Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Alguém por aí já se arrependeu de ter filhos?

15.02.17

maternidad.png

 

Eu que não tenho filhos, e possivelmente vou levar umas pauladas depois de escrever este artigo, pergunto a vós, mães: estão arrependidas de ter filhos? Se voltassem atrás, teriam feito o mesmo?

Atenção, não vos estou a perguntar se gostam ou não dos vossos filhos, nem a colocar em causa o amor maternal e incondicional que sentem pelas vossas crias. Podem ser (e possivelmente são) as melhores mães e sentirem-se também arrependidas. Sim, ambas as coisas andam muitas vezes de mãos dadas.

 

Recentemente, li um artigo no The Guardiam que falava disso mesmo. Mães, boas e competentes mães, com filhos saudáveis e bons alunos na escola, que se diziam arrependidas. Muitos dos testemunhos eram de mulheres que tinham planeado a gravidez, ou seja, não eram casos de “ups”!

As razões eram várias. Umas porque sentiam que a maternidade, a verdadeira, não a das redes sociais, era demasiado dura e que tinham idealizado demais a coisa. Algumas diziam que ser mãe resultava bastante aborrecido. Outras, porque não se sentiam nem mais realizadas, nem mais felizes - pelo contrário. Ou simplesmente, porque não viviam aquela realização materna, que os outros dizem ser suposto uma mãe viver. Outras, porque se sentiam sozinhas e abandonadas, com a carreira estagnada e com opções de vida mais limitadas. Quase todas sentiam falta da vida pré-filhos e das antigas rotinas. Por mais que se fale de igualdade, acabam por ser elas a ficar em casa com os filhos e também mais condicionadas em termos financeiros.

 

Sejamos objectivos, há mais de cem anos atrás, um filho era um herdeiro, mão-de-obra. Nas famílias ricas, as mães nem amamentavam as crianças e havia uma hora marcada para pais e filhos se encontrarem. Só no século XX, com a introdução dos Direitos das Crianças e muita psicologia infantil e muito marketing, é que os cachopos passaram a ser vistos de outra forma. A transformação foi tal que hoje em dia, um filho virou o centro do universo. Os pais adaptam-se á vida das crianças e deixam de ir à exposição X, porque vão antes ao aniversário do amiguinho de 3 anos, com quem o filho anda no infantário.

Cada vez mais, parece-me, os pais vêem os filhos como uma extensão deles mesmos e não como indivíduos, com personalidade e direito à sua autonomia - veja-se a relação que a maioria dos pais têm com as redes sociais, onde todas as conquistas e desenvolvimentos da criancinha são partilhados até à exaustão. A competição entre pais é feroz, com direito a definição e tudo: os helicopter parents.

Muitas das mães do artigo não se encaixam neste perfil, sentindo-se (talvez) um falhanço por isso. Daí a frustração, daí o arrependimento. Será?

 

Continuando: não será natural que uma mãe se arrependa? E um pai? Mesmo que não seja num estado permanente, como muitas das mulheres do artigo comentam, não é normal ter momentos? Tipo quando o puto passa noites sem dormir ou a miúda faz birra no supermercado, porque quer um chocolate? Ou até mesmo quando os vossos amigos vão jantar fora e vocês não podem, porque não encontraram uma ama? Ou simplesmente, porque se acabaram as viagens, porque as fraldas são caras?

Vá, contem-me tudo.

4 comentários

  • Imagem de perfil

    Maria vai com todos 03.04.2018

    Se Deus existe, ele não a vai com certeza castigar. E acho que o primeiro passo é que não faça o mesmo. Não se castiga a si mesmo, nem se puna.

    Um (bom) profissional, não julga.
    O trabalho dele é ajudar os pacientes a lidar com sentimentos, bons e menos bons, para que a pessoa possa viver da forma mais equilibrada possível. Sem medos, culpas ou ressentimento. É um facto, não pode voltar, atrás; mas não é impossível que faça as pazes consigo mesma e leve uma vida mais pacífica - merece isso! Sem culpas!
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo 05.04.2018

    Obrigada pelas palavras... Bem haja :)
  • Imagem de perfil

    Maria vai com todos 06.04.2018

    Obrigada eu!
    Um beijinho e, de coração, que seja muito feliz!
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog tem comentários moderados.