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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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A demissão de Jacinda Ardern e nós mulheres

19.01.23

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Passamos a vida a escrutar coisas como "dos fracos não reza a história" ou que "desistir é para os fracos". No caso das mulheres, querem-nos fazer acreditar que podemos tudo e ter tudo - ser bonitas, excelentes mães, presidentes e tudo e tudo. Basta querer. E não ceder. E ir à luta.

Jacinda Ardern foi, durante quase 6 anos, Primeira-Ministra da Nova Zelândia. Além da mais jovem PM do país, usava batom e ainda respondia à letra a comentários sexistas, não tendo problemas em falar do machismo na política, criticar o patriarcado ou apontar o dedo a comentários menos... correctos, digamos assim.

Agora demitiu, alegando a filha pequena, a relação e a saúde mental. Tudo justo e tudo válido. Que tudo lhe corra bem, que ela não me/nos deve nada e tem direito às suas escolhas e a traçar o seu caminho.

Contudo, se isto é assim para ela, o que nos resta a nós comuns mulheres?

E, sim, isto é comum e questionável, porque quando - QUANDO - é que vimos um homem a largar um cargo para se dedicar à família e ao casamento?

Além disso, ela é PM da Nova Zelândia, um país que em muitos sentidos supera Portugal, os Emirados ou o Afeganistão no que toca à igualdade e direitos da mulher.

Digam-me lá que o feminismo não faz falta!

O Brasil, Dilma, o impeachment, Deus e a beatice

18.04.16

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A beatice dá-me comichões.
Sempre deu. Pessoas que andam sempre com "jesus", "Alá" ou "Jeová" na boca cansam-me! Se Buda ou Deus existem, devem estar tão, mas tão, mas tão cansados de ter as costas largas. De servirem de argumento para tudo!

Aqui estamos nós, Abril de 2016, uma moção de impeachment contra Presidente do Brasil, Dilma. A senhora ainda não foi associada a nenhum dos casos de corrupção, o nome dela não está em tribunal, nem ligado de forma directa; mas parece que foi ela que deixou tudo isto acontecer - antes o Brasil era o paraíso, corrupção é algo novo. Tudo culpa dela, a malandra!


Pessoalmente, Dilma poderia ter feito melhor, Lula também, assim como tantos outros. Entendo que o Brasil não é um país fácil. Até porque é um país tão grande, que controlá-lo não é fácil. Os dois, a meu ver, perderam muito com aquela história do "agora vais ser ministro, para não ires preso", mas adiante.

 

Doi, sim, a mim dói-me um bocado, ainda mais porque todo este processo está a ser levado por uma oposição de beatos, evangélicos, CORRUPTOS, que são bem mais assustadores do que Dilma e Lula.
Uma dos principais cabeças desta campanha, Eduardo Cunha é até suspeito de ter contas na Suíça, é. E claro: importante membro da bancada evangélica, um homofóbico do pior e com zero escrúpulos. É esta a opção, Brasil?
Ontem, dia da votação do impeachment da Presidente, entre bandeiras, lágrimas e gritos, ouvia-se isto:

"Pela minha esposa, Paula" (beijinhos para ela também)
"Pelo meu neto, Gabriel" (melhor que um carro telecomandado)
"Por Deus" (ele agradece)
"Pelos evangélicos" (essa gente boa e tolerante)
"Pela defesa do petróleo" (obviamente)
"Para que os meus filhos não aprendam sexo na escola" (oi?)
"Pelos vendedores de seguros do Brasil" (essa classe tão mal tratada!)

Ninguém falou em corrupção, na importância de mudar o estado do sistema judicial ou criminal do país. Posto isso, obviamente que não houve votas pela educação, nem pela saúde ou a pensar nas minorias. Menos ainda, a explicar o porquê de Dilma ser o grande problema brasileiro - dizer que "ela é um problema", não é, a meu ver, uma justificação. Dizer "fora Dilma", muito menos.

Menos mal que houve confetis.