As pessoas que viajam são melhores pessoas? Não
Quando se começa com a história dos benefícios de viajar e da importância das viagens, de forma geral, lá se soltam as ideias do costume: viajar abre mentalidades, representa a possibilidade de conhecer e abraçar novas culturas, fazer novos amigos e mimimi mimimi. Pelo meio, há sempre uma alma que defende que as pessoas que viajam são melhores pessoas.
Batam-me, mas eu acho que não.
Comecemos pelo básico, ninguém é melhor que ninguém. E, ok, viajar é cada vez mais uma questão de prioridades, mas não deixa de ser um privilégio. Além disso, há muito boa gente que nunca saiu da terrinha onde nasceu e que são jóias de pessoas.
Viajar pode fazer cada um de nós pessoas um bocadinho mais decente, já que nos permite sair da zona de conforto, confrontar os nossos medos, indecisões, pré-conceitos e até preconceitos, quando existem. E, a meu ver, é uma forma poderosa de trabalhar a empatia. E a capacidade de embatia é, a meu ver, do mais valioso que temos enquanto seres humanos.
Todavia, não é uma viagem que vai fazer de um humano reles um Nobel da Paz. Fosse assim tão fácil e os tribunais mandavam criminosos num cruzeiro pelo Mediterrâneo ou para um safari no Quénia e não para a prisão.
Há muita gente que viaja muito e que continua besta. Em casos mais extremos, há mesmo gente que viaja para libertar a besta que em si, assim de repente penso em turismo sexual.
Cada um de nós é diferente, logo também a forma como cada um viaja muda. Há quem viaje com agência, há aqueles que não abandonam o perímetro no hotel e há quem prefira viajar sozinho ou ir viajar sem roteiro. Enfim, quantos viajantes há, quantas formas de viajar existem também. Alguém que seja racista ou xenófobo, dificilmente mudará de ideias só porque… viaja. Até porque a probabilidade de estar à procura de exemplos que apoiem as suas ideias é maior, do que a possibilidade de estar aberto a novas experiências e valores.
O que é que vocês acham?