Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Por que é que Portugal lê tão pouco?

17.06.19

leitura-portugal.png

 

 

Ontem entrei numa livraria gigante em São Paulo e maravilha das maravilhas, cheia! Gente por todo o lado, sentada no chão, em puffs e encostada às estantes de livro aberto! Gente de todas as idades, géneros e tamanhos. Uma maravilha! E o preço dos livros, tão baratos, quando comparando com Portugal!

 

Aliás, quando se compara Portugal com Espanha, Itália ou outros países da Europa, é de pasmar como os livros são caros e a dificuldade que há, em encontrar livros em segunda mão a preço de segunda mão! 

Hoje em dia, uso muito o Kindle para ler e muitas vezes, acabo por comprar livros em inglês ou em espanhol, porque são BEM mais baratos do que a versão portuguesa. Inclusive, livros de autores de língua portuguesa.

Aliás, nunca me vou esquecer quando em Itália, vi livros de Saramago, Pessoa ou Lobo Antunes a preços bem mais em conta do que os das livrarias portuguesas!

 

Tudo isto, a meu ver, é o reflexo de um país que lê pouco. A industria é mínima, são poucas as editoras e logo, a competitividade e lucro ainda mais pequena. Mas afinal, por que razão lêem os portugueses tão pouco? Ninguém diz que precisam de ser um Marcelo a despachar três livros por noite, mas há assim tão pouco tempo? Haverá assim tanto trabalho e filhos para cuidar e trabalho para fazer?

Os portugueses em geral parecem-me sempre tão orgulhosos da sua literatura. É vê-los indignados quando alguém não sabe quem é Camões ou a bradar o Nobel do Saramago, como se fosse um prémio de todos. A questão é: será que já os leram? Aliás, a questão é por que não lêem mais?

Ai Jesus os Maias! E ler outras coisas?

19.07.18

Os-Maias-escola.jpg

 

Ontem, andava tudo indignado! "Ai nossa Senhora k-Os Maias vão deixar de ser de leitura obrigatória no secundário! Ai a língua! Ai o Eça"

Possivelmente, estes são os mesmos que só leram o resumo da coisa quando andavam na escola! Mas vamos por partes! Comecemos por um, pessoas, já o deixou de ser - há muito! Isto, porque agora os professores podiam optar pel' Os Maias ou pel' A Ilustre Casa de Ramires. Assim que respirem! O Eça não está a dar voltas na tumba!

Além disso, a ideia é que professores e alunos escolham as obras que vão estudar. Muito válido, na minha opinião. Ou seja, Eça continua lá, forte, mas os professores e alunos poderão optar por outra obra. E o mesmo com as obras a estudar de Almeida Garrett, de Camilo Castelo Branco e outros senhores.

Assim que RESPIREM!

 

E já agora, porquê só ler autores portugueses?

Nas escolas francesas, italianas ou ingleses é comum estudar-se os grandes escritores e obras, não olhando à nacionalidade, mas sim ao génio, impacto da obra, etc. Isto é algo que deveria acontecer também em Portugal, na minha opinião. Abre os olhos, as vistas e alarga horizontes.

Em Portugal, sem ser um Jorge Amado, não se estudam autores estrangeiros e acho que só teríamos todos a ganhar com um pouco mais de Homero, Shakespeare, Dante, Vitor Hugo, Machado de Assis, Charles Dickens, Tolstoi ou Mia Couto (entre tantos outros) na nossa formação.

Que locura é esta, Elena Ferrante?

13.10.16

 

Já há uns bons meses que tinha a “Amiga Genial” de Elena Ferrante na minha lista de livros para comprar. No entanto, queria lê-lo em português, a pensar nas especificidades da língua, porque o original tem muito em dialecto e na qualidade das portuguesas. Ora, eu vivo na Alemanha, onde escasseiam as livrarias ou opções de livros em português.

Quando nas férias fui a Portugal, ainda me lembrei da coisa, mas não havia. Sinceramente, moeu-me, mas também não achei nada assim tão estranho.

Quando há umas duas semanas, vi o livro numa livraria em Hamburgo (em inglês) e aborrecida que estava com a minha leitura da altura, pensei “que se dane, leio em inglês”. E raios, que bom!

 

O livro está bem escrito, mas sobretudo é envolvente. Queremos mesmo saber mais sobre aquelas pessoas, que em poucos capítulos deixam de ser personagens, para serem pessoas e vidas que queremos acompanhar. Ficamos felizes se estão felizes e tal como os amigos que fazem asneiras, dá-nos vontade de as abanar quando tal acontece. Mas avancemos, até porque de crítica literária tenho pouco. Do primeiro, passei ao segundo e agora estou órfã, enquanto espero o terceiro no correio - dessa vez, comprei o quarto também.

