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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Guia para viajar na Tailânida

31.08.16

Foi há uns quatro anos que fiz a mochila e lá fui eu viajar pelo Sudeste Asiático. Na altura não tinha blogue e como desde o ano passado que parece que toda a gente quer ir e vai viajar para a Tailândia, resolvi escrever sobre a minha experiência e responder a todos de um vez, num post só.

 

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Tailândia: Quando ir?

Eu fui em Julho e Agosto, o mês das monções, ou seja das chuvas. Por aquelas bandas, não há Primavera, nem Outono, ou seja, ou chove e faz calor, ou faz calor ou faz um calor do caraças, daquele chato e húmido, bem desconfortável. As monções vão de Junho a Outubro e são meses de época baixa, o que significa menos turistas e preços mais baratos. É certo que chove (e bem), mas meus amigos o clima da Tailândia é tropical, ou seja, chove uma hora e meia hora depois já está tudo seco.  A melhor altura é entre os meses de Novembro e Fevereiro, mas as coisas são mais carotas. De Março a Maio é mesmo de evitar: CALOR!

 

 

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É caro?
Não, não é. A Tailândia é um destino barato. Há aqueles resorts fantásticos e de revista a menos de 30 euros por noite - e como tudo na vida: planear e reservar antecipadamente ajuda sempre. Todavia, sobre isso eu sei pouco. Eu sou pessoa que dorme em qualquer canto e mata baratas corajosamente e amiga do barato. Pobre.

Há quatro anos, em Pai paguei por um bungalow só para mim, com WC e uma cama de rede num terraço, 80 cêntimos. Em Bangkok, na rua dos mochileiros, Khaosan Road e sem nada reservado, consegui um quarto com casa de banho por seis euros - isto porque os mais baratos já estavam ocupados. Nos destinos paradisíacos, as ilhas do Golfo da Tailândia ou as famosas Phi Phi as coisas ficam um pouco mais caras, mas mesmo aí há mais opções de hostels e possibilidade de pagar 8 euros por noite, numa camarata com mais dez almas, por exemplo.

 

 

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Come-se bem?

Muito!. Eu comia quase sempre em restaurantes de rua, com mesas montadas no passeio, toalhas de plástico, uma cozinha ambulante montada no passeio e voilà: um delicioso Pad Thai, uma sopa quentinha, umas panquecas incríveis, uma carne beeem picante... por um euro (ou menos ou mais, o prato!). A comida de rua, não varia muito dos restaurantes, pelo que vi.

O meu critério? Cheira bem? Sim. Tem gente? Tem. Há Tailandeses a comer aqui? Há! Boooooora, se eles sobrevivem, eu também. Sem dramas, sem horrores ou indisposições e sempre feliz. Sobretudo com os sumos de fruta e a fruta vendida na rua - era incrível como a manga ou a papaia tinham outro sabor! Delícia.

 

 

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Viajar na Tailândia é difícil?

Nadinha. Há 87 mil agências, com os quais vale a pena negociar e viajar. O meu conselho é: definir uma rota, mas ser flexível, pois há sempre durante a viagem quem aconselhe o sítio A ou B ou há a vontade de passar mais dois dias de papo para o ar na praia ou a explorar a Natureza. Depois, procurem umas três agências LOACIS, informem-se e inclusive, tentem regatear um pouco. O turismo na Tailândia é.... massivo, digamos. E um dos pontos positivos é que viajar com uma agência LOCAL, sai mais em conta, além de que é mas prático.

 

 

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O que ver na Tailândia? O que fazer na Tailândia? O que visitar na Tailândia? Onde ir na Tailândia? Quantos dias?

Caaaalma. O primeiro é: do que gostas tu? As praias são lindas e a água é mesmo daquele azul. Todavia, a Tailândia é mais do que isso: há imensos templos (Budistas) para ver e onde se pode falar com os monges, aprofundar a religião, etc. No norte, a paisagem muda radicalmente. Um Brasileiro ou um Peruano, por exemplo, olham e encolhem os braços; mas um europeu, na minha opinião, não fica indiferente. Aquelas selvas tropicais, árvores enormes, folhas maiores do que eu...

Pessoalmemte, achei o Norte da Tailândia beeeem especial - e é bem mais barato do que o Sul e com menos gente! Eu visitei Chiang Mai, Chiang Rai e Pai e destas três, Chiang Mai foi a minha favorita. Todavia, foi em Pai, nos arredores, que pude explorar e dormir a selva, fazer rafting, nadar nos rios... incrível!

