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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Mulheres que escolhem não ter filhos

08.05.19

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Um dos posts mais lidos neste blog (e comentados) foi o Alguém por aí já se arrependeu de ter filhos?, sobre mulheres que se fosse hoje, teriam optado por não ter parido. Mães com filhos saudáveis e com boas vidas, mas a quem a maternidade não preencheu, nem se revelou a maravilha que muitos falam.

Ora, vi hoje no Facebook do Público um post sobre este tema, onde a pergunta era: "Sou menos mulher por não querer ter filhos?"

mulheres-filhos.png

E pessoas amigas, deixem-me que vos diga: que maravilha de comentários! Que delícia! É certo que o Facebook parece atrair a parvoíce e replicá-la, mas há comentário verdadeiramente brilhantes sobre o tema. Deixo-vos alguns:

 

"Sim. O papel de uma mulher está na sua própria biologia, basta olhar."

 

"tenho 3 e adoro!!! quem não tem não tem ideia do "sabor " de os ter !!!! enche-me a alma!!! completa-me como ser humano!! etc etc etc etc etc etc"

 

"E depois envelhece sozinha , depressiva, num apartamento cheio de gatos mas com um copo de vinho claro. Conversa de merda"

 

Infelizmente para muitos, a ideia de que ser mulher se define pela maternidade continua forte. Ainda mais com todos a acharem que devem e podem opinar sobre este tipo de escolha. Uma mulher que não tenha filhos, continua a ser exactamente isso: uma mulher.

 

 

10 Coisas que um homem pode fazer pelas Mulheres

08.03.19

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1. Questionar-se

Desconstruir ideias é o primeiro passo para entender que vivemos num  mundo machista. Aceitar que ocupa uma vida de privilégio. Claro que o indivíduo, pode ter uma vida de caca e ser infeliz, contudo isso não faz do seu genero desafortunado ou sofrido. Logo, desconstruir é o primeiro passo.

 

2. Falar com elas

Para isso, o primeiro passo é falar com elas. Logo aí, vão descobrir histórias de mulheres que são questionadas se vão ou não ter filhos numa entrevista de trabalho; assim como de amigas que já fingiram estar ao telemóvel ou atravessaram a rua, porque havia um grupo de homens. Vão também aprender histórias de irmãs que limpavam a casa, enquanto os irmãos jogavam futebol. Ou de colegas, cujos maridos não pagam a pensão de alimentos.

 

3. Ir mais longe

Se ser mulher é fofa, ao nosso lado é bem pior no Gana, na Árábia Saudita ou na Índia. Há mulheres mutiladas, outras que casam aos 11 anos e outras que jamais irão na escola. A razão? Ser mulher.

 

4. Parar de se desculpar e evitar a defensiva

Obviamente que há homens decentes. Nós mulheres sabemos disso. Logo, não faz falta nem que defende atitudes, nem que se desculpe por todos os homens. Comece por si.

 

5. Rever o discurso

Todos os dias reproduzimos discursos machistas e micromachistas, por vezes até sem nos darmos conta - "isso é para meninas", "homem não chora", etc. Obviamente que são apenas palavras, contudo as palavras têm força. Ser consciente disso e ir, pouco a pouco mudando o discurso é meio caminho andando para mudar também acções.

 

6. Entender que o feminismo não é moda e "fez coisas"

Que coisas? Possibilitou às mulheres vestir calças, ir votar e até trabalhar. Graças ao feminismo, não preciso da autorização de um homem para viajar!

 

7. Entender que o feminismo é também bom para ele

Quando se fala de feminismo, fala-se de igualdade. Ninguém, isto é nenhuma mulher, está a pedir mais do que um homem. Só quer o mesmo: oportunidades e também salários, direitos, etc. Os homens também ganham com o feminismo. Por exemplo:

  • Numa sociedade feminista, após um divórcio não é óbvio que é a mãe que tem de ficar com os filhos
  • Numa sociedade feminista, ser homem e ser vítima de abuso ou violência não é piada, nem motivo para gozo

 

8. Falar com outros homens

É importante que haja gajos que quando um grupo de amigos começa a assobiar a uma moça, saiba ser o homem que para com aquilo. Ou o amigo que questiona o outro quando deixa de ir buscar o filho para ir à bola.

