com a qual vai batendo no bicho, as pessoas conseguem entender que não, andar de elefante não é uma boa ideia.

 

Os pobres estão menos pobres

A instabilidade política tem feito parte da Tailândia nos últimos anos. Um sem fim de governos militares e golpes - talvez por isso, o rei sempre tenha sido uma figura tão importante, pois permaneceu a única figura constante na vida tailandesa.

Adiante, a maioria dos tailandeses diz que a economia está mal (que é bem possível), que tudo está mais caro (que está) e que há menos trabalho (plausível); contudo parece-me também que há menos gente a pedir ou a dormir na rua.

 

A comida

Lembro-me que há oito anos, tudo me sabia bem. A comida tailandesa era incrível e tudo uma descoberta. Desta vez, pareceu-me tudo preparado para o palato dos turistas e bem, mas bem aborrecido. E isso, isso é triste.

 

 

Top 10 das Atrações Turísticas mais populares em 2018

13.12.18

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Querem saber quais foram as 10 Atrações Turísticas mais populares em 2018 - isto segundo o TripAdvisor? Cá vão elas!

 

1. Coliseu de Roma em Roma (Itália)

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Não é à toa que é uma das Maravilhas. Eu vi-o a primeira vez com 18 anos e fiquei comovida, onze anos depois vltei lá e continuei achá-lo mega espectacular.

 

2. Vaticano em Roma (Itália)

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Mesmo ali ao lado, vá mais ou menos, está o Vaticano. O Vaticano é lindo, uma exuberância e os seus muitos museus incríveis. Mais do que aquilo que mostram, o que eu adorava MESMO era poder meter o bedelho nos arquivos do Vaticano e descobrir todos os segredos dos tempos idos - Francisco, amigo, se me estás a ler, convida-me!

  • Dica: Embora fique um pouco mais caro, aconselho uma tour ao Vaticano. Há imensas histórias e detalhes interessantes que nos passam ao lado quando vamos por nossa conta.

 

3. Estátua da Liberdade em Nova York, EUA

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Esta nunca vi, só em filmes. Contudo, está na lista.

 

4. Museu do Louvre, Paris (França)

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É só e apenas um dos museus mais visitados da Europa. Napoleão sabia bem escolher os seus palácios, é certo.

  • Dica: Existem horários gratuitos que vos permitem ver o Louvre sem pagar, contudo são ao fim do dia e acaba-se por não se ver tudo. Uma boa opção são uns packs de viagem, que incluem uma ida ao Louvre, assim como à Torre Eiffel e até cruzeiros no Sena e que fazem uns descontos simpáticos, por se comprar tudo junto.

 

5. Torre Eiffel, Paris (França)

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A primeira vez que subi á torre, fazia tanto vento, tanto vento, que literalmente voava lá em cima. Ainda assim a vista continuava capaz de esmagar qualquer um, aquele Paris cinzento, ficou-me para sempre no coração.

  • Dica: Sabiam que podem jantar na Torre Eiffel. Eu nunca fiz, aliás nem sabia que era uma possibilidade! Quem sabe um dia...

 

6. Sagrada Família, Barcelona (Espanha)

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É incrível pensar que a Sagrada Família anos e anos depois, ainda está em construção? Já agora sabiam que só este ano, a Sagrada Família obteve a sua licença de construção? Ou seja, foram mais de cem anos com a obra licenciar!

 

7. Ponte Golden Gate, São Francisco (EUA)

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Tendo em conta que eu já vi umas 7236 vezes a Ponte 25 de Abril conta quase como ver a Golde Gate... ou não?

 

8. Stonehenge (Inglaterra)

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Outra que está na lista - vamos lá ver se o Brexit não me/nos lixa!

 

9. Palácio de Versalhes (França)

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O rei perdeu a cabeça, mas Versalhes não perde o encanto. 

 

10. Grande Canal de Veneza em Veneza (Itália)

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Eu entendo o drama e o horror que são os paus de selfies, o mau-cheiro dos canais e aquele centro cheio de gente, mas Veneza será sempre Veneza e, sem dúvida, uma das cidades mais lindas do mundo. Acreditem em mim que só este ano fui lá umas cinco vezes - sim, sou uma exibida.

