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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Antiturismo ou "Como assim contra os turistas?"

22.10.18

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Estou de momento em Hanói, na capital do Vietname. Cidade louca, cheia de motas e buzineladelas, onde uma pessoa não atravessa a rua: aqui, uma pessoa atira-se! Hanoi é uma cidade vibrante e louca, cheia de restaurantes, cujas cozinhas se montam nos passeios e as melhores comidas são feitas em bancos de plásticos, com paredes esburacadas e sem cor. Adoro.

No outro dia, fui fazer uma tour de comida em Hanoi e quase que parecia uma anedota, com a guia vietnamita à mesa com uma portuguesa, um italiano e uma espanhola - ele perto de Veneza, ela de Barcelona. Falamos de muita coisa e, claro, falamos também do turismo.

Como acontece em todo o mundo, o turismo em Hanoi também tem crescido muito nos últimos anos e com isso, também as rendas aumentaram. Explicámos à guia, que nas nossas cidades/países era cada vez comum havver movimentos anti-turismo, inclusive com gente a grafitir paredes com "fora do turistas", a espalhar cartazes com " turistas não" e a preparar manifestações.

Ela ficou chocada.

Para ela, o turismo significa dinheiro e logo, a melhor forma de melhorar a vida dela.

Além disso, dizia ela "que culpa têm os turistas?".

 

Já aqui falei disso, que a culpa não são os turistas, a culpa é da gestão e no outro dia, caiu-me o rabinho quando vi num post de Facebook, num grupo de viagens, uma pessoa a pedir dicas sobre Lisboa e gente a responder-lhe coisas como:

  • "Não vás, por causa dos turistas, os portugueses não têm dinheiro para pagar as rendas"
  • "Por culpa de pessoas como tu, os salários dos portugueses estão baixos"
  • "Eu vivo aqui e por favor, não venhas. Somos muito hospitaleiros, mas a situação do meu país está insustentável

... e outras pérolas mais! A sério, pessoas?

Eu sou toda a favor do turismo sustentável. Defendo os valores do turismo local e até com certas regras, mas esse tipo de apelos é ridículo. Os turistas não têm culpa, eles nem votam no país que visitam. Eles não têm poder de decisão. Esses vossos apelos e energias devem e têm de ser canalizados noutras direcções, neste caso para a classe política e para o patronato.

Quando temos negócios a crescer e patrões que continuam a abusar de recibos verdes ou a pagar em negro, assim como gente que continua a receber o salário mínimo ou o mesmo ordenado de há 5 anos, é aí que temos de atacar.

E nos alojamentos ilegais.

E em plataforrmas como AirBnb e Uber que descartam as suas responsabilidades e pagamentos de impostos em pleno e nos países onde estão.

E... em muitas outras coisas mais! Porque, sim, o problema do turismo em Portugal é a gestão, mas também é a ganância.

Violada por 2, inconsciente, mas em clima de sedução, diz o Tribunal do Porto

21.09.18

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Estou aqui piursa com o caso da jovem de 26, que foi alegadamente violada por 2 funcionários numa discoteca e cujo Tribunal da Relação do Porto decretou pena suspensa aos dois arguídos.
 
Ora bem, aproveitando que ela estava alcoolizada, os dois arguídos (um porteiro e outro barman), quando a discoteca já estava fechada levaram amiga a casa, enquanto o outro, levou a vítima para o WC. Segundo o relato da vítima, ela não se lembra de quase nada, tendo estado inconsciente grande parte do tempo. Fica a descrição que tirei do Diário de Notícias:
 

"altura em que [Marcos], verificando a incapacidade da ofendida de reger a sua vontade e de ter consciência dos seus atos, resolveu e com ela manteve relações sexuais de cópula vaginal completa, depois de a ter despido da cintura para baixo, mantendo-lhe a roupa a meio das pernas, só recuperando a consciência, a ofendida, e, voltando a si, ainda no mesmo local, quando deitada no chão, com a cabeça encostada à porta de entrada, sentiu um empurrão na porta, ouvindo nesse momento as vozes dos arguidos, que reconheceu, pretendendo [Paulo] entrar também na casa-de-banho.

"Momentos depois a ofendida perdeu novamente a consciência só voltando a recuperar os sentidos quando ouvindo as vozes dos dois arguidos e sentiu umas palmadas na zona dos seus glúteos (...)."

