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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Uso óculos desde que tenho 3 anos. Nas minhas fotos é como se houvesse um desfilar de imagens minhas bebé e depois, tumbas, lá veem um sem fim de fotografias sempre com óculos. Sou míope, com quase oito, em cada olho.

E desculpme-me, mas usar óculos é uma merda.

É tudo muito giro quando se tem poucas dioptrias e há óculos bonitos, mas quando têm de usar lentes grossas, quando até as lentes mais caras e especiais, porque são mais magrinhas, não encaixam bem numa armação usar óculos é uma caca. E das caras.

Lembro-me de andar sempre preocupada, porque os óculos eram caros - e eu sempre caí muito. Ainda caio.

Ou de aos 13 anos, não poder participar na final de basquetebol, porque o arbitro não me deixava jogar com óculos.

Ou de anos mais tarde, levar uma nota na caderneta, escrita pela minha professora de Educação Física. Escreveu ela, que fui mal-educada e que me recusei a fazer um exercício - ela queria que eu saltasse no boxe sem os óculos por segurança e ficava frustrada, porque cada vez que chegava perto do bicho, parava - não via.

Usar óculos significava também ter que me sentar sempre à frente na escola.

Ou não usar óculos de sol.

Ainda mais o meu oftalmologista era um chato, que só aos 18 anos me deixou usar lentes - algo que lhe comecei a pedir lá para os 14! Aliás, assim que fiz 18 anos, telefonei-lhe logo a marcar consulta.

E sou tão mais feliz de lentes! Mesmo quando elas vão para trás do olho, há vento ou me ponho a chorar.

 

Por tudo isto, não pude deixar de sorris com este conjunto de obras de Philip Barlow, um artista sul-africano, que pinta o mundo pelos olhos de um míope.

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Estou aqui piursa com o caso da jovem de 26, que foi alegadamente violada por 2 funcionários numa discoteca e cujo Tribunal da Relação do Porto decretou pena suspensa aos dois arguídos.
 
Ora bem, aproveitando que ela estava alcoolizada, os dois arguídos (um porteiro e outro barman), quando a discoteca já estava fechada levaram amiga a casa, enquanto o outro, levou a vítima para o WC. Segundo o relato da vítima, ela não se lembra de quase nada, tendo estado inconsciente grande parte do tempo. Fica a descrição que tirei do Diário de Notícias:
 

"altura em que [Marcos], verificando a incapacidade da ofendida de reger a sua vontade e de ter consciência dos seus atos, resolveu e com ela manteve relações sexuais de cópula vaginal completa, depois de a ter despido da cintura para baixo, mantendo-lhe a roupa a meio das pernas, só recuperando a consciência, a ofendida, e, voltando a si, ainda no mesmo local, quando deitada no chão, com a cabeça encostada à porta de entrada, sentiu um empurrão na porta, ouvindo nesse momento as vozes dos arguidos, que reconheceu, pretendendo [Paulo] entrar também na casa-de-banho.

"Momentos depois a ofendida perdeu novamente a consciência só voltando a recuperar os sentidos quando ouvindo as vozes dos dois arguidos e sentiu umas palmadas na zona dos seus glúteos (...)."

Segundo o relato do tribunal, a seguir só se lembra de acordar no sofá, já vestida, quando lhe atiraram água à cara. Seriam já nove da manhã quando o porteiro Paulo a levou a casa no seu carro. Durante o percurso, o homem pediu-lhe para esquecer o sucedido "pois não podia colocar em causa a sua vida pessoal e familiar e que lhe daria em troca o que quisesse, incluindo dinheiro."

 

A vítima foi depois ao hospital, onde lhe foram feitos vários exames e ficou registado que apresentava "várias equimoses, algumas com mais de cinco centímetros, no abdómen, nas nádegas, nas coxas, e marcas visíveis de nós de dedos e de dedos". Ainda assim o acórdão considerou que "não há danos físicos [ou são diminutos] nem violência". Oi?

 

Mas há mais!  Ao telemóvel, nas escutas, um disse coisas como "ela estava toda fodida" ou "ela estava toda desmaiada no quarto de banho"

Ainda assim, o Tribunal da Relação do Porto considerou que não houve premeditação  - o que é de bradar aos céus! Afinal, quando levam uma amiga a casa e resolvem "ficar com a vítima", isso revela o quê? Caridade?

 

O Tribunal chega mesmo a considerar que houve um "ambiente de sedução mútua".

Que é o que me deixa ainda mais zangada! Muito zangada! Então, uma mulher está mal-disposta, a vomitar, ficando depois inconsciente e ainda assim há sedução? Como, senhores, como? E já agora, mesmo que ela tivesse seduzido ANTES E QUANDO ESTVA CONSCIENTE, a partir do momento em que ela está incosciente, o acto passa a ser uma violação. Logo há crime, certo?! Ou será que por ela estar inconsciente, ela é menos vítima?! Ou o sofrimento menor?! É essa a mensagem que o Tribunal quer passar?!