Pessoas Instagram: Essa nova espécie

04.12.18

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Estou na Tailândia, rodeada de pad thai e paisagens bonitas. Hoje estive na água e apreciar as pessoas - eu sou pessoa que gosta muito de ver pessoas. Esta manhã, de uma outra ilha, chegou um grupo que veio visitar a minha ilha (bandidos!). Ou seja, eram pessoas que sabiam que iam estar num sítio bonito, durante um curto espaço de tempo, antes de ter de subir para o barco e ir ver coisas bonitas noutro lado.

Foi neste contexto, que me pus a observar, dando atenção às Pessoas Instagram, chamemos-lhe assim. As Pessoas Instagram são fáceis de identificar. Primeiro, porque andam com telemóvel e câmara fotográfica atrás - e sempre conectadas. Além disso, as Pessoas Instagram mesmo que estejam na praia, no meio da areia e a viajar de barco, andam sempre bem maquilhadas e penteadas. Sempre chiques. Se são mulheres, trazem sempre uns brincos e umas pulseiras. Havendo uma clara preferência por vestidos mais ou menos longos e esvoaçantes. Já os homens, talvez um relógio. No caso dos homens, o destaque vai para o cabelo - mesmo que seja um penteado despenteado - e, claro, óculos de sol.

Outra característica das Pessoas Instagram é que elas têm olho. "Olho" para descobrir onde se tiram as melhores fotos, que é como quem diz os locais mais Instagramáveis. E o que fazem elas? Elas ficam, elas monopolizam. Que se lixem os outros.

Há ainda que ter em conta, que a maioria das Pessoas Instagram não opera sozinha. Elas têm um ajudante que lhes tira fotos - por norma, a pessoa com quem estão numa relação. Apesar da pessoa estar ali para elas e com elas, a fotografá-las, ora de joelho no chão, ora deitado na areia de máquina levanta; as Pessoas Instagram são implacáveis. Elas pedem para ver as fotos e só e apenas quando há uma fotografia, entre as 2234 tiradas, em que elas estão catitas é que elas esboçam um esgar de satisfação. Se nenhuma foto ficou bem pois, temos pena: nova sessão fotográfica.

E é vê-las, às Pessoas Instagram, a fazer peito, a encolher a barriga, a olhar para o infinito, mão na anca, dobrar o joelho e outras poses que todos já vimos e sabemos de cor. No caso da praia, há ainda espaço para outras poses, como o clássico rebolar na areia ou de barriga para baixo a dar às perninhas. Um clássico, quase ao nível da foto "eu estou a olhar para ali, nem sabia que me estavam a fotografar".

Adoro pessoas!

 

Se gostam de Pessoas Instagram tanto quanto eu, vão amar esta conta de Isntagram.

Viajantes portugueses: Uma caricatura

26.11.18

 

Assim que ultrapassa a fronteira, o viajante português dá-se conta desse grande país que é Portugal. Um país incrível. Espectacular. Fantástico. Um país sem defeitos. Todos os países deviam ser como Portugal e os países que não são como Portugal, são maus. Mesquinhos! São países inferiores e, em alguns casos, são até atrevidos!

Como se atrevem a não ter café bom?

Como se atrevem a ter café tão caro?

Como se atrevem a queimar o café?

E quem diz o café, diz o bacalhau e a sopa. 

Já para não falar daquela gente que nem sabe onde está Portugal no mapa e que ousa viver - eu diria, respirar! - sem saber quem foi Vasco da Gama ou que um dia, Portugal dividiu o mundo em dois, com a Espanha, tendo Portugal ficado com a melhor parte! Ele há gente! É muita ignorância! Muito desinteresse! Muito não querer saber! Ainda mais quando nós portugueses conseguimos encontrar a Eslovénia no mapa, de olhos fechados.

Há até quem desconheça Eusébio ou Cristiano Ronaldo, esses grandes heróis da pátria! Gente que nunca ouviu falar de Saramago! O que indigna muito! Aliás, portugueses que nunca leram Saramago facilmente se indignam com este facto.