 

9. Educar os filhos

E aqui não basta dizer, há que fazer. Não se trata de "ajudar em casa", mas sim: de COOPERAR. Uma criança que vê a mãe a cozinhar e o pai a limpar a louça, consegue perfeitamente assimilar o sentido de igualdade e de partilha. Acções valem mais do que mil actos.

 

10. Usar o seu privilégio em favor delas

E isto significa coisas tão simples como um "dar a palavra a" a actos maiores. Contudo, vamos começar pelos pequeninos, ok?

 

E mulheres: estes dez conselhos aplicam-se também a nós. 

O que se pergunta de uma gaja depois dos 30

09.09.18

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  • Se ela não tem namorado:

- E para quando um namorado?

 

  • Se ela tem namorado:

- Quando é que te casas?

- Já vivem juntos?

 

  • Depois do casamento:

- E filhos?

 

  • Depois do primeiro filho:

- Para quando o segundo?

 

Pessoas! Deslarguem-nos! Variem nas perguntas! Falem-nos do trabalho, das nossas ambições profissionais e de aumentos salariais. Perguntem-nos sobre as férias e sobre a próxima viagem. Ou sobre o orçamento de estado. A nossa cor favorita! Como vêem há taaaaantos temas!

Ser homem e ser mulher em 2017

17.12.17

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(e vamos lá ver se em 2018, a coisa melhora!)

 

  • Uma mulher dorme com muitos homens é uma ordinarona; já o homem é um engatatão!
  • Uma mulher que chora é fraca e, logo, algo natural; já o homem é sensível!
  • Um chefe que dá ordens é um chefe; uma mulher é cabra!
  • Uma mãe que cuida do filho, dá-lhe de comer e muda as fraldas é: mãe (e sempre criticada); um homem é um “pai incrível”!
  • Um homem que bate numa mulher é inadmissível; quando o contrário acontece, o homem nem é levado a sério e ainda é alvo de chacota!
  • Após um divórcio, “mãe é mãe” já o pai é pai de 15 em 15 dias!
  • Mulheres de 50 anos são vistas como “fora do prazo”, já os homens são charmosos!
  • Um homem que vai a um bar sozinho, está apenas a descontrair; uma mulher “está a pedi-las”!
  • Uma mulher que se diz feminista é uma mulher zangada e raivosa, um homem é aplaudido!

Irão: arrependimentos

25.10.16

Graças aos senhores fofinhos da Sapo, recentemente tive de ir vasculhar alguns textos antigos para escolher um para o Destaque. Acabei por escolher o meu post sobre a minha viagem ao Irão e aproveitei para relê-lo, porque, amigos, eu sou a rainha dos typos e gralhas.

 

A viagem ao Irão foi muito importante para mim. Deu-me uma perspectiva sobre a vida das mulheres, que até aí eu nunca tinha sentido antes. E digo sentir, porque (de facto) foi a primeira vez que o senti na pele. Anos antes, fiz Erasmus na Turquia. Aí, nas grandes cidades, ver mulheres de lenço e unhas de gel e mini-saia era o prato do dia. Havia muitas na universidade e conheci umas quantos directoras e presidentes. Quando perguntava sobre “e na política onde estão elas?”, a resposta era simples: muitas mulheres optam por ser mães a tempo inteiro. Justo e no seu direito. Na altura, talvez por ser demasiado cachopa, não fazia mais perguntas. Aliás, gostava desta ideia de uma Turquia moderna e aberta. Obviamente que as coisas, e a vida, não são tão simples assim. Eu sei disso agora. Da mesma forma que o sei, que em Portugal também nem tudo é o que parece, nem na Alemanha, onde vivo agora!

