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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Nada como uma boa polémica Facebookiana para animar o dia? É ou não é? Novamente, o sócio-gerente da Padaria Portuguesa, Nuno Carvalho a dar que falar! Desta vez, numa entrevista à Dinheiro Vivo, com frases lindas e fofas como:

 

"Fazemos investimento a sério nas pessoas: uma vez por ano juntamos todos os trabalhadores num arraial de verão e fechamos as lojas mais cedo"

"Cada vez que nasce um bebé, oferecemos um creme e um babygrow e escrevo um postal de aniversário personalizado"

"tratamos as pessoas como pessoas."

"Criamos um espírito de equipa que vale muito mais do que a remuneração base."

 

Tudo isto dá pano para mangas e para fazer piadolas deliciosas, é certo. É certo também que a Padaria Portuguesa faz tudo o que manda a lei e paga e emprega, logo contribui para a economia. Pagam uma caca aos funcionários, quando olhamos para os lucros e ainda lixam o comércio local, mas eu não quero entrar por aí. Cada um decida onde comer o seu Pão de Deus.

 

O que me dá sempre comichão é ouvir este tipo de empresários, que apenas cumprem a lei e pagam os mínimos a acharem-se a última Coca Cola do deserto, pois são tão bons e modernos, tão cheios de "inputs" da treta, para encobrir a precariedade! Esta conversinha do "amor à camisola", quase a roçar um "as pessoas deviam era pagar para trabalhar na nossa empresa espectacular" dá-me vomitinho. Como se espírito de equipa pagasse contas e no final do dia, não fossemos todos trabalhar por um motivo: dinheiro. Money. Pasta. Cacau. Dlim dlim.

 

Quem diz a Padaria Portuguesa, diz outras empresas.

Na minha área e mesmo em Berlim, o que mais há aos pontapés é disto e com este espírito! Empresas que dão aulas de ioga, bebidas e almoços uma vez por semana e que acham que isto, mais o ambiente multicultural e jovem e dinâmico paga o aluguer e as contas da casa. Que fixe e competente é aquele funcionário que trabalha até às 21h00 sem cobrar horas extras. Bem, agora vou ali à Padaria Portuguesa comprar um Pão de Deus com espírito de equipa!

 

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Vivi em Madrid cinco anos. Já a Barcelona fui três, não, quatro vezes e se há discussão (boa, saudável e animada) que me dá gozo é esta: qual a melhor, Madrid ou Barcelona? Muitas vezes a coisa descamba, mas até lá, dá gozo!

 

Lembro-me bem, de quando tinha 16 anos e depois de um dia (ou menos que isso!) em Barcelona, ter chegado a casa e dizer aos meus pais: “Um dia vou viver em Barcelona!”, afirmação à qual a minha mãe respondeu com aquele olhar de “tem juízo e come a sopa!”.

Lembro-me de me maravilhar com a dinâmica de Barcelona; de ficar deslumbrada com a arquitectura, tão diferente - sabia lá eu quem era o Gaudi?! E, recordo-me sempre do quanto me impactou ver, pela primeira vez, tantas pessoas de cadeira de rodas na rua! E de bicicleta! Para mim, Barcelona era uma cidade inclusiva, uma cidade de todos e para todos e eu achei isso bonito! Ainda mais era limpinha, tinha praia e a vida parecia ser boa!

 

Até chegar ao momento de escolher de verdade o meu destino de Erasmus, estava convicta de que iria para a Barcelona. Depois, acabei por optar pela Turquia, mas isso era outra história!

 

Anos depois, mudei-me para Madrid. Não por opção, mas sim, porque foi aqui que pela primeira me ofereceram um contrato de trabalho com um salário, segurança social e essas coisas. Por esta altura, já trabalhava em Portugal e tinha passado por dois trabalhos. Um num call center e outro numa redacção. Obviamente que ganhava mal e porcamente e ainda acabava a levar latas de atum, cada vez que ia a casa da minha mãe.

Madrid foi a cidade onde fiz vida de pessoa profissional. Onde aprendi e comecei a definir profissão. Foi uma cidade muito generosa comigo, profissionalmente e não só! Madrid deu-me amigos de quem ainda hoje gosto muito e sinto genuinamente saudades. Tenho recordações verdadeiramente felizes, inclusive de momentos tontos, de andar pela rua sozinha e sentir-me genuinamente feliz por viver em Madrid.

 

Mas tentando responder à pergunta, acho sempre que para viver, Madrid é melhor. Para visitar, Barcelona!