Além disso, os portugueses em viagem gostam de comparar! A Torre Eifel tem até o seu encanto, mas há que admitir que não supera a Ponte de D. Luís, com o Douro como paisagem. E sim, o Coliseu de Roma é impressionante, mas todos sabemos que em Portugal há muitos aquedutos e coisas romanas muito lindas, sim senhora! Além disso, Londres é incrível, mas nada bate a luz de Lisboa.

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de facto é muito bom. Um cantinho de paz. Tudo o resto é assim mais ou menos. Olha coitados, é o que têm!

Guia para viajar na Índia

21.08.18

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Da Índia ou se gosta e se quer voltar ou não. Não acho possível haver meios termos, indecisos ou encolher de ombros. A Índia, mais do que um país, é um continente! De uma região para a outra, tudo muda: muda o idioma, o clima, as tradições, a forma de vestir e até a religião!

Quem vai viajar na Índia, tem de se preparar mentalmente para a pobreza, os maus cheiros, a sujidade, o caos, o barulho infernal ou o trânsito sem fim. Quem vai viajar na Índia, tem de se preparar mentalmente para  o colorido das ruas, uma das melhores comidas do mundo, a simpatia das pessoas e para um país de imensa beleza. É a terra do Bollywood, dos saris coloridos, do Hinduísmo e eu quero muito voltar, sobretudo para explorar o Rajistão.

 

Índia: Quando ir?

O clima na Índia varia muito entre as vária regiões. De um modo geral, os meses de Novembro e Abril são os melhores para viajar, pois corresponde ao inverno Indiano - e, sim, o Inverno é bom, pois o Verão na Índia corresponde àquele calor chato e húmido! No entanto,em Goa ou Kerala, há sempre calor e como o clima aqui é seco, as monções (chuvas) não são comuns. O período de monções na Índia vai de Junho a Setembro. 

 

 

Índia: Como viajar? Como são os transportes na Índia?

 

Acho que qualquer pessoa pode passar horas (a serio, horas!!) a olhar para uma estrada, pois é impossível cansar-se! Pessoas e mais pessoas, que se misturam com carros, tuk-tuk, motas, riquexós, bicicletas, cavalos, autocarros, táxis, burros, cavalos, carroças… e vacas - sim, aquela história das vacas serem sagradas na Índia e de andarem por todo o lado, corresponde à verdade! Os cães são muito maltratados e enquanto para nós, o cavalo é visto como um animal nobre, aqui é mero bicho de carga. E, sejamos honestos, uma família que usa um cavalo, em vez de um carro, por exemplo, tem prioridades económicas! Ou seja, alimentar os filhos será bem mais importante, que cuidar (bem) dos animais.Voltemos aos transportes. 

 

Na cidade

Nas cidades, o mais comum é usar tuk-tuk. Um conselho: negociar SEMPRE o preço antes de subir. Algo que ajuda muito, é criar empatia com o condutor e abrir o jogo. Passo a explicar. A Índia é uma teia comercial, como um polvo, onde todos são familiares e as negociatas são o prato do dia. Um condutor que leve uma pessoa a uma loja ganha comissão; se a pessoa compra, ganha um pouco mais… moral da história: usem isso a vosso favor. Imensas vezes, eu  barata dizia: “Ok, eu vou, entro na loja, MAS não compro nada” e com isso ganhava uma viagem mais barata! 

Em viagem, devemo-nos sempre lembrar de que uns euros a mais ou a menos fazem toda a diferença, quer para os local, mas também para quem viaja. No entanto, isso não significa que devemos aceitar todos os preços, sem regatear! Na Índia é comum um estrangeiro pagar mais do que a um local, mesmo em museus!

 

Voos domésticos na Índia:

Para viajar na Índia, existem várias companhias com voos domésticos e a bons preços. Sobretudo, para quem viaja com pouco tempo esta é uma boa opção - eu fiz uns quantos e nunca tive problemas. Importante: façam-se acompanhar pelo cartão (de crédito ou débito) com que compraram o voo. Como há muitas burlas com cartões por vezes, há que apresentá-lo no momento do check in.

