A demissão de Jacinda Ardern e nós mulheres
Passamos a vida a escrutar coisas como "dos fracos não reza a história" ou que "desistir é para os fracos". No caso das mulheres, querem-nos fazer acreditar que podemos tudo e ter tudo - ser bonitas, excelentes mães, presidentes e tudo e tudo. Basta querer. E não ceder. E ir à luta.
Jacinda Ardern foi, durante quase 6 anos, Primeira-Ministra da Nova Zelândia. Além da mais jovem PM do país, usava batom e ainda respondia à letra a comentários sexistas, não tendo problemas em falar do machismo na política, criticar o patriarcado ou apontar o dedo a comentários menos... correctos, digamos assim.
Agora demitiu, alegando a filha pequena, a relação e a saúde mental. Tudo justo e tudo válido. Que tudo lhe corra bem, que ela não me/nos deve nada e tem direito às suas escolhas e a traçar o seu caminho.
Contudo, se isto é assim para ela, o que nos resta a nós comuns mulheres?
E, sim, isto é comum e questionável, porque quando - QUANDO - é que vimos um homem a largar um cargo para se dedicar à família e ao casamento?
Além disso, ela é PM da Nova Zelândia, um país que em muitos sentidos supera Portugal, os Emirados ou o Afeganistão no que toca à igualdade e direitos da mulher.
Digam-me lá que o feminismo não faz falta!