O bidé
Durante os tempos que vivi em Madrid, de vez em festa, falava-se do bidé. Sobretudo porque uma amiga italiana se queixava da ausência dos ditos nas casas de Madrid, seguindo-se à queixa o gesto de um chap-chap, ou seja, das mãos a abanar e agitadas no entre-pernas - sim, amigos, isto é um chap-chap ou se preferirem, um tudo abana, tudo areja. Eu concordava, falava do bidé, essa pela comum dos sanitários de Portugal e que noutros países que vivi/visitei também não era comum.
Adiante.
Recentemente, em Berlim, o bidé foi tema de conversa - aqui também não são muito comuns. Perguntaram-me se em Portugal se usava o bidé e eu disse que sim, sim senhora, claro que em Portugal os bidés são uma coisa comum. Assim que o disse, atacou um italiano:
- Vocês em Portugal têm bidé, mas não compreendem para que serve!
Como? Pára tudo! Como assim não compreendemos? Nós Portugueses tantas vezes considerados dos mais limpinhos da Europa, gente que toma dois banhos por dia e lava bem atrás das orelhas... como assim não entendemos o bidé?
E foi assim que eu descobri que não, o bidé não é para limpar e lavar os pés, nem serve apenas para a pedicure (e que jeitão que dá!) e também o seu uso inicial não se limita à lavagem das partes lá de baixo ou a pôr os putos entretidos, enquanto brincam com barquinhos.
O bidé serve (preparados?) para lavar o rabiosque cada vez que se faz o cocozinho. Ou seja, um italiano caga e lava-se no bidé - raça de gente limpa! A cada caquinha, ala, lá vão eles ao bidé. Isto, porque o papel higiénico não é suficiente, mais: o papel higiénico não é higiénico o suficiente. Todos os Italianos presentes confirmaram-me que sim, que usam o bidé com esse intuito e que fora de Itália, lhes custa não ter um. E esta, hein?
E vocês, sabiam disto?