 

Mesmo na altura, quando fui ao Irão, quando coloquei o lenço para tapar cabelos e pescoço, dizia para mim mesma que “aqui é assim, que há que respeitar a cultura”. O lenço caiu-me 734 mil vezes, eu andava destapada durante largos minutos e o mundo não acabou. Em oposição, eu fiquei danada de ver as mulheres a terem que usar aquela porra, só porque sim e só porque lhes mandam e só para puderem sair à rua, trabalhar, ir passear os putos e ir às compras. Caso contrário, ninguém lhes daria trabalho ou tinham a Polícia Religiosa, que não é meiga, à perna.

Ainda mais, porque no Irão é comum o uso do chador, uma espécie de tenda presa à cabeça, que cai tipo a capa do Super Homem. Só um gajo, poderia achar que aquilo podia ser roupa de mulher, porque em termos práticos, aquilo vale zero.

 

O Irão foi o primeiro país, onde me senti verdadeira secundária por ser mulher. Vamos ser honestos, todos e todas nós sabemos que há discriminação: mulheres recebem menos, ocupam menos cargos de poder, etc., etc. e tal. Mas quando algo nos acontece na pele (tipo não conseguir o trabalho X ou a promoção Y) por mais que possamos saber que há uma discriminação de género, não temos ninguém a confirmar-nos que sim, sim senhora, que é por termos uma vagina que não conseguimos algo. Isso, no Irão acontecia. Havia gente que só falava com o meu homem e não comigo ou que na hora, se recusava a apertar-me a mão, entre muitas coisas mais.

 

Apesar de já ter estado na Índia, onde os casos de femicídio são o pão nosso de cada dia, além da pobreza extrema do país ou ter vivido na Letónia, onde o abuso de mulheres está no topo da Europa (quando eu lá vivia, dizia-se que havia mais prostitutas em Riga do que em Paris), o Irão marcou-me e permitiu-me uma consciência mais aguda. Porquê? Porque lá está, o vivi na pele.

 

Quando regressei do Irão, “comi” (ainda) mais informação do que nunca sobre o país e foi assim que descobri o grupo de Facebook My Stealthy FreedomO grupo não tem qualquer afiliação política ou religiosa. Limita-se a contar histórias sobre as mulheres do Irão, desencadeando algumas reacções e acções por parte das mesmas, com o apoio de alguns homens também. “Ai, disseram que não podemos anda de bicicleta? ‘Bora lá partilhar fotos, enviadas pelas seguidoras, de mulheres iranianas a andar de bicicleta. Recentemente, mulheres partilhavam fotos sem o lenço, que eram usados pelos homens (irmãos, maridos, …) e a campanha teve inclusive destaque nos media internacionais, com o Aiatolá a falar dessas iniciativas de “subversivas e fruto das influencias sem vergonha do ocidente”!

Recentemente, a campeã do mundo de xadrez recusou-se a participar no campeonato mundial, que este ano se realiza em Teerão. A razão? Porque ela, Norte-americana, não queria cobrir-se e quem não usa lenço, não pode entrar no país.

 

Ai e tal, ela “devia respeitar a cultura!”

… tal como eu fiz quando estive no país!

Se há coisa da qual eu agora me arrependo, foi de não ter sido mais corajosa no Irão. De não ter andado mais destapada, de ter prescindido de alguma da minha roupa de todos os dias, de não ter optado por usar os lenços mais coloridos, que acabaram no fundo da mochila. Fui para o Irão com essa cegueira e ignorância, do “respeitar a cultura”, quando o chador, o lenço, o hijab, os códigos de conduta do vestuário, não foram nunca parte da cultura iraniana - basta ver fotos do Irão nos anos 80 (mais abaixo)! Sei que sem o lenço não poderia ter viajado por lá, mas hoje sinto-me um pouco envergonhada por ter usado algo que não faz parte de mim, só para ter ido lá. Obviamente, que se eu não fosse ao Irão, nada iria mudar! Afinal quem sou eu? Que protagonista tenho? Todavia, sempre que repenso nesta viagem, penso porque razão, eu que desde sempre fui apelida de coisas como “reguila” ou “respondona”, me calei tantas vezes neste país? Evitei confrontos, engoli em seco e encolhi os ombros. Raios, queria poder voltar, só para refazer tudo de novo!