Se gostas de mergulho, aconselho tirar a licença de mergulhador em Ko Samui. Primeiro, porque sai mais barato na Tailândia do que em Portugal e depois porque há imensas escolas que se gerem pelos valores do turismo sustentável e nas quais se pode confiar. E, claro, o local: LINDO!!

 

 

 

Turismo e bichos

Falando em fazer bem as coisas: pelos vossos santinhos não montem em elefantes. Não vão ao Zoo fazer festinhas aos tigres, nem tirar selfies com macacos acorrentados. De uma vez por todas, não é suposto animais selvagens serem montados, fazerem truques de magia ou deixarem-se acariciar. Mais, a Tailândia tem um looongo historial de abusos de animais.

O meu local favoritos na Tailândia, foi perto de Chiang Mai e era um santuário de elefantes, que os compra aos donos que os destratam, proporcionando-lhes uma vida melhor. Aqui cada elefante tem a sua história: há-os cegos devido a agressões; coxos porque pisaram minas ou deficientes, devido a partos forçados,... No Elephant Nature Park, os elefantes andam por todo o lado, sem correntes e parecem realmente felizes! Foi aqui que descobri como são domesticados e é de uma violência extrema todo o processo, com o bicho ainda bebé a ser constantemente agredido. Sim, a tour de elefantes na Tailândia, foi possivelmente a actividade mais cara que fiz na Tailândia (e para os padrões tailândeses), cerca de 60 euros por um dia, mas valeu cada euro e é bom saber que estamos a pagar para um projecto com mérito.

 

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Turismo e crianças

É verdade que é muito difícil resistir a um puto a pedir-nos dinheiro - ainda mais, porque os putos são mesmo fofos e muitos deles até falam melhor inglês do que eu! No entanto, sejamos pragmáticos: lugar de criança é na escola. Sim, o dinheiro faz falta à família, mas quando é assim, apoiem uma ONG ou instituição(LOCAL) de apoio a menores; ofereçam-lhes uma refeição; comprem arroz, leite, fruta,... Caso contrário, será sempre mas proveitoso ter uma criança a trabalhar do que a estudar. Além disso, as crianças mentem (muitas são instruídas a fazê-lo) e nem sempre pela família, mas sim, por redes e pessoas que as exploram, ficando-lhes com o dinheiro.

 

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A Full Moon vale a pena?

Quem começa a planear uma viagem para a Tailândia, rapidamente se descobre a Full Moon Party. E "o que é a Full Moon Pary?" perguntam. Ora, mais não é que uma festa na praia. Uma festa enorme, que reúne os vários viajantes, sobretudo, mochileiros que andam a viajar pelo Sudeste Asiátic. É quase um ponto de encontro. A festa é na ilha de Ko Pha Ngan e celebra-se na noite de... Lua Cheia. É giro e é divertido, mas sinceramente não é nada do outro mundo. Ainda mais, porque uma grande parte dos viajantes que anda a mochilar na Tailândia e que vão a esta festa são gaiatos de 20 anos, alemães, canadianos, australianos, etc. que estão no seu Gap Year. E Ko Pha Ngan tem imensas festas, que se não apanhar a Full Moon, pode certamente ir à pré-Full Moon ou à Half Moon ou à New Moon - entenderam o esquema da coisa?|

 

 

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É seguro? Posso ir sozinho(a)?

Os Tailandeses são amorosos, educados e cordiais. Eu nunca senti medo e, acreditem, que eu até numa rua recta me perco. As pessoas são naturalmente curiosas e metem conversa. Além disso, há imensa gente a viajar sozinho na Tailândia e é muito fácil arranjar companhia para jantar, alguém para partilhar um tuk tuk e até para dividir a despesa do quarto do hostel. E para matar o tempo há livros para ler, passeios de bicicleta e MASSAGENS!!!!!  O pior da Tailândia é o turismo sexual - está por todo o lado, mas é ainda mais triste saber que o mais grave está entre portas, nem à vista está!

 

 

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Os países vizinhos

Além das praias UAU, o clima bom, os preços baratos, as pessoas fofinhas; a Tailândia está geograficamente bem posicionada, com o Cambodja mesmo ao lado (amei, amei) e também Laos - foi dos meus favoritos, possivelmente por ter estado muitos anos fechado a estrangeiros, é menos turístico e mais misterioso. E também mas desafiantes para um viajante. O mesmo acontece com a Birmânia. Aqui nao estive, mas parece que depois de anos de guerra civil e de instabilidade, começa a abrir portas e a receber cada vez mais turistas. E há ainda o Vietname, que não visitei por falta de tempo, mas que está na lista de países a visitar. Mover-se entre estes países é bem fácil, além de voos baratos das companhias low cost, há as viagens baratas das agências que atravessam fronteiras, seja de barco ou autocarro ou ferry ou minivan.

