Vi o documentário da Maddie na Netflix e pensei
Possivelmente, cheguei tarde à festa, mas só ontem acabei o documentário sobre o desaparecimento da Maddie, da Netflix. Se em boa verdade aquilo poderia ser encurtado e ser coisinha para render uns cinco episódios, não deixa de ser meio alucinante (acho que é esta a palavra), quando vemos a cronologia dos acontecimentos.
Além disso, há tanta, mas tanta coisa que fica por ser esclarecida! Aqui vão alguns pensamentos que tive enquanto via o documentário:
- Então, o Gonçalo Amaral anda a ser investigado por má conduta no caso da Joana e ainda assim é-lhe dado mais um caso? E se não fosse pela investigação, como é que depois da salganhada que aquilo foi, o caso não foi dado a outro inspector? Ou ele é o único inspector do reino dos Algarves?
- Ok, estou de acordo quando se diz que ir deixar os miúdos em casa e ir jantar é mau. Contudo, não há paciência às 23982 considerações que são feitas ao longo do documentário sobre a postura da mãe (sempre ela, obviamente!). Ora porque não chorava, ora porque não era carinhosa, ora porque os ingleses são pais do demo, sem coração! Como se a dor e tristeza se medisse e se quantificasse. Como se só as lágrimas pudessem provar a infelicidade.
- Não há pachorra para os primeiros episódios com os coitadinhos dos jornalistas a queixarem-se que não sabiam de nada.
- Contudo, nada me chocou tanto como a história do ADN. Com que então, o sangue encontrado na casa nunca foi da Maddie?! Ver a própria jornalista da RTP (a Sandra Felgueiras), que anos antes declarava a pés juntos que o ADN era da menina, a dizer que afinal também ela tinha sido enganada e, mais, a assumir que a fonte dela era o Gonçalo Amaral, foi....! Obviamente que os jornalistas têm as suas fontes, mas ela e tantos outros jornalistas acreditaram nele! NELE! No Gonçalo Amaral... um investigador com um percurso pouco bonito (caso Joana, por exemplo). Ou seja, ela e tantos outros fizeram-nos acreditar (eu achava que sim), que o sangue sim, era da miúda. E a fonte? Ele! Nunca nenhum deles sequer viu o relatório na altura em que este tipo de informação era bradado aos quatro ventos e que levou tanta gente a achar que os pais estavam envolvidos!
- E uma nova investigação ao caso da Joana, humm?
- Sim, porque o problema não é a Maddie ter helicópteros, nem toda a atenção do mundo! O problema é as restantes crianças desaparecidas não angariarem igualmente essa mesma atenção, que isto seja muito claro! Não se pode culpar os pais da Maddie, por estarem a fazer tudo o que podem para que a filha deles não seja esquecida e que as buscas continuem. Uma pena é que outros casos não tenham a mesma influência mediática!
- Outra coisa no documentário que me custou a tragar foi o mega-milionário e o filho que ajudaram, por filantropia, os pais da Maddie e que na verdade, mais pareciam dois putos novos-ricos a brincar aos detectives, sem respeito, nem consideração pelos direitos dos outros.
- E se eles são maus, o que dizer do outro detective fraudulento? Pobres pais! Só lhes tocou loucos - não lhes bastava o Amaral!
- Sim, porque muito do trabalho da PJ que foi feito na Praia da Luz foi de facto vergonhoso: a reconstituição do crime que nunca foi feita; o não seguir outras pistas, nem linhas de investigação, parecendo mais preocupados em provar a teoria (os pais mataram), do que outra coisa; a maneira que punham e dispunham da vida dos arguidos (19 horas a ser interrogado? Nunca indicar em qual drive teriam encontrado o "suposto material com pornografia infantil"?...). Já não é a primeira vez que a PJ é acusada de falhar em casos de crianças desaparecidas - veja-se o caso Rui Pedro e a forma terrível como a família, em particular a mãe, foi tratada pela polícia nos primeiros anos!
Enfim! E no meio disto, a miúda que continua desaparecida!