Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Reformas laborais na Alemanha

06.02.18

fun-facts-about-germany-fun-facts-about-germany-no

 

A IG Metall é um dos mais importantes sindicatos na Alemanha - representa quase 4 milhões de trabalhadores no país! Depois de umas quantas greves, que custou à economia alemã qualquer coisinha como 200 milhões de euros e cinco reuniões, eis as conclusões:

  • um aumento salarial de 3,5% que entra em vigor em Abril
  • aqueles que têm filhos menores deixam de trabalhar 35 horas semanais e passam a fazer 28 horas. E quem diz crianças, diz familiares doentes ou dependentes, inclusive idosos! Esta medida é válida por dois anos!
  • para compensar e pelo primeiro trimestre, recebem 100€
  • em 2019, passarão a receber um pagamento único de 400 euros por ano + um pagamento anual extra, que corresponderá a 27,5% do salário mensal. O interessante é que este valor pode ser convertido e trocado por menos horas de trabalho! Ou seja, os trabalhadores poderão trocar dinheiro por tempo útil.

 

Já este ano, na Alemanha avançou uma nova lei, que visa combater as desigualdades salariais entre homens e mulheres. Segunda a nova lei, as empresas com mais de 500 funcionários são obrigadas a divulgar quanto ganha cada funcionário. Nas empresas com mais de 200 funcionários, um colega pode perguntar quanto ganha um colega, se ambos executarem as mesmas funções.

 

O ano passado foi a Suécia a reduzir o horário laboral das 40 horas para 35 horas semanais, algo que já ocorre em muitas empresas francesas. Será que as empresas estão, por fim, a entender que os empregados não devem viver para trabalhar, nem que o trabalho comanda a vida?

Serão os Alemães melhores a educar crianças?

15.10.17

Captura de ecrã 2017-10-13, às 17.55.06.png

 

De certeza que já aqui comentei isto: se há coisa que os alemães ou os Berliners fazem bem é educar cães e criancinhas. Todos educadinhos, pouco ou nenhum berreiro. Dá gosto.

 

Mas falemos da criançada.

Faça menos frio, frio ou muito frio, andam na rua. Numa versão de bonecos Michelin, mas na rua. Ninguém se preocupa muito se andam bem vestidinhos ou arranjadinhos. As crianças andam cómodas. As roupas bem que podiam ser dos pais e as mochilas dos tempos dos avós - juro, vejo putos a ir para a escola com modelos de mochilas que já no meu tempo seriam consideradas ultrapassadas. São crianças que ainda brincam na rua, descem escorregas sem um adulto a segurá-las e vão para a escola de bicicleta. Se vos disser que até os que andam no infantário vão de bicicleta/triciclo para a escola, asseguro-vos que não estou a mentir. Vão com os pais, mas vão. Dá-me sempre a ideia que às crianças aqui é-lhes dada a liberdade para ser crianças. Um luxo.

 

Quando comento estas coisas em Portugal, pais dizem-me “pois, eu sei que é melhor assim, mas eu não consigo” e eu dou muitas vezes a tentar que simplesmente é falta de paciência. Paciência para ensinar como se faz. Paciência para ver a criança tentar, errar e corrigir. Afinal, chegar e "fazer por" é mais fácil, mais rápido e menos arriscado. 

Muitas vezes esta falta paciência, é apresentada como um medo - “ai que o menino cai, bate a cabeça e morre” ou “ai que o menino mete isso à boca, tem veneno e morre” ou “ai que o menino apanha frio, fica constipado, logo vira pneumonia e morre”!

A minha avó aos 5 anos conseguiu que eu conseguisse parar de roer as unhas, porque me diziam que tinham veneno e eu poderia morrer. Eu aos 5 anos sabia pouca coisa da vida, mas tinha claro que não queria morrer.

A minha avó dizia a minha irmã para não se aproximar dos animais de rua, porque eles mordiam - possivelmente foi bem mais chata com ela do que comigo, para evitar que ela levasse tanto bicho moribundo lá para casa. Resultado? A minha irmã ainda hoje mal toca num bicho - seja coelho, gato ou cão.

