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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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"La manada" e o machismo nosso de cada dia

16.11.17

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Em Setembro de 2016, uma jovem de 18 anos foi violada nas festas de San Fermin, em Pamplona. Por um grupo de 5 homens. Foi tudo filmado. Depois, roubaram o telemóvel da vítima e foram-se embora. Os vídeos e imagens da violação foram partilhados mais tarde, num grupo de Whatsapp, constituído pelos 5 homens e cujo nome era La Manada. Já a vítima fez queixa. O caso está agora a ser julgado.

 

Os 5 arguídos dizem ser inocentes, excepto um, que se declara culpado de... roubar o telemóvel da jovem.

A coisa mais incrivelmente absurda foi que o juíz do caso aceitou considerar uma investigação feita por um detective privado, a pedido dos alegados violadores, sobre a vida da vítima após a suposta violação! O obejctivo do advogado de acusação é mostrar que a vítima, após o acontecimento, seguiu com a vida normal. Logo, não há trauma. E se há vida normal e não há trauma, não há crime!

 

Oi?

Como?

O que importa o que fez ou não fez a vítima nos dias seguintes? Ou nos meses seguintes? Mas agora investigamos as vítimas? Ou será que por ela ter ido à escola, ter ido beber café com as amigas ou pintado as unhas de azul (estou a inventar), isso indica algo sobre a inocência dos seus agressores? Quem é que está em julgamento? Ela ou eles? Merda para isto!

Micromachismo de cada dia ou a Porto Editora a pôr a pata na poça

23.08.17

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O mundo inteiro a falar de machismo, sexismo e a lembrar da importância do feminismo e a Porto Editora a não chegar lá - ainda, porque depois disto, chegará!

Eu explico. A Porto Editora lançou daqueles livros com exercidos, para putos dos 4 aos 6 anos. Começou a colocar a patinha na poça, quando fez um versão para meninos e outra para meninas! Deixando bem claro, que o livro dos primeiros seria em azul e com ilustrações como barcos, escorregas, bolas de futebol, dinossauros, barcos e carros e o outro, o das meninas, todo ele rosinha, com cupcakes, estrelas e rebuçados! Aliás, o dos meninos não é para meninos, é para rapazes. Homens. Machos de bacio!

Mas a Porto Editora foi mais longe, porque não muda apenas a capa, mudam os exercícios. E claro, mais fáceis para as meninas, que entre ter que aprender a cozinhar e a passar a ferro, não dispõem de tanto tempo para pensar e encontrar o caminho certo neste labirinto. E, admire-se, o detalhe: os meninos ganham um barco, as meninas uma coroa. Só espero que de rainha, para puderem mandar naquela porra toda!

Ele bate-lhe? Dê-lhe mimo e amor!

03.06.16

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Dona Maria da Glória conta à dona Carla Duarte que é vítima de violência doméstica, há mais de 40 anos. E o que responde a xô-dona Carla?

  • "Ele não tem ninguém. Ele de si quer uma mãe, não quer uma mulher"

  • "seja paciente"

  • dê "amor", dê "mimo"

  • "Você escolheu este homem e independentemente de tudo, por enquanto é com ele que vai ficar"

  • "Quando damos amor, recebemos amor, mesmo que seja em menos quantidade. Quando damos violência, recebemos violência. Se recebe violência, corte este ciclo e não dê violência por muito difícil que isso seja. O problema dele é ele próprio."

Afinal "você conhece-o bem" e como disse a xô-dona Carla "assim não piora"!

E detalhe, onde é que isto aconteceu? Na Sic. E já agora, não que isso importe muito, mas quem é esta conselheira cheia de saber? Mais não é do que a taróloga da Sic. Eu que sou uma pessoa que apesar de bastante abertas às crenças alheias, não posso deixar de sentir comichões com estas consultas em directo e via telefone, que custam horrores de dinheiro a quem ligam e onde se dão conselhos e opiniões como quem brinca com a vida alheia.

 

Senhora dona Maria do Carmo: não dê a esse homem nem mais um dia da sua vida! Deixe-o, contacte a polícia e a APAV. Que ele não lhe encoste nem mais um dedo, nem lhe dirija nem mais uma palavra ofensiva. Ignore os astros e as parvoíces da Carla e siga as suas próprias convicçõe. A senhora merece mais e melhor também. Violência doméstica é CRIME PÚBLICO, lembre-se também que A CULPA NÃO É SUA!!