 

 

Tigres retirados a monges Tailandeses

01.06.16

Recentemente falei aqui, sobre os passeios de elefante na Tailândia. Acho que a maioria de turistas e viajantes não está devidamente sensibilizando para as causas dos animais quando viajam. Os pandas são fofos, os elefantes especiais, os tigres lindinhos... mas acho que todos concordamos que não é suposto tirar fotos, pousar, montar ou "fazer festinhas" em nenhum destes animais! São animais selvagens e a domesticação nunca é um processo alegre e feliz. Pelo contrário, implica violência (muita), maus tratos e, na maioria das vezes, os animais estão dopados. Sendo assim por que razão as pessoas continuam a pagar para ser fotografadas ao lado destes animais?

Isto bem a propósito das notícias do Templo do Tigre, na Tailândia. Este templo é gerido por monges budistas em Kanchanaburi, onde vivem centenas de tigres. As autoridades acusam os monges de tráfico, reprodução ilegal dos animais e do uso indevido de drogas para os sedar. Obviamente que os monges dizem que não, não senhor, que não fazem nada disso. Mas ao ver determinadas imagens e vídeos sobre o que lá vai dentro, fica bem claro que a inocência não paira sobre o "convento", a começar pelas correntes, pelos tigres malabaristas e pelo modo como pousam para as fotografias. Pessoas, os tigres não fazem isto. Eles não são mansos, nem são de andar por trelas. São animais ferozes, selvagens, predadores, que em dias de fome... podem-nos comer!

Atenção, eu acredito que na sua inocência muitos monges acreditem que estão a fazer o bem e a cuidar dos animais. Acredito também que tenham uma profunda adoração pelos bichos, mas só isso não basta!

 

No ano passado foi fechado o zoo em Chiang Mai, também na Tailândia, onde os turistas a tirar fotos e a pousar com tigres eram uma prática comum.

Recentemente, li que no Zoo de Jacarta, na Indonésia, um dos maiores da Ásia, há tantos casos de maus tratos animais e problemas de higiene, que recentemente alguns activistas começaram a exigir que fossem feitas autópsias aos bichos depois de mortos. No estômago de uma girafa que morreu prematuramente encontraram 100 (acho!) gramas de plásticos.

E ainda este semana, um gorila foi abatido depois de um puto ter caído e ser agarrado pelo gorila. Também não me esqueço quando na Dinamarca, porque tinha leões a mais, acharam que o melhor era matar um e ainda dissecar o corpo do bicho, como se de um espectáculo se tratasse.

 

Obviamente que em criança fui ao Jardim Zoológico de Lisboa. Recordo-me da excitação e sei que foi um dia feliz. Mas hoje já não consigo encarar os jardins zoológicos com a mesma ligeireza. Sinceramente, já não consigo entrar ou pagar para visitar um zoo. Nem a um circo ou a espectáculos/actividades com animais no cartaz. Haja um pouco de consciência, pessoas! Até porque as imagens falam por si - roubei-as ao Google!

 

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ATUALIZAÇÃO:

Acabei de ler AQUI, que a Polícia encontrou num congelador cerca de 40 bebés tigres. Ainda não sabem porque guardavam as crias. E parece que além dos cadáveres dos bebés tigres, havia também restos de outros animais. Começo a duvidar MUITO da benevolência destes monges!

Pense duas vezes antes de andar de elefante

15.04.16

 


Sempre que um amigo meu vai de viajar para a Tailândia, dou por mim a recomendar o mesmo sítio: o Elephant Nature Park, perto de Chiang Mai.
Este parque é como um santuário de elefantes, que são muitas vezes resgatados (leia-se comprados) aos donos, para que os elefantes possam viver em boas condições.