 

Quando eu digo estas coisas em Portugal, sobre a educação na Alemanha, outra contra-resposta comum é o “mas eles são muito frios com os putos”! Oi? E isso quer dizer o quê? Quer dizer que não beijam? Quer dizer que não abraçam? Quer dizer que não amam ou exprimem amor? Qual é a relação entre promover a autonomia de uma criança e ter uma relação afectiva em modo Polo Norte?

 

Mea-culpa

Eu não tenho filhos, atirem essas pedras! Sei que há coisas que não são as melhores práticas e que se um dia os tiver, possivelmente farei: pô-lo a ver desenhos animados para me deixar em paz, dar-lhe o telemóvel para a mão para que coma e afins, mas em algumas coisas, espero ser, nem que seja só um bocadinho, mais alemã! Dar asas, espaço e espaço para que caia e se volte a levantar.

 

Pais e mães na Alemanha

06.04.17

mother-forbidssonto-suhk-his-man-cuts-off-his-emef

Cheguei àquela idade fo.... chata, onde invariavelmente a conversa descamba para o "ter filhos", "os filhos dos outros" ou um "quando eu tiver filhos"! Como vivo na Alemanha, a coisa vai mais longe e recai muito no "ter filhos na Alemanha", sendo o tópico mais interessante para os demais, "os Alemães enquanto pais"!

 

Obviamente que são conversas cheias de observações empíricas, até porque conheço pouca gente com filhos nesta terra. No entanto, o que mais me surpreende (e irrita um pouco, tenho que admitir) são perguntas de não-Alemães como "mas eles não são nada carinhosos, pois não?" ou "eles são muito frios, certo?" 

Quanto ao "ELES", referem-se aos Alemães, numa ideia implícita de que são com certeza péssimos pais. Vamos lá ver se entendemos uma coisa, os Alemães são fofinhos com os filhos. Dão abracinhos e beijinhos. Dão-lhes a mão e, uma grande prova de afecto a meu ver, é a paciência descomunal que têm para acompanhar os filhos em passeios de bicicleta. Falamos de putos com pernas com menos de 50 cm e lentos, muito lentos! As crianças parecem bem alimentadas e vão à escola. E, espanto!, aqui também há miúdos que berram, amuam e fazem birras!

 

Ainda assim, continuo a achar que se há algo que os Alemães fazem bem é educar cães e crianças! As principais diferenças que eu encontro, comparando com Portugal ou com Espanha, onde vivi cinco anos é que há uma noção clara de limites. Há reconhecimento e respeito do espaço do outro, da sua privacidade, do seu silêncio, etc. Algo que me parece ser incutido às crianças desde muito cedo. Apesar de já ter visto berros e birras aqui, Portugal e Espanha, ou melhor, as criancinhas de Portugal e Espanha continuam a ganhar aos pontos!

 

Outra coisa que se valoriza muito na Alemanha são as actividades ao ar livre. Mesmo se faz frio, os putos andam na rua. É comum vê.-los tipo bonecos da Michelin a saltar em poças, a mexer na terra, a ir de bicicleta (mesmo que mal caminhem) e, loucura das loucuras, a brincar na rua. Quando crianças do infantário ou da primária saem do espaço escolar para ir algum lado, não há autocarros escolares. Usam os transportes públicos. É comum vê-los no metro ou no autocarro todos felizes.

 

Isso reflecte-se também na forma de vestir. Aqui parece que ninguém liga muito a isso - aliás, em Berlim, até os adultos são relaxados! Nota-se que há muita preocupação com o conforto e às vezes é com cada combinação que "jazus"! O mesmo com coisas como os brinquedos ou mochilas. Não há muita extravagância. Já vi miúdos com mochilas de modelos tão antigos, que parecem herança paterna. Vendo isto assim, parece-me que estão no bom caminho.

Alemães

05.11.16

Ich bin ein Berliner

 

Por norma, descreve os alemães como uns fofinhos, meio autistas, muito metidos no seu mundo. São gente que não apanha ironias, não entendo sarcasmos e segundos-sentidos não é com eles. Eles acreditam que todos param no sinal Vermelhos e que as leias são para seguir. São como umas crianças ingénuas, que parecem que não conseguir ver ou acreditar que há um mundo de caos e gente que desobedece.