 

O comboio na Índia:

Numa palavra: espectacular! Impecável! Pontual, com uma rede extensa e bem barato. Os Indianos viajam muito dentro do próprio país, sobretudo para visitar a família e durante as várias celebrações. Por norma, quanto maior a viagem, mais barato é o bilhete.

Existem três classes e por norma, a 1ª Classe está sempre cheia e tem de reservar com bastante antecedência - não me perguntem como é, porque nunca entrei. A 3ª Classe, segundo me disseram, é tipo "tudo ao molho e fé em Deus". Eu só viajei na 2ª Classe, não porque fizesse questão, mas porque na hora de comprar os bilhetes, era onde me metiam e eu não piava  Na 2ª Classe há lugares marcados, mas os bancos são corridos, tipo sofá, sem divisórias. Na hora de dormir, viram beliche. Como as viagens são longas, é normal os Indianos levarem comida - faça o mesmo. Leve comida sem vergonhas, porque os Indianos superam até aqueles Portugueses que fazem picnics à beira da estrada, com garrafões de vinho e comida para uma semana!

Para comprar os bilhetes, deve dirigir-se à estação e, por norma, há uma fila só para comprar bilhetes em inglês. Leve consigo umas fotocopias do passaporte, pois o processo é bem burocrático! Tente também comprar todos os bilhetes de uma só vez - o que implica planear a viagem MUITO bem e com antecedência. 

 

Na Índia, muitas famílias dormem na estação, enquanto esperam o próximo comboio. Aliás,as estações são um mundo: de gente, de cor, cheiros, mas também de pedintes e, é um facto, de ladrões. Olho aberto! 

 

 

A Índia é cara?

 

Não, não é! Apesar de ser uma das mais sólidas economias mundiais, existem graves problemas de desigualdades e falar de pobres na Índia, não é o mesmo que falar de pobres em Portugal. Apesar de ser ilegal, o sistema de castas continua a prevalecer e continua a haver uma forte preferência pelo sexo masculino. 

 

 

Índia: Onde dormir?

Há muitas, muitas opções de hospedagem na Índia. E encontrar sítios baratos é bem fácil e pode fazê-lo tranquilamente através de sites como o Booking ou o Hostel World. Por norma, há saída do comboio há um mundo de gente a querer impingir 2387 mil sítios onde ficar. Como as cidades são grandes, aconselho a ter um hostel/hotel/o em mente ou, pelo menos, definir previamente a zona onde quer ficar, tendo em conta o seu orçamento - há quartos por menos de 5 euros e há hotéis de sonho, sim, bem mais caros! Peça sempre para ver o quarto antes de pagar. Regateie sempre e ver três ou quatro quartos mais, é também algo que deve fazer. Cada um de nós tem coisas que considera o “mínimo e o essencial”: uma janela, água quente, lençóis limpos,… Em momentos de desespero, porque os há, lembre-se, encontrar alojamento na índia faz também parte da aventura!

 

 

A comida na índia é boa?

Ai amigos, se é! O meu homem diz que tenho estômago de aço e talvez tenha razão. Passei a vida a comer em restaurantes em plena rua e em sítios de higiene bastante suspeitisa; e sempre impecável! Basicamente, o meu critério é: há locais a comer? Há mais do que três pessoas? Então, vamos! Se eles sobrevivem, nós também. A comida é, obviamente picante, peçam sempre sem picante nenhum, que assim só pica um bocadinho ;)  Quanto à água, bebia sempre engarrafada. Em alguns sítios, até para lavar os dentes usava a água da garrafa, porque a da torneira sabia tão mal, que nem a pasta de dentes tirava a sensação.  Aqui ficam mais algumas dicas para comer na India, que vão gostar!

 

 

O que ver na Índia? O que visitar na Índia? Onde ir na Índia? O que fazer na Índia? Locais inperdiveis na Índia? O melhor da Índia?

Há tantos locais, palácios, museus, natureza, monumentos,… que ver tudo há primeira, é complicado. Estes foram os locais que eu visitei, durante quase um mês que estive a viajar na Índia.