 

O que eu ainda não entendi é que febre é esta? De repente, só ouço falar da Elena Ferrante! Do nada, toda a gente está louca e a falar dos livros! Todos o estão a ler: no trabalho e amigos em outros países, de outros idiomas! Quem vai mais à frente, nem se atreve a contar o que está a acontecer aos outros! Mesmo ao almoço e com colegas de trabalho, fala-se não de livros, mas dos livros de Ferrante! Mandamos mensagens, porque descobrimos que a pessoa X está também a ler e, tal como nós, conhece a Elena e a Lina. Há artigos nos jornais a falar da escritora, que embora interessem pouco ou nada, só alimentam esta coisa do "que raio de loucura é esta"?  

E, sim, os livros são (muito) bons, mas sejamos honestos, não acabaram de ser publicados agora. Por exemplo, o primeiro livro foi escrito há cinco anos. Expliquem-me, que loucura é esta? Uma febre ou andamos todos em sintonia?

Sete Anos no Tibete, de Heinrich Harrer

06.06.16

Cantinho da Leitura

IMG_20160606_000840.jpg 

Uma pessoa pensa em "Sete Anos no Tibete" e a mente vai logo para o Brad Pitt, lindo e glorioso a escalar montanhas e a sentir instintos paternos face ao Dalai Lama, no meio de paisagens lindas, lindas de cortar a respiração - verdade seja dita, o Brad Pitt também ajuda muito a compor o cenário.
Este é daqueles casos raros, em que o filme consegue ganhar uma dimensão superior ao livro, sobretudo pelo seu lado visual. Por mais que eu imagine, os Himalaias, nada se iguala a vê-los de verdade. E, claro, o filme permite-nos isso.
Além disso, o autor do livro, o alemão e antigo SS Heinrich Harrer, não tem quaisquer ambições literárias, nem se perde em descrições românticas ou em hipérboles ou metáforas sem fim. O livro é cru e não é o típico livro de literatura de viagens.

Sete Anos no Tibete" é uma verdadeira narrativa de quem viveu uma vida cheia de aventuras e, verdade seja dita, teve muita sorte por ter não só sobrevivido, mas também por ter conseguido chegar com vida ao Tibete, onde lhe foi possível ficar e integrar-se na sociedade Tibetana - algo que muitos outros viajantes tentaram e não conseguiram. E é isso que torna o livro tão especial: não há mais ninguém que tenha vivido uma experiência assim, além de Heirinch e o seu companheiro de viagem. A história de ambos é única.
O livro é também uma prova viva de que aquela sociedade de facto existiu. Acho que depois de ler o livro, é impossível olhar para o Dalai Lama apenas como um líder espiritual. Ele representa também tudo aquilo que já não é, nem existe e que tantos países evitam reconhecer: um Tibete livre e soberano. Um país com cultura e tradições próprias. Raios, China, estragaste tudo! Ainda recentemente vim um documentário sobre o actual Tibete, que continua a ser destinado de "Cidade Santa" e que passou a ser um parque de atracções chinês, sem qualquer respeito pela forma de vida e de ser/estar dos Tibetanos.

 

 

Já agora, depois de ler o livro fui à procura de informação sobre a vida do escritor, que depois da invasão da China regressou à Europa. Heinrich Harrer faleceu em 2006, já velhinho. Encontrei tabém fotografias com ele e o Dalai Lama, valem a pena!

Aqui con Adolf Hitler e mais abaixo com o Dalai Lama, com quem connfraternizou no final dos seus dias no Tibete.

 

 

Cantinho da Leitura

22.04.16

IMG_20160419_224618.jpg

O Quarto de Jack | Emma Donoghue 


Sinceramente, comprei o livro há anos. Comecei a ler, deixei. O narrador é uma criança, ou seja, o livro é uma visão infantil da história e, achei, o inicio pouco atractivo, com toda a descrição do quarto.
Depois de todo o zumzum à volta do filme e decido à falta de livros, lá peguei eu no livro. A parte pior ficou para trás - toda a descrição infantil e chegamos à história pura e dura. Obviamente, que o olhar continua a ser o de uma criança, mas houve um desenvolvimento da história. A coisa andou.
Gostei mais. Tem partes fofinhas (já vos disse que o narrador é um puto de cinco anos?), o que tendo em conta todo o horror (uma jovem mulher que vive num quarto aprisionada, onde é tratada como escrava sexual e pelo meio tem um filho) é algo novo. Diferente, vá!