Essa é a maravilha de viver num mundo de regras: dá-nos segurança e tranquilidade. Sabemos que o metro vai mesmo chegar em 2 minutos (não em Berlim, que isto é o Faroeste da Alemanha); que o carro deixa-nos passar e que as criancinhas podem ir de bicicleta na rua, porque, afinal de contas, vivemos num mundo civilizado, Os alemães são também um bocadinho assim:

 

sub-buzz-31448-1477138605-1.jpg

 

 

 

 

 

 

 

*Nota: este texto está pegando de estereótipos e é para rir, ok? Os alemães são fixes. Há alemães corruptos e alemães que não chegam a horas aos encontros. O mundo fixe, não fiquem nervosos!

Tipos de ciclistas em Berlim

05.10.16

Já aqui falei de como andar bicicleta em Berlim me faz feliz, excepto com o senhor meu moço, que me deixa os nervos em franja. Foco! Foco! E voltemos tema Depois de um ano em Berlim e de meses de trabalho de campo, anotações e recolha e análise de dados, aqui ficam os tipos de ciclistas made in Berlim - só para rir um pouquinho, que para tristezas já basta o sacana do inverno! Sim, eu sei que é Outono, mas olhando para a janela, ninguém diria!

 

O Speedy González

600_402358992.jpeg

Ainda o laranja não deu um ar da sua graça e alaaaaa, lá vai ele cheio de pressa e energia. O ciclista Speedy González finta carros, ultrapassa ciclistas, mete-se entre autocarros, salta passeios e quatro minutos depois, lá nos encontramos nós outra vez, junto ao semáforo seguinte - sim, porque ele para no Vermelho, que isto é Berlim, não é o Velho oeste!

 

O quitado

O quitado é um ciclista preparado. Ou simplesmente, é alemão. O quitado tem capacete, tem luvas,... Mas o mais importante é que o ciclista quitado, em termos de vestimenta, faz ver a muitos profissionais, do Giro a Itália ou do Tour em França! Ele é calção de licra coladinho à pele e a fazer pandan com a camisola, juntamente com a bela da sapatilha desportiva. E, claro,a mochila, sempre gorda e sempre cheia. O ciclista quitado é aquele que chega ao trabalho, toma banho e ainda muda de roupa.

 

 

O Berliner 1.0 ou o Bambi

Quando se inicia nesta vida de bicicleta em Berlim, o Berliner 1.0 é tipo um Bambi, mas com a mãe. Ele para em todos os semáforos e olha umas quatro vezes para a direita e outras quatro para a esquerda, antes de atravessar. O Bambi ainda não está confiante, mas dêem-lhe tempo... sim, amigos, os Bambis crescem!

 

O Berliner 2.0

O Berliner 2.0 é uma versão do Bambi, um mês depois. No fundo, continua igual à versão primária e com a bicileta ranhosa, só que já é mais confiante. Já sabe algumas manhas e já arranca quando o semáforo está cor-de-laranja, em vez de ficar à espera da luz verde. É a evolução, como disse o outro. No entanto, nada temam, pois o dentro dele ainda há um Bambi e cada vez que tem que passar pelo meio de camiões e autocarros ou um carro passa mesmo ao lado, o Berliner 2.0 fica com o coração nas mãos!

 


Os "isto é tudo nosso"

Uso o plural, porque não existe um ciclista "isto é tudo nosso" pois, esta é uma classe que se movimenta aos pares e pedalam, literalmente, lado a lado. São aquela gente irritante e (digo mais) enervante, que até numa subida, continuam com fôlego para falar da vida. E que dizer quando os casalinhos vão de mão dada? Alguém que vá atrás e queira ultrapassar estas alminhas está bem fooo... lixado! É que eles não dão espaço, não se alinham, nem deixam passar. Mas o que os torna verdadeiramente confiantes é quando nem com os carros a passarem desfazem o duo dinâmico e isto, meus amigos, é obra.

 


A super mãe/O super pai

Não, não é a cadeirinha de plástico na parte detrás da bicicleta que os denuncia - isso, no fundo, é uma marca materna/paterna de Berlim (cada vez que penso que a sociedade espera a mesma proeza de mim, caso venha a parir nesta terra, até se me dá um chilique!). A super mãe e o super pai têm a dita cadeirinha atrás e ainda andam com um carrinho anexado (não importa se à frente ou atrás), onde levam o resto das crias. A super mãe e o super pai são pessoas que pedalam e bufam, bufam muito. Há que respeitá-los.