Não há nenhuma cidade na Europa, nem no mundo, como Barcelona, a arquitectura é única, assim como a energia da cidade. È uma cidade bem cosmopolita e multicultural e tem, de facto, tudo: praia, montanha, TUDO! Não que Madrid seja feia, mas não tem uma Sagrada Família, nem um Parc Guel. E menos ainda uma Torre Eiffel ou um Coliseu. Madrid é estar na rua, beber e comer, sim amigos: Madrid são tapas e a movida da rua! A maioria dos meus amigos que me ia visitar, ficava a adorar Madrid, porque podiam viver a cidade como locais.

Em Madrid chamam gatos às pessoas que tenham pais e avós (dos dois lados) nascidos em Madrid - creio que conheci dois! Por não haver esse sentimento de pertença, a cidade não é de ninguém. Logo é de todos, as pessoas são mais abertas e há uma maior generosidade.

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Foto de Paulo Pimenta, Público

 

Como assim, situações destas vão-se repetir?

Como assim, mais mortos no futuro?

Como assim, 523 incêndios num dia vão-se repetir?

 

Ou será que a única coisa que se continuará a repetir em Portugal é a desorganização dos vários responsáveis, assim como os insuficientes e pouco profissionais meios e tácticas usados no combate aos incêndios no país?

Ou será que continuaremos a repetir práticas como matas por limpar e cuidar e penas leves pesadas para os criminosos?

Ou iremos repetir na carência de um BOM plano, quer de prevenção, quer para a ordenação do território?

Ou talvez aquilo que se repita (uma e outra vez), seja o facto da culpa e da responsabilização em Portugal morrerem solteiras!

Explique-nos lá o que é que se vai repetir!

 

Ao dizer que situações como as do dia de ontem se repetirão, o senhor parece que quer passar algum tipo de mensagem que nenhum de nós pode aceitar! Será que o senhor não tem tempo/interesse/recursos/o que quer que seja para se dedicar a esta causa, de modo a assegurar que algo assim não ocorra novamente!

Ninguém está a pedir um ano sem fogos no futuro! Apenas pedimos, aliás exigimos melhores meios, preparação e coordenação para que hajam menos mortes e menos danos. Dá para fazer? Por favor? É que o nosso coração não aguenta mais!

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De certeza que já aqui comentei isto: se há coisa que os alemães ou os Berliners fazem bem é educar cães e criancinhas. Todos educadinhos, pouco ou nenhum berreiro. Dá gosto.

 

Mas falemos da criançada.

Faça menos frio, frio ou muito frio, andam na rua. Numa versão de bonecos Michelin, mas na rua. Ninguém se preocupa muito se andam bem vestidinhos ou arranjadinhos. As crianças andam cómodas. As roupas bem que podiam ser dos pais e as mochilas dos tempos dos avós - juro, vejo putos a ir para a escola com modelos de mochilas que já no meu tempo seriam consideradas ultrapassadas. São crianças que ainda brincam na rua, descem escorregas sem um adulto a segurá-las e vão para a escola de bicicleta. Se vos disser que até os que andam no infantário vão de bicicleta/triciclo para a escola, asseguro-vos que não estou a mentir. Vão com os pais, mas vão. Dá-me sempre a ideia que às crianças aqui é-lhes dada a liberdade para ser crianças. Um luxo.

 

Quando comento estas coisas em Portugal, pais dizem-me “pois, eu sei que é melhor assim, mas eu não consigo” e eu dou muitas vezes a tentar que simplesmente é falta de paciência. Paciência para ensinar como se faz. Paciência para ver a criança tentar, errar e corrigir. Afinal, chegar e "fazer por" é mais fácil, mais rápido e menos arriscado. 

Muitas vezes esta falta paciência, é apresentada como um medo - “ai que o menino cai, bate a cabeça e morre” ou “ai que o menino mete isso à boca, tem veneno e morre” ou “ai que o menino apanha frio, fica constipado, logo vira pneumonia e morre”!

A minha avó aos 5 anos conseguiu que eu conseguisse parar de roer as unhas, porque me diziam que tinham veneno e eu poderia morrer. Eu aos 5 anos sabia pouca coisa da vida, mas tinha claro que não queria morrer.

A minha avó dizia a minha irmã para não se aproximar dos animais de rua, porque eles mordiam - possivelmente foi bem mais chata com ela do que comigo, para evitar que ela levasse tanto bicho moribundo lá para casa. Resultado? A minha irmã ainda hoje mal toca num bicho - seja coelho, gato ou cão.

 

Quando eu digo estas coisas em Portugal, sobre a educação na Alemanha, outra contra-resposta comum é o “mas eles são muito frios com os putos”! Oi? E isso quer dizer o quê? Quer dizer que não beijam? Quer dizer que não abraçam? Quer dizer que não amam ou exprimem amor? Qual é a relação entre promover a autonomia de uma criança e ter uma relação afectiva em modo Polo Norte?