 

 

Varanasi: Varanasi é tipo a Fátima lá do sítio. Por causa do rio Gangues, Ganges ou Ganga, milhares de pessoas visitam a cidade todos os anos. Ou seja, se há muita gente, há caos, sujidade, pedintes - sobretudo velhinhas viúvas, etc. Morrer em aqui é um privilegio e não se espante se no seu hotel/hostel em Varanasi, existirem famílias que aqui vivem, literalmente à espera que o familiar morra. Todos os dias há cerimonias junto ao rio e atravessar o rio de barco, só mesmo se fizer bom tempo, fora isso, é um pouco suicídio - a corrente é forte e o rio denso. Ainda assim, se fizer bom tempo, um passeio de barco pelo Ganges para ver o sol nascer tem de ser qualquer coisinha muito boa! Fiquei com pena de não o fazer, mas tinha havido tempestade, nem os indianos se aventuravam.

Pareparem-se também, porque verdade seja dita, o Ganges é muito, muito sujinho - os Indianos insistem em dizer que não, que o Ganges está só "doente"! Nos arredores há uns jardins budistas bonitos, a cidade tem muito por onde explorar, com macaquinhos por todo o lado e, digo eu, quem sobrevive a Varanasi na Índia, aguenta tudo. 

Eu fiquei numa pensão incrível e a melhor comida indiana que comi na vida, comia-a aqui - quase sempre regressava ao hostel, só para puder comer aqui.

 

 

Agra: a cidade do Taj Mahal: Primeira coisa, TÊM e DEVEM visitar o Taj Mahal! É dos monumentos mais bonitos, mais perfeitos e harmoniosos que eu já vi! Conheci alguns viajantes que “passavam” o Taj, porque diziam “era muito turístico”! Sim, é, obviamente que é! No entanto, ainda hoje quando penso no que elas perderam, quase me dá pena dessas pessoas! Entenderam: ver oTaj Mahal é essencial.

Fora isso, Agra tem um forte, onde não entrei, porque pediam muito dinheiro e, sinceramente, não tinha vontade de pagar um dinheirão por um forte, onde a água cheirava a ovo podre de tão suja que estava! Sinceramente, vão ao Taj e vão-se embora.

 

Jaipur: O forte é verdadeiramente incrível, mas acho que foi das cidades na Índia que me deu menos prazer. Achei as pessoas muito metidas e até mais agressivas - houve um grupo de estudantes adolescentes, que num momento estava a tirar fotos connosco e no seguinte, a atirar-nos coisas! Valeu-nos, quando já estamos a desesperar, um condutor de tuk tuk , que se apresentou como “Beautiful” e que nos levou a imensos sítios, como os palácios aquáticos das redondezas, fábricas de prata e de encharpes - ele sabia que nunca íamos comprar nada e obviamente que no final levou uma boa gorjeta, mas passamos um dia feliz com ele. Ele até nos deixou conduzir o tuk tuk e ainda nos apresentou à família. Como dizia, abram o jogo com as pessoas e deixem-se ir! 

 

 

Udaipur: Foi das minhas cidades favoritas. Conhecida como a cidade do Adelino, é fácil acreditar que ele poderia ter vivido aqui! Udaipur está cheia de palácios, rodeada de água e, como é mais pequena (para as dimensões indianas), é mais tranquila! Sentia-me muito confortável e as pessoas convidavam-nos para tudo: cerimonias nos templos (às quais fomos); casamentos (onde também fomos) ou simplesmente a beber chá e a falar da aura. Muito bom.

 

 

Goa: Em Vasco da Gama vimos pouco, porque nos metemos logo em uma, duas e três mini-vans, ao bom estilo “tudo ao molho e fé em deus”, para chegar a umas praias no norte de Goa, em Arambol. Lindíssimo, uma paz, praias desertas… e aquele pôr-do-sol! Depois, fomos a Pangim, que dizem ser a cidade mais portuguesa da Índia… o que é bem capaz de ser verdade, pois até feijoada havia e, no fim da avenida, lá estava a igreja! Em Goa, os mais velhos ainda falam português e possuem até nacionalidade Portuguesa. Mesmo os habitantes continuam a identificarem-se como Goeses e não como indianos. Aqui, por favor, comam bebinca, um bolo de camadas…. delicioso!