 

 

Os paizinhos

Toda a gente se emociona coma amabilidade destes pais, cuja paciência é infinita e deviam ser canonizados. Quantos de nós teríamos pachorra para pedalar na estrada a passo de caracol, enquanto o nosso rebento de tenra idade vai no passeio, a aprender as leis pelas quais os ciclistas se regem?! Na minha opinião, estes pais andam é a enganar a sociedade, porque o que eles querem é que o puto seja auto-suficiente e capaz o quanto antes, para terem de deixar de os carregar para todo o lado, espertos!

 

 

O passado dos corn... desculpem, o maluqinho

Se é bem verdade que a vida de ciclista em Berlim, está longe de ser perfeita (ainda há muito para melhorar), dá 5 a zero à maioria das cidades europeias. No entanto, shit happens: um carro que se mete onde não deve ou que se chega demasiado à ciclovia, um peão que atravessa fora de tempo, etc. Obviamente, nestes momentos de susto a adrenalina sobe e uma pessoa é capaz de muita coisa. Mas nada supera os exaltados que dão patadas nos carros ou murros ou que gritam às almas que passam. Outra forma de os identificar é através da campainha, é que os maluquinhos andam sempre no blim-blim-blim, nem que estejam a cinco metros do local do crime. São gente que gosta de dar de si!

 

Fui visitar Hamburgo, mas já voltei

04.10.16

 

world-heritage-site-hamburg-speicherstadt-chilehau

 

As coisas que eu descobri:

- Hamburgo tem um dos maiores portos da Europa e o maior da Alemanha, mas não tem mar. Tudo no rio Elba.

- Hamburgo é considerada a cidade mais verde da Alemanha.

- Hamburgo é uma das cidades mais ricas da Alemanha.

- Hamburgo é uma mistura de Genebra, como toques de Amesterdão, sobretudo nas casinhas junto aos canais - uso o diminutivo, porque são fofas. Acreditem, estão bem longe de ser pequeninas. A parte da Red Light fez-me recordar Londres.

- Todos sabemos que há Portugueses por todo o lado e que em Paris ou em Genebra, por exemplo, são comunidades absolutamente massivas. Diz-se que Paris tem mais Portugueses do que Lisboa, não é? No entanto, em nenhuma destas cidades, eu encontrei uma comunidade portuguesa tão expressiva como em Hamburgo. Há imensos restaurantes portugueses em Hamburgo, assim como cafés, padarias ou pastelarias. E não, não estão em bairros de subúrbio ou em zonas feias. Bem, pelo contrário. O que eu me ri quando na Transmontana, ouvia os alemães a pedir “1 (ein) galau”, ou seja, “um galão”. Tudo indica que em Hamburgo galão já virou palavra alemã :)

- Fiquei completamente rendida ao bairro de St. Pauli. Lindinho, fofinho, com grafittis, por todo o lado. A arte urbana é boa e está bem de saúde por Hamburgo. Uma pena não ter conseguido fazer a Tour Sexo e Crime em St. Pauli.

- A arquitectura de Hamburgo é simplesmente deslumbrante, apesar de ter aquela ar bem industrial, os edifícios são leves e estão bem conjugados. Indo de barco (apanhei um ferry, porque sai bem mais barato do fazer uma tour em Hamburgo) e fomos dar a uma parte linda da cidade, uma praia fluvial, com casas enormes, modernas e antigas, com jardins lindos. E o verde, senhores, aquele verde!

- Depois em Hamburgo há cafés bons. E esplanadas simpáticas. Mais, há boa pastelaria (só aqui no estômago da menina, foram digeridos dois pasteis de natas e dois croissants, em três dias) e há muito peixinho… e grelhado! Algo que até agora na Alemanha, ainda não tinha visto.

- O tempo em Hamburgo deve ser fo… lixado, mas correu-nos bem. Ora abria um sol quentinho, ora chuva; mas tudo suportável.

- Outra vantagem de Hamburgo, pelo menos em relação a Berlim, é que é mais pequeno, ou seja, pode-se caminhar para todo o lado.

 

Gostei mesmo da cidade! Passei o tempo todo a pensar “e se…., e se vivesse aqui?”

Há alguém por aí que me pode dizer como é a vida em Hamburgo?