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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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1. Não adiarás mais

2017 vai ser o ano! Acabou-se o discurso do "ai, se eu tivesse tempo", "ai, se eu tivesse dinheiro" e mimimi! Este vai ser o ano de planear e fazer as coisas a acontecer. Não importa se é falamos de largar tudo e viajar pelo mundo ou de um fim-de-semana sem os putos em Ponte de Lima. Define o destino e começa a trabalhar para isto.

 

 

2. Pouparás para viajar

Em 2017 vais poupar para viajar, define quais as tuas prioridades. A próxima vez que fores comprar umas calças ou beber a segunda cerveja pensa no que podes poupar pondo esse dinheiro de lado. Por menos de um euro já almoças na Índia e por 2' euros já podes comprar um voo low cost para Paris.

 

 

3. Serás um bom viajante

Um bom viajante não se esquece que não está sozinho no mundo, nem que é graças a gente que trabalha, que ele pode viajar. Ou seja um bom viajante não faz isto, nem isto, nem participar nisto, ok?

 

 

4. Serás um viajante consciente

Um viajante consciente é alguém que pensa para além do seu próprio umbigo, que se preocupa e que sabe que o turismo também tem um lado perverso e negativo. Isso implica, por exemplo, não andar de elefante, nem contribuir para outras actividades onde os animais são mal-tratados; não dando dinheiro a crianças (contribuam antes para ONG's locais) e, claro, coisas tão básicas e simples como não deitar o lixo para o chão ou não tirar fotografias com flash em locais onde tal não é permitido.
Além do cuidado e respeito pela cultura e país que visita, lembre-se que há ainda locais que correm o risco de desaparecer, sendo importante respeitar este mundinho por onde andamos e vivemos.

 

 

5. Farás uma viagem sozinho

Tempo sozinho é precioso! Em 2017, dê-se uma oportunidade para viajar e conhecer novos sítios sozinho ou revisitar antigos. Sim, por sua conta, sem ninguém. Só você e você. Mesmo que seja apenas uma ida de um dia a Évora. Permita-se estar consigo e explorar algo novo. Até porque: viajar sozinho é bom!

 

 

6. Acabas com os macaquinhos e vais viajar de vez

Se depois de tudo isto ainda não estás convencido(a) e ainda usas argumentos como "viajar é para ricos" ou "lá fora é tudo mais caro", por favor lê ISTO! Viajar é para todos! E é bom!

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Em Berlim, a questão nunca foi "se" iria haver um atentado, mas sim "quando" iria acontecer. Quando ocorreu o atentado ao Mercado de Natal de Breitscheidplatz, que matou 12 pessoas e feriu cerca de 50, eu estava em Portugal.

Como Berliner que já me sinto, soube desde o primeiro minuto que Berlim iria superar isto, que as pessoas iriam sair de casa no dia seguinte e continuar com a vida de todos os dias. Ao contrário do que aconteceu em Nice, em que todos se uniram para cantar a Marselhesa, Berlim iria continuar firme, até porque Berlim é muitos: muitos países, muitas vozes, muitas línguas, muitas culturas, muitas vidas, muitas vontades. Já o resto da Alemanha, eu não sei! Ainda mais porque em 2017 haverá eleições e a extrema-direita foi a primeira a criticar Merkel, publicando um cartaz dela, com as mãos cheias de sangue, numa alusão às políticas de acolhimento refugiados na Alemanha da chanceler.
Como dizia, Berlim está preparada: sem nacionalismos, sem extremismos; já o resto da Alemanha, eu não sei. Até porque vivendo aqui, posso assegurar que a Merkel está muito longe de ser o pior da Alemanha ou até da Europa.

No Porto

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 Os Jamigos!

Os croissants do Porto são os melhores!

E este sol?

Francesinha ou arroz de polvo?

Make Porto podre again!

Reconhecer a seriedade de quem (ainda) vende minis a 50 cêntimos no centro do Porto.

Ir ao S. João ver o Climas do Circolando. Muito bom. Muito bom.

Pessoas que são o Porto e sentem o Porto. Pessoas de Ermesinde.

As pessoas estão mais felizes.

 

 

Em Coimbra

 

Casa. 

Coimbra continua a mais linda!

Lençóis polares. Pijama polar. 87 mil cobertores e botija de água quente.

E este sol?

Os croissants da Arco Íris são os melhores!

O Mandarim abriu? O quê? É um bar de "shots"?

Perguntaram-me se era caloira e disseram que era lovely.

Ir beber café e acabar a ouvir fado de Coimbra. 

Ir ao Salão Brasil ver um espectáculo e continuar tudo igual.

Nunca mais é Natal. Estou cheia. O Natal já passou.

A minha avó é a rainha do Snapchat.

As pessoas estão mais felizes.

 

 

Em Lisboa

E este sol?

As pessoas estão mais felizes.

Miss Japa fechado oooooooooooh!

Gente que compra casa. Gente que se vai casar. Gente.

Não me lembrar onde fica o Purex.

Ficava mais uns dias.

E se eu voltasse para Portugal?

O que seria da vida sem uma boa polemicazinha, não é verdade, minhas jóias? E já que o mundo lá fora está que dói - ele é a Síria, o ataque de Berlim, a fome que continua, a violência que mata; foquemo-nos, então, nas coisas sérias e importares do mundo, até porque rir ainda é o melhor remédio!

"E o que aconteceu agora, Maria?" perguntam vocês!

Olhem pessoas mai-lindas: depois das mariquices do RAP, novo drama e novo horror e nova  tragédia! Menos mal que a Fernanda Câncio, jornalista do DN, está sempre alerta para nos chamar atenção dos verdadeiros flagelos mundiais. A gravidade é tanta, que limito-me a fazer copy paste, longe de mim reproduzir tão vis palavras:

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Roubadinho do humorista Rui Cruz, aqui, que isso é gente que já se sabe não tem noção do limite e vai arder no inferno. Diz a Fernanda que desejar "Santo Natal" é