 

 

Kerala: Esta região no sul da índia é sobretudo conhecida pelos campos de chá… e apesar da pobreza, vale a pena alugar um carro e explorar, pois é algo verdadeiramente deslumbrante! E, claro, pela imensa costa e aldeias de pescadores. Gostei muito.

 

 

Delhi: O primeiro erro que fizemos, foi ir pelo nome e ficar em Old Deli, "ah e tal é antigo", pois, antigo é a cair de podre. Depois, achávamos que já tínhamos visto tudo, mas Deli, a capital é outro mundo: mais veloz e mais caótico... e mais extremo! Além disso, apanhamos o Diwali, que é tipo o Natal hindu. Agora imaginem-se a caminhar nas ruas, como quem anda na véspera de Natal no Colombo... entenderam o esquema?

 

 

E ser mulher e viajar na Índia, como é?

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Não sejamos hipócritas, a Índia é um país, onde as meninas são preteridas à nascença, os feminicídios são comuns, assim como casos de violações, onde os culpados, muitas vezes, nem chegam a tribunal. Resumindo: ser mulher na índia é uma merda. Recomenda-se roupinha um pouco mais composta e tapadinha, não porque seja lei; mas porque te sentirás, caso sejas mulher, mais confortável. Há olhares, umas mãos que roçam e até comentários. Eu senti-me segura, mas por exemplo à noite, não me aventurava por ruas sem luz. 

E muitas vezes o machismo funciona de outra forma, já que muitos homens tomam por principio que somos parvinhas, a precisarem de salvação. Nestes casos, tirem partido disso, seja para arranjar uma boleia ou para que alguém vos compre os bilhetes, passando à frente dos restantes. Quando a coisa não cheira bem ou simplesmente estão desconfortáveis, virem as costas e vão-se embora, afinal não têm que dar justificações a ninguém. 

 

 

É fácil viajar sozinho na Índia?

 

Sinceramente, acho que sim - eu não o fiz, mas conheci viajantes solitários e estavam contentes. Quando precisavam, colavam-se a alguém e a coisa funcionava. Os Indianos são também muito afectuosos com os estrangeiros, gostam de meter conversa e acho que na Índia, estar sozinho é uma missão impossível. E viajar sozinho tem muitas coisas boas!

 

 

Então, achas que as pessoas na Índia são simpáticas?

 

Sinceramente, acho. Além disso, são extremamente curiosas e sempre ansiosas por meter conversa e perguntam, sem pudores, quanto é o nosso salário. Gostam de comparar e de saber mais. Nós fomos convidadas a um casamento, fizemos amigos no comboio, conhecemos gente que nos abordava espontaneamente e nos recomendava ir ao sitio A e B ou a aproveitar o horário gratuito do monumento Y. Sem queixas.

 

 

Ou seja, na Índia não há coisas más?

Claro que há! E muitas! Como disse antes, vêem-se coisas que não deveriam existir neste mundo. Quando fui para a índia há três anos, houve um caso de violação de uma jovem num autocarro, que se tornou mega mediático - super recomendo este documentário. Todos os dias os meus amigos me falavam disso,, enviavam noticias horríveis de acontecimentos similares. Quando cheguei, admito, estava muito ansiosa. Cheguei a Deli e calor, calor. Apanhei voo para Varanasi no mesmo dia e foi um choque tremendo. Podem-nos contar mil coisas, ler mil textos, ver mil filmes…. na hora da verdade, quando vemos com os nossos olhos crianças ou idosos a mendigar e mal alimentadas; cheiramos a latrina nas ruas ou caminhamos na sujidade, tudo mudo em nós! Não digo que nos tornam melhores pessoas, atenção. Tornamo-nos mais conscientes do mundo. É por isso que digo que se ama ou se odeia a Índia. O país, obriga-nos a um extremo e intenso exame de auto-consciência, em que diariamente vamos confrontando a nossa vida e escolhas. Mas no meio disto tudo, há mil cores, sorrisos, cheiros e uma amabilidade incrível. VAI!