Já aqui falei de como andar bicicleta em Berlim me faz feliz, excepto com o senhor meu moço, que me deixa os nervos em franja. Foco! Foco! E voltemos tema Depois de um ano em Berlim e de meses de trabalho de campo, anotações e recolha e análise de dados, aqui ficam os tipos de ciclistas made in Berlim - só para rir um pouquinho, que para tristezas já basta o sacana do inverno! Sim, eu sei que é Outono, mas olhando para a janela, ninguém diria!
O Speedy González
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Ainda o laranja não deu um ar da sua graça e alaaaaa, lá vai ele cheio de pressa e energia. O ciclista Speedy González finta carros, ultrapassa ciclistas, mete-se entre autocarros, salta passeios e quatro minutos depois, lá nos encontramos nós outra vez, junto ao semáforo seguinte - sim, porque ele para no Vermelho, que isto é Berlim, não é o Velho oeste!
O quitado
O quitado é um ciclista preparado. Ou simplesmente, é alemão. O quitado tem capacete, tem luvas,... Mas o mais importante é que o ciclista quitado, em termos de vestimenta, faz ver a muitos profissionais, do Giro a Itália ou do Tour em França! Ele é calção de licra coladinho à pele e a fazer pandan com a camisola, juntamente com a bela da sapatilha desportiva. E, claro,a mochila, sempre gorda e sempre cheia. O ciclista quitado é aquele que chega ao trabalho, toma banho e ainda muda de roupa.
O Berliner 1.0 ou o Bambi
Quando se inicia nesta vida de bicicleta em Berlim, o Berliner 1.0 é tipo um Bambi, mas com a mãe. Ele para em todos os semáforos e olha umas quatro vezes para a direita e outras quatro para a esquerda, antes de atravessar. O Bambi ainda não está confiante, mas dêem-lhe tempo... sim, amigos, os Bambis crescem!
O Berliner 2.0
O Berliner 2.0 é uma versão do Bambi, um mês depois. No fundo, continua igual à versão primária e com a bicileta ranhosa, só que já é mais confiante. Já sabe algumas manhas e já arranca quando o semáforo está cor-de-laranja, em vez de ficar à espera da luz verde. É a evolução, como disse o outro. No entanto, nada temam, pois o dentro dele ainda há um Bambi e cada vez que tem que passar pelo meio de camiões e autocarros ou um carro passa mesmo ao lado, o Berliner 2.0 fica com o coração nas mãos!
Os "isto é tudo nosso"
Uso o plural, porque não existe um ciclista "isto é tudo nosso" pois, esta é uma classe que se movimenta aos pares e pedalam, literalmente, lado a lado. São aquela gente irritante e (digo mais) enervante, que até numa subida, continuam com fôlego para falar da vida. E que dizer quando os casalinhos vão de mão dada? Alguém que vá atrás e queira ultrapassar estas alminhas está bem fooo... lixado! É que eles não dão espaço, não se alinham, nem deixam passar. Mas o que os torna verdadeiramente confiantes é quando nem com os carros a passarem desfazem o duo dinâmico e isto, meus amigos, é obra.
A super mãe/O super pai
Não, não é a cadeirinha de plástico na parte detrás da bicicleta que os denuncia - isso, no fundo, é uma marca materna/paterna de Berlim (cada vez que penso que a sociedade espera a mesma proeza de mim, caso venha a parir nesta terra, até se me dá um chilique!). A super mãe e o super pai têm a dita cadeirinha atrás e ainda andam com um carrinho anexado (não importa se à frente ou atrás), onde levam o resto das crias. A super mãe e o super pai são pessoas que pedalam e bufam, bufam muito. Há que respeitá-los.
Os paizinhos
Toda a gente se emociona coma amabilidade destes pais, cuja paciência é infinita e deviam ser canonizados. Quantos de nós teríamos pachorra para pedalar na estrada a passo de caracol, enquanto o nosso rebento de tenra idade vai no passeio, a aprender as leis pelas quais os ciclistas se regem?! Na minha opinião, estes pais andam é a enganar a sociedade, porque o que eles querem é que o puto seja auto-suficiente e capaz o quanto antes, para terem de deixar de os carregar para todo o lado, espertos!
O passado dos corn... desculpem, o maluqinho
Se é bem verdade que a vida de ciclista em Berlim, está longe de ser perfeita (ainda há muito para melhorar), dá 5 a zero à maioria das cidades europeias. No entanto, shit happens: um carro que se mete onde não deve ou que se chega demasiado à ciclovia, um peão que atravessa fora de tempo, etc. Obviamente, nestes momentos de susto a adrenalina sobe e uma pessoa é capaz de muita coisa. Mas nada supera os exaltados que dão patadas nos carros ou murros ou que gritam às almas que passam. Outra forma de os identificar é através da campainha, é que os maluquinhos andam sempre no blim-blim-blim, nem que estejam a cinco metros do local do crime. São gente que gosta de dar de si!