Quer na Tailândia, quer noutros países, os "passeios de elefante" são bastante comuns. Vários turistas desembolsam um bons euros para passear em cima do bicho.
O problema, sinceramente, não é a "carga humana" - já viram um elefante? Se um cavalo consegue transportar sem problema um ser humano, imaginem um elefante. Somos uma pluma. Além disso, no meio de florestas e selvas é perfeitamente compreensível que se usem elefantes para transportar cargas, bens agrícolas, etc. Sim, o ideal seria que fossem animais selvagens e livres, mas isso também seria o ideal para os cavalos e até mesmo para os gatos. Nenhum animal nasce ou foi concebido para ser "doméstico", isso sempre foi tarefa humana. Avante.
Com os elefantes, a principal questão das organizações que estão no terreno é a forma como são domesticados. As organizações entendem o quão vital é o uso dos elefantes (e outros animais) na economia e sustentabilidade de muitos agricultores e construtores - e, claro, agentes turísticos. A pensar nisso, canalizam esforços para que a dita "domesticação" seja feita de forma correcta e sem violência.

Semanas depois do nascimento, os bebés elefantes são retirados das mães e metidos em jaulas de bambu. Durante semanas e meses, toda a aldeia agride, bate, espanca, chicoteia, etc. o bebé elefante. Tudo isto ainda é mais cruel ainda quando se conhece a natureza de um elefante. Falamos de animais extremamente protectores e sensíveis, que vivem em família e, mais, são animais que choram, o que, do ponto de vista humano, torna tudo ainda mais emocional. Para a mãe do elefantes, isto é também bastante traumático e muitas não lidam bem quando são separadas das crias.
Com este ritual, os praticantes acreditam que estão a tirar os "espíritos maus" do elefante, como se toda aquela violência não fosse sentida pelo elefante bebé, mas sim, pelos seres malignos que nele habitam. Acreditam que retirados os espíritos, o elefante fica dócil. Tornando-se, assim, domesticável.
Na verdade, tornam-se animais nervosos, constantemente agitados e a viver em stress. São animais que nunca estão parados e muitos acabam por morrer antes do previsto. 

 

No Elephant Nature Park há elefantes que foram resgatados de toda a Tailândia. Cada um tem a sua história. Ficam aqui algumas.

Uma das coisas que nos dizem no parque é, "olhos! Cuidado por onde andam, pois há muitos elefantes cegos". Oi? Pois bem, muitos donos para os subjugar, para os fazer andar mais rapidamente, etc. usam umas pequenas foices, bem bicudas, com que lhes vão batendo. A pele de um elefante é bastante dura, daí a foice ser tão afiada. Para o castigo ser mais efectivo, usam a foice para agredir os olhos do elefante muitos acabam cegos.

Também havia elefantes coxos, devido às bombas que (ainda) existem, sobretudo na fronteira com a Birmânia e do Camboja.

Havia uma elefante enorme, que de um lado era como se tivesse um corpo gigantesco a sair. Juro que pensei que seria um tumor ou algo assim, mas a história era pior. A elefante tinha ficado grávida e uma gestação elefante pode ir até aos 22 meses. Na recta final, as pobres mães pouco se mexem, afinal, há um bicho que pode chegar aos 100 quilos dentro delas. O dono tinha pressa que o animal parisse, pois precisava dela para trabalhar e... forçou o parto. Resultado? O bebé morreu e a mãe ficou com aquele "defeito" para sempre, passando também a ser inútil (para ele).

 

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Hora do banho.

 

A fundadora do parque é uma tailandesa chamada Lek Chailert. O pai e toda a família eram caçadores de elefantes e ela optou por dedicar a sua vida a salvá-los. O parque vive de doações e do dinheiro das visitas. Há também voluntários que podem ficar durante dias e semanas (pagando alojamento, obviamente) e alguns eram estudantes de veterinária.  Além dos elefantes, o parque dedica-se também a salvar cães, que na Tailândia não são propriamente visto como os "melhores amigos" do homem e, por norma, são bastante destratados.

Esta foi possivelmente a actividade mais cara que fiz na minha viagem à Tailândia. Se não me engano, paguei cerca de 50 euros por um dia, mas vale totalmente a pena. Fiquei com pena de não ter feito mais dias.O sítio é lindo, verde, cheio de montanhas e com um rio. Os elefantes andam livres, na companhia das suas novas famílias (existem bebés) e é bom quando sabemos que estamos a pagar para um local que trata bem e respeita os animais, sem truques, chicotes ou sem forçar situações. O dinheiro é também usado para resgatar outros animais. Sim, porque os donos, mesmo com os animais cegos ou coxos, só os deixam ir, depois de receber uma boa quantia. 

Se um dia vão à Tailândia, não deixem de ir aqui! Vale MESMO a pena!