 

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Foto de ARIS MESSINIS/ GETTY IMAGES

Convido-vos a todos a ler este artigo do Expresso, sobre o campo refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia. Se por alguma razão não querem/conseguem o que seja ter, aqui ficam uns excertos?

 

"Um quarto das crianças, entre os seis e 18 anos, assistidas pelos Médicos Sem Fronteiras na ilha de Lesbos, na Grécia, já se automutilou, tentou o suicídio ou pensou em fazê-lo."

 

"Onde no máximo poderiam viver (sobreviver) 3100 pessoas, estão mais de nove mil."

 

"18 das 74 crianças atendidas já se tinham mutilado, tentado o suicídio ou pensado em cometer suicídio. As outras crianças atendidas sofrem de mudez voluntária, ataques de pânico, ansiedade, ataques agressivos e pesadelos"

 

"Entre as mais de nove mil pessoas em Moria, cerca de um terço são mulheres ou crianças."

 

Um outro artigo do Expresso relata histórias de crianças de 4 e 5 anos que são violadas! A sério que isto é Europa? A sério que os governos podem continuar todos a empurrar responsabilidades e que não há ninguém capaz de actuar de forma efectiva?

Até quando?

E o futuro: deles e nosso, como vai ser? 

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  • Se ela não tem namorado:

- E para quando um namorado?

 

  • Se ela tem namorado:

- Quando é que te casas?

- Já vivem juntos?

 

  • Depois do casamento:

- E filhos?

 

  • Depois do primeiro filho:

- Para quando o segundo?

 

Pessoas! Deslarguem-nos! Variem nas perguntas! Falem-nos do trabalho, das nossas ambições profissionais e de aumentos salariais. Perguntem-nos sobre as férias e sobre a próxima viagem. Ou sobre o orçamento de estado. A nossa cor favorita! Como vêem há taaaaantos temas!

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Franco foi um ditador espanhol.

 

Não conheço ninguém que discorde desta frase. Nem mesmo em Espanha, onde ainda muitos que o apoiam e o tema está muuuito mal resolvido. O que é estranho, é que em Espanha ser Hitler e ser ditador ou ser Mussolini e ser ditador é uma coisa má. Todavia, em Espanha, ser Franco e ser ditador nem sempre é uma coisa má.

 

Salazar caiu da cadeira e passou os últimos anos a brincar aos chefes de estado, quando não mandava nada de nada.

Hitler matou-se e ainda hoje a Alemanha vive e estuda a maior vergonha da sua História. É preciso recordar para não repetir.

Mussolini acabou com a cabeça pontapeada pelas ruas.

 

E, claro, todos os regimes de uma forma ou de outra, terminaram. Novos nomes e caras, novas ideias. A liberdade, a opção de escolha, a democracia. Menos em Espanha. Em Espanha, houve uma transição - e para uma monarquia.

 

Franco morreu e foi enterrado com honras de Estado. Foi sepultado no Valle de los Caidos, a poucos km de Madrid. O monumento foi erguido a mando de Franco em homenagem aos nacionalistas mortos na Guerra Civil Espanhola - nojinho. Se os nacionalistas foram aqui enterrados e homenageados, muitos outros morreram durante sua construção. Falo dos presos do lado republicano, que foram obrigados a trabalhar e a erguer a coisa. Ainda hoje este local é um ponto de encontro de muitos fascistas e nacionalistas espanhóis - muito nojinho.

 

Recentemente, o governo espanhol veio anunciar que quer transladar o corpo de Franco. Diz ele que “É urgente, porque estamos atrasados. Um ditador não pode ter um túmulo do Estado numa democracia consolidada”. É certo. È certo também que a medida peca por tardia. Imaginam o Salsazar no Panteão?! Ou Mussolini no Pantheon de Roma, ao lado de Rafael?

Para que tenham uma ideia, se trabalham em Espanha, parte dos impostos vai para a Fundação Franco, que usa esse dinheiro para

Também tardia foi a decisão de retirar os nomes de muitos generais franquistas das ruas de Madrid. Muito aos poucos, Espanha começa a limpar as marcas do seu passado.

 

Todavia, o primeiro-ministro  Pedro Sánchez quer fazer mais. Quer criar uma espécie de Comissão da Verdade, para esclarecer vários pontos da Guerra Civil, investigar os (muitos) casos de pessoas desaparecidas e até rever as sentenças dos tribunais. Durante mais de 40 anos, outros governos tentaram o mesmo, mas em Espanha, esse tipo de medidas sempre foi contestado e até proibido e até visto por ilegal. Durante décadas, a direita espanhola defendeu que não se devia mexer no passado. Há que avançar!Em Espanha, não se fala da Guerra Civil á mesa, nem mesmo quando irmãos se mataram entre si. É um não-assunto, onde cada um tem a sua história e versão. Inclusive, na hora de aprender a história da História na escola. Cada região conta a sua História.  Mas que país pode ter futuro, sem compreender o passado?!