 

Mea-culpa

Eu não tenho filhos, atirem essas pedras! Sei que há coisas que não são as melhores práticas e que se um dia os tiver, possivelmente farei: pô-lo a ver desenhos animados para me deixar em paz, dar-lhe o telemóvel para a mão para que coma e afins, mas em algumas coisas, espero ser, nem que seja só um bocadinho, mais alemã! Dar asas, espaço e espaço para que caia e se volte a levantar.

 

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Eu sempre disse que gostava mais da bicicleta do que de chocolates, mas agora tenho a certeza!

A bicha andava mal! Havia dias que os pedais, nem para a frente, nem para trás e lá acabava por ser eu a passeá-la, em vez do contrário. Levei-a ao doutor das bicicletas, que imperiosamente disse que a minha pequenina era velha! Obrigadinha! Como se nesta terra valesse a pena ter uma novinha em folha, cheia de mudanças e capaz de subir montes e como se um mês de inverno em Berlim não fosse suficiente para acabar com a desgraçada! Isso, ou esperar que algum ladrão a levasse - são gente esperta, só levam as boas. Adiante! Dilema e moral da história: custa-me mais arranjá-la do que comprar uma nova.

 

Sempre gozei com as pessoas que davam beijinhos aos carros e agora… agora olhem para mim!

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Caramba! Portugal até parece um país de primeiro mundo! Por fim, a montanha pariu e na lista de acusados da Operação Marquês é ver um ex-Primeiro Ministro, admnistradores da PT e de bancos, inclusive o dono disto tudo na lista de acusados! Até-se-me dá uma emoção!

 

Obviamente que tudo demorou tudo muito tempo - estamos desde 2013 à espera deste dia, certo? Mas quatro anos depois, 200 buscas feitas, 200 testemunhas ouvidas e mais de 500 contas bancárias escrutinadas, há por fim um caso! E onde é que antes, em Portugal isto aconteceu? Humm?

Onde é que antes, em Portugal, se viu um Primiero Ministro e bancários a serem acusados do que quer que seja?!

Não, a corrupção não foi inventada recentemente, nem sequer é coisa nova por cá! Por isso, deixem-me estar um bocadinho satisfeita, mesmo sabendo que tudo deveria ter sido mais rápido e melhor.

Que se faça justiça, que as montanham não acabem a parir ratinhos, porque precisamos todos de um pouco mais de confiança na justiça... isso e ver culpados a sofrerem consequências. Se depois voltam a ganhar eleições, bem isso já é outro tema!

 

Filhos na casa dos 30 a viver em casa dos pais, sem contribuir nada para as contas domésticas.

Pais que defendem a ideia “meu riquinho filhinho, tão precioso e coitadinho, não trabalhes que te cansas. Nós compramos-te um carro, limpamos a roupa e ainda te cozinhamos todos os dias”

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Tirando situações pontuais (desemprego, doença, etc.), custa-me ver a relação de dependência entre pais e filhos e filhos pais. Eu gosto muito dos meus pais, eu sei que eles gostam muito de mim, mas se nesta altura do campeonato por preguiça ou por inércia, eu ainda vivesse na casa deles, elas já me teriam dado (e bem!) um pontapé no rabinho.

 

Também por isso não entendo, quando vejo gente adulta, com trabalho, a pagar impostos e com direito a votar, a mentir aos pais sobre A, B e C (tipo: eu fumo ou eu vivo com o meu namorado(a) e afins), porque os pais não vão gostar ou são contra! Como se a mentira fosse o preço do amor ou como se sem mentira não houvesse amor.

Novamente, eu gosto muito dos meus pais, mas não me vou casar porque eles querem, nem mentir sobre decisões importantes na minha vida e afins.

Chegamos ao ponto em que somos todos adultos e isso é bom. Ok, ok… os filhos são sempre crianças aos olhos dos pais, mas o ultra-proteccionismo e a infantilização também não são, acho, formas saudáveis de amor!

 

Ouvi há tempos a história de uma mãe que se matava a trabalhar para sustentar os filhos, ambos já na casa dos 20! Os dois filhos não faziam nada de nada, mas tinham telemóveis XPTO!

Sei ainda de pessoas que se casam, gastam rios de dinheiro no casamento, só para agradar aos pais! Por eles, casavam-se na praia, evitavam o padre… mas os pais! Ai os pais! Os mesmo pais que fumam, mas que deixariam de falar com um filho, por ele fumar! Epa, a sério?

 

Ser pai e mãe é preparar e deixar ir e libertar. Já sei que não tenho filhos, já sei que me vai cair em cima e que os telhados de vidro são foooo…..! Mas o que eu sempre ouvi, sobretudo da minha mãe, era “ela tem de aprender a fazer” ou “ela tem de se desenrascar”! E um bocadinho de bom senso no amor? Mais: é isto amor?

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