 

 

 

 

 

Mais fotos AQUI.

1 em cada 3 brasileiros culpa mulher em casos de violação

21.09.16

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Não sou eu que o diga, é sim o Datafolha*, depois de uma pesquisa nacional feita a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

 

Trocando por miúdos, isto significa que um terço da população do Brasil acredita que a vítima, aquela que é violada, abusada, agredida, humilhada, etc., é que tem a culpa. Ou como se diz em bom tuguês, “estava a pedi-las”. E porquê?


Porque devia estar em casa, porque levou uma saia muito curta, porque facilitou ao falar com estranhos, porque bebeu uns copos, porque estava a cair de bêbada, porque anda em más companhias, porque...

PAROU

Nada justifica tal acto. O homem ou mulher que o pratique é o verdadeiro CRIMINOSO. Não a vítima. Até quando vão perceber isto?! Obviamente que isto é um estudo e que vale o que vale, mas enquanto haja uma alma limitada que pense assim, estamos todos e todas bem f*... lixados.

 

Podíamos até dizer que nas escolas acontecem violações ou que na maioria dos casos, estes acontecem dentro de casa e são praticados por conhecidos - amigos da família, tios e, sim, pelos próprios PAIS! Não há nada que justifique a violência. A humilhação. A violação. Até quando vão ser as vítimas as culpadas? Xiça!

 

 

O Datafolha entrevistou na primeira semana de agosto, 3 625 pessoas de 217 cidades do Brasil

Amor em tempos modernos

15.09.16

Hora de almoço e um grupo de mulheres a falar de gajos - “olha-me esta, ganda coisa” pensam vocês e clicam na cruzinha do topo superior direito! De facto, não é nada de especial, digo eu a quem continua por aqui - obrigadinha, já agora!

Mas a verdade, é que eu dei por mim a ficar de boca aberta, enquanto ouvia conversas sobre Tinder, Facebook e afins e relacionamentos e gajos. Eu como sou uma mulher com relacionamento, estou (claramente) desactualizada, mas parece que agora já não se sacam homens nos bares, agora o “online” é que está a dar.

 

Sendo, assim, a grande questão é: “como saber que o gajo é decente?”. Sim, porque hoje em dia, uma gaja já se dá por satisfeita com um tipo que tenha trabalho, seja limpinho e corte as unhas. O mundo é uma selva, os bons parecem estar todos ocupados ou são gays (queixa recorrente) e parece que os requisitos são mínimos.

A conversa dividia-se entre o “nem pensar, os gajos no Tinder e afins só querem quecas” versus “uma amiga (de uma amiga de uma amiga) conheceu o namorado no Facebook e já estão de casamento marcado”. Pode ser de mim, a cantar de galo, porque tenho moço; mas assumo-me céptica. Essa coisa de achar o gajo ideal no Facebook e encontrar o amor no Tinder soa-me quase tão utópico como a paz no mundo ou depois de uma borracheira e umas pinadelas, encontrar o amor da vida. São coisas que não quadram, não casam, não fazem pandam... ou vai-se a ver e eu sou uma cínica do pior, o que também é bem possível!

 

A verdade é que eu não conheço nenhum caso. Sem ser amigos de amigos, a quem nunca vi a cara, nunca conheci ninguém cujo relacionamento tenhado começado online. Conhecia um rapaz que usava o Facebook para encontrar gajas giras, meter conversa e com quem depois ia beber uns copos e, quando a coisa ia bem, davam umas cambalhotas. Isso parece-me mais realista. Tal como usar o Tinder para sexo - e, sinceramente, nada contra. Usem preservativo e divirtam-se que a vida são dois dias e sexo sem compromisso faz bem à pele.

Por outro lado, entendo que vivemos às pressas, que o mundo é cruel e as grandes cidades podem ser tramadas para se conhecer gente e, logo, fazer amigos e, logo, apaixonar-se - já vos disse que sou cínica? Pois, também sou muito céptica com o amor à primeira vista.

 

E vocês, que me contam? Quero histórias e experiências? Iluminem-me!