É preciso dizer isto sobre a Costa Alentejana
Eu sou do tempo em que quase ninguém ia para a Costa Alentejana. A vida era tranquila e os preços acessíveis. Obviamente, que era um tempo em que eu acampava feliz e em que as pessoas abriam as portas das casas e quintais. Havia um tu-cá-tu-lá, tudo muito natural, um sentir constante de que se está em casa, com sabor a férias e a mar. Sempre fui dessas que elogiou aos sete ventos a costa ocidental - ok, a água do Algarve é um pouquinho mais quente, mas em beleza, continuo a achar que a Costa Alentejana ganha aos pontos, não desfazendo.
Há umas semanas, de férias em Portugal, meti-me no carro e alaaaaa pela costa: Sines, Porto Covo, Vila Nova de Mil Fontes, Cabo Sardão, Odeceixe, Aljezur e a chegar ao Cabo de São Vicente, só para dizer que, sim, senhora fiz a Costa Vicentina até ao fim. Muita praia, mergulhos, peixinho e descobertas - ainda estou a babar com a Praia da Carreagem, perto de Aljezur... que coisa mais linda e que eu nem sabia que existia!!!!
Mas deixem-me desabafar, pois eu preciso falar disto com alguém! O que me surpreendeu mais, foram os preços loucos da costa! Como já sou uma senhora de idade, lá fui eu bela e airosa, confiante na facilidade de conseguir um quarto no local, a preços baratinhos e sem ser preciso planear antecipadamente a vida. Pois sim, abelha, fia-te no santo!!!
Logo em Porto Covo, começou a novela entre o "tudo-cheio" aos 60 euros por um quartito. Como? 60 euros?! E lá vinha o encolher de ombros, seguido pelo revirar de olhos, que eu interpretava como: "olha filha, não queres, há quem queira!". E parecia ser verdade, havia sempre quem quisesse. Raios!!!
A minha parte favorita eram aquelas plaquinhas AL, de "alojamento local". Era chegar, dar dinheiro em mão - "oh menina, o Multibanco não é para isto!" e nada de check in (ou out) e, claro está, facturas ou recibos eram uma miragem. Houve uma senhora que ainda escreveu num resto de papel: "40 euros: PAGO" antes de me dar as chaves para a mão.
Ok, a Costa Vicentina está viva e recomenda-se, com Portugueses e estrangeiros a banhos, pensões e hotéis cheios e, sim, devia ter ido melhor prevenida - já ouvi isso 76 mil vezes desde o meu regresso. Todavia, ainda me custa assimilar as cerca de 10 senhoras que me tentaram chular 35, 40 ou 60 euros pelo quarto de hóspedes ou pelo anexo da casa delas, como se fosse a coisa mais natural do mundo! E não, não é! E, sinceramente, nem na minha viagem ao Japão eu paguei tanto por um quarto - nem que seja por isso, deixei-me lá ficar um bocadinho indignada!
E, pronto, agora que eu já desabafei, vou ali chorar mais um bocadinho, pois amanhã é dia de trabalho - restam-me as fotografias!
Porto Covo
Vila Nova de Mil Fontes
PS: Já agora, outra descoberta deste Verão em Portugal: na Arrifana, mais concretamente na Pousada da Juventude da Arrifana. Descobri que o Governo vendeu algumas das Pousadas da Juventude a privados. Mais alguém sabia disto?!