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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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O Dia Internacional da Mulher já se tornou aquele conjunto de clichés, onde desde as flores às reportagens de “elas é que trabalham mais em casa” ou “há cada vez mais mulheres em lugares de topo”, nada falta.

Neste dia, homens celebram mulheres (“elas que dão equilíbrio ao mundo”) e mulheres celebram mulheres (“irmãs e guerreiras”). Mas à parte disso, fica a questão: que estamos realmente a fazer para um mundo mais igualitário?

Sim, porque o caminho da igualdade deve ser feito diariamente e nas pequenas coisas do dia a dia.

 

Aqui ficam algumas casinhas que todos podemos começar a fazer, tipo, hoje

 

Com as crianças

Vamos lá parar de rosa para meninas e azul para meninos, assim como com as Barbies versus carros. Há roupas para crianças e brinquedos para brincar, o resto é treta.

Igualmente importante é parar com comentários do tipo “ela é uma maria-rapaz”, só porque a miúda anda de bicicleta e sobe às arvores. Também seria bom terminar com a ideia de que os homens não choram e que atributos como sensibilidade são coisas femininas e, pior ainda, fraquezas.

 

E já que de pequenino é que se começa, então que meninos e meninas comecem desde logo a arrumar o quarto, fazer a cama, levantar o prato da mesa, etc. Saber cuidar de si e da higiene e limpeza da casa, assim como cozinhar e outras tarefas domésticas devia ser obrigatório para a sobrevivência de qualquer adulto e não um atributo que faz de uma mulher mais dotada, aka material para casa.

 

Em casa

É muito giro ver homens a dar flores, mas que assim que chegam a casa se sentam em frente ao sofá, levantando-se para ir jantar e dar um beijinho de boa noite no filho e pouco mais. Apregoar a igualdade em casa - ou nas redes sociais - de nada serve, se as crianças não “a veem” em pratica em casa. Educar é isto: dar o exemplo.

Isto é também válido para (algumas) mulheres que continuam a achar que têm mais direito aos filhos do que eles - porque, já se sabe, os homens coitadinhos não sabem e são incapazes. Uns tolinhos. A sério? Foi por essa classe de pessoa que se apaixonaram e, mais ainda, escolheram para pai do vosso filho?!

 

No trabalho

Sabemos que nas empresas há poucos lugares de poder atribuídos a mulheres. Isso faz com que a empresa e a sua estrutura sejam o inimigo e não, as outras colegas mulheres. É essencial parar de ver as colegas como a concorrência.

Igualmente importante é pararmos de ser engolidas pelos homens. sim, isso acontece. Porque já se sabe, eles são ambiciosos e determinados; enquanto nós somos cabras calculistas.

 

Entre mulheres

Sororidade precisa-se! Nesse sentido, seja no trabalho, em casa, com as amigas ou com a senhora da padaria, seja amável com as outras mulheres. Não as julgue, nem as veja como rivais - não foi ela que roubou o seu marido, ele é que a traiu e por aí fora.

Da mesma forma que não deve julgar, também é importante que empedre outras mulheres: elogie-as e, mais importante, (quando merecem) dê-lhes oportunidades.

 

Seja homem ou mulher, a sua filha, a sua neta, a sua amiga, a sua colega agradecem - e eu também!

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“Depois habitua-se ao colo”

… claro, porque todos sabemos que adolescentes de 13 anos adoooooram andar ao colo dos pais! Amam! E dormir com eles?! 

Quem nunca, aos 25 anos, se atirou ao chão e fez birra no supermercado a pedir colo à mãe que atire a primeira pedra!

 

“Deixa-o chorar!”

Quando vemos uma criança de cinco anos a chorar, vamos lá e consolamos. Se formos decentes, fazemos o mesmo com um adolescente, com um marmanjo de 18 anos e até com alguém mais adulto. Mesmo quando vemos um velhinho a chorar, a tendência seria ir lá, perguntar se está tudo bem e consolar.

Alguns de nós, tem até a tendência de fazer isso quando vê um desconhecido a chorar, sendo que facilmente da pergunta se passa ao conforto físico. Nada contra. Tudo certo.

Então, por que é que é suposto que um pai ou uma mãe deixe O SEU bebé a chorar, em vez de o consolar?!

 

“Vais estragar o bebé”

Ui! Estragar como? Avario-o? Como é que se estraga uma criança? Puxamos uma perna e essa fica maior do que a outra!

 

“Porque antes, fazia-se X!”

Primeiro, que maravilha que é ver a ciência a avançar! Fazem-se novas descobertas, chegam-se a novas conclusões, enfim: é bonito ver que as coisas mudam. O que é indicado e tido como bom hoje, deixará de o ser amanhã ou daqui a 15 anos.

Triste - e chato - é ver quem ficou lá trás a insistir que sim, só porque sim que antes é que era e que se devia fazer A, B e C. Agora vou ali dar "sopas de cavalo cansado" à criança e já volto!

 

“Porque o meu filho, ...”

Notem que a maioria das pessoas quando faz este tipo de comentário, quer sempre ressalvar que a sua cria é mais. Ou seja, é um porque que vem seguido de uma ideia de superioridade. Mas, não se deixem enganar! Mais do que demonstrar que a criança era melhor/superior/mais evoluída e mais à frente, realça o quão incrível era essa pessoa como mãe/pai. 

 

“Dá-lhe fórmula! Não, só leite materno! Bom é leite materno até aos 3 anos! Começa já com os sólidos! Ainda não come papas?”

Ai senhores, deslarguem-nos! 

 

"Daqui a uns tempos vais ver"

Esta ameaça é válida para tudo: se dizemos que algo vai bem! Cuidadinho! A tendência será piorar! Se a coisa vai mal, então, a tendência será (também) piorar!