Segundo o relato do tribunal, a seguir só se lembra de acordar no sofá, já vestida, quando lhe atiraram água à cara. Seriam já nove da manhã quando o porteiro Paulo a levou a casa no seu carro. Durante o percurso, o homem pediu-lhe para esquecer o sucedido "pois não podia colocar em causa a sua vida pessoal e familiar e que lhe daria em troca o que quisesse, incluindo dinheiro."

 

A vítima foi depois ao hospital, onde lhe foram feitos vários exames e ficou registado que apresentava "várias equimoses, algumas com mais de cinco centímetros, no abdómen, nas nádegas, nas coxas, e marcas visíveis de nós de dedos e de dedos". Ainda assim o acórdão considerou que "não há danos físicos [ou são diminutos] nem violência". Oi?

 

Mas há mais!  Ao telemóvel, nas escutas, um disse coisas como "ela estava toda fodida" ou "ela estava toda desmaiada no quarto de banho"

Ainda assim, o Tribunal da Relação do Porto considerou que não houve premeditação  - o que é de bradar aos céus! Afinal, quando levam uma amiga a casa e resolvem "ficar com a vítima", isso revela o quê? Caridade?

 

O Tribunal chega mesmo a considerar que houve um "ambiente de sedução mútua".

Que é o que me deixa ainda mais zangada! Muito zangada! Então, uma mulher está mal-disposta, a vomitar, ficando depois inconsciente e ainda assim há sedução? Como, senhores, como? E já agora, mesmo que ela tivesse seduzido ANTES E QUANDO ESTVA CONSCIENTE, a partir do momento em que ela está incosciente, o acto passa a ser uma violação. Logo há crime, certo?! Ou será que por ela estar inconsciente, ela é menos vítima?! Ou o sofrimento menor?! É essa a mensagem que o Tribunal quer passar?!

 

Queixas de racismo e xenofobia aumentam em Portugal

23.08.18

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Foto de JOSÉ COELHO/LUSA

 

 

Diz o Público que as "Queixas de racismo e xenofobia batem recordes em Portugal" e que desde que a nova lei de combate à discriminação entrou em vigor, em Setembro, foram feitas 207 queixas, que são mais do que todas as queixas de 2017. 

Obviamente que em termos de condenações, segundo Público, estas são quase inexistentes. Condenaçõe essas que se traduzem em multas, nada mais. Sendo que o valor mais alto é de 8 mil euros. De facto, sai barato ser racista em Portugal.

 

Há mais racismo e xenofobia em Portugal?

Não, simplesmente há cidadãos mais informados, conscientes e que não estão para aturar as m****s dos outros e fazem valer os seus direitos.

Porque, que há racismo e xenofobia em Portugal, disso não há dúvidas. Basta pensar num país com uma população tão diversa como Portugal, quantos jornalistas ciganos existem? Ou deputados negros? Ou presidentes da junta de origem indiana? Ou actores chineses? Ou donos de empresas romenos?

 

Trabalhar em Portugal

12.01.18

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Devez emquando, dá-me para isto! Estava eu tranquila da vida a pesquisar trabalhos na Internet para tentar perceber melhor como  ia o mercado de trabalho em Portugal! Não porque esteja a pensar voltar e trabalhar em Portygal, mas simplesmente porque gosto de vez em quando dar uma vista de olhos no mercado laboral em Portugal e de ver como vai a coisa, no que toca a oportunidades, assim como condições de trabalho. Curiosidade apenas!

 

 

Não foi precisamente uma surpresa ver que é em Lisboa e no Porto que se encontram grande parte das oportunidades, mas não deixa de ser incrível notar a discrepância de resultados e de ofertas de trabalho nestas duas cidades e o resto do país, no que toca a oportunidades de emprego! Sobretudo em cidades mais pequenas e do interior, como Viseu ou Beja as oportunidades são poucas e escassas. Já para não falar das ilhas!

 

Deu por mim a pensar, como é que os habitantes destas cidades fazem? Como é que se orientam? Entendo que há menos gente, mas há certamente serviços e necessidade de gente, não?

Vou à Padaria Portuguesa comprar um Pão de Deus com espírito de equipa!

29.10.17

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Nada como uma boa polémica Facebookiana para animar o dia? É ou não é? Novamente, o sócio-gerente da Padaria Portuguesa, Nuno Carvalho a dar que falar! Desta vez, numa entrevista à Dinheiro Vivo, com frases lindas e fofas como:

 

"Fazemos investimento a sério nas pessoas: uma vez por ano juntamos todos os trabalhadores num arraial de verão e fechamos as lojas mais cedo"

"Cada vez que nasce um bebé, oferecemos um creme e um babygrow e escrevo um postal de aniversário personalizado"

"tratamos as pessoas como pessoas."

"Criamos um espírito de equipa que vale muito mais do que a remuneração base."

 

Tudo isto dá pano para mangas e para fazer piadolas deliciosas, é certo. É certo também que a Padaria Portuguesa faz tudo o que manda a lei e paga e emprega, logo contribui para a economia. Pagam uma caca aos funcionários, quando olhamos para os lucros e ainda lixam o comércio local, mas eu não quero entrar por aí. Cada um decida onde comer o seu Pão de Deus.

 

O que me dá sempre comichão é ouvir este tipo de empresários, que apenas cumprem a lei e pagam os mínimos a acharem-se a última Coca Cola do deserto, pois são tão bons e modernos, tão cheios de "inputs" da treta, para encobrir a precariedade! Esta conversinha do "amor à camisola", quase a roçar um "as pessoas deviam era pagar para trabalhar na nossa empresa espectacular" dá-me vomitinho. Como se espírito de equipa pagasse contas e no final do dia, não fossemos todos trabalhar por um motivo: dinheiro. Money. Pasta. Cacau. Dlim dlim.

 

Quem diz a Padaria Portuguesa, diz outras empresas.

Na minha área e mesmo em Berlim, o que mais há aos pontapés é disto e com este espírito! Empresas que dão aulas de ioga, bebidas e almoços uma vez por semana e que acham que isto, mais o ambiente multicultural e jovem e dinâmico paga o aluguer e as contas da casa. Que fixe e competente é aquele funcionário que trabalha até às 21h00 sem cobrar horas extras. Bem, agora vou ali à Padaria Portuguesa comprar um Pão de Deus com espírito de equipa!

Diga lá outra vez, senhor Primeiro Ministro?

16.10.17

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Foto de Paulo Pimenta, Público

 

Como assim, situações destas vão-se repetir?

Como assim, mais mortos no futuro?

Como assim, 523 incêndios num dia vão-se repetir?

 

Ou será que a única coisa que se continuará a repetir em Portugal é a desorganização dos vários responsáveis, assim como os insuficientes e pouco profissionais meios e tácticas usados no combate aos incêndios no país?

Ou será que continuaremos a repetir práticas como matas por limpar e cuidar e penas leves pesadas para os criminosos?

Ou iremos repetir na carência de um BOM plano, quer de prevenção, quer para a ordenação do território?

Ou talvez aquilo que se repita (uma e outra vez), seja o facto da culpa e da responsabilização em Portugal morrerem solteiras!

Explique-nos lá o que é que se vai repetir!

 

Ao dizer que situações como as do dia de ontem se repetirão, o senhor parece que quer passar algum tipo de mensagem que nenhum de nós pode aceitar! Será que o senhor não tem tempo/interesse/recursos/o que quer que seja para se dedicar a esta causa, de modo a assegurar que algo assim não ocorra novamente!

Ninguém está a pedir um ano sem fogos no futuro! Apenas pedimos, aliás exigimos melhores meios, preparação e coordenação para que hajam menos mortes e menos danos. Dá para fazer? Por favor? É que o nosso coração não aguenta mais!

Operação Marquês: Habemus caso!

12.10.17

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Caramba! Portugal até parece um país de primeiro mundo! Por fim, a montanha pariu e na lista de acusados da Operação Marquês é ver um ex-Primeiro Ministro, admnistradores da PT e de bancos, inclusive o dono disto tudo na lista de acusados! Até-se-me dá uma emoção!

 

Obviamente que tudo demorou tudo muito tempo - estamos desde 2013 à espera deste dia, certo? Mas quatro anos depois, 200 buscas feitas, 200 testemunhas ouvidas e mais de 500 contas bancárias escrutinadas, há por fim um caso! E onde é que antes, em Portugal isto aconteceu? Humm?

Onde é que antes, em Portugal, se viu um Primiero Ministro e bancários a serem acusados do que quer que seja?!

Não, a corrupção não foi inventada recentemente, nem sequer é coisa nova por cá! Por isso, deixem-me estar um bocadinho satisfeita, mesmo sabendo que tudo deveria ter sido mais rápido e melhor.

Que se faça justiça, que as montanham não acabem a parir ratinhos, porque precisamos todos de um pouco mais de confiança na justiça... isso e ver culpados a sofrerem consequências. Se depois voltam a ganhar eleições, bem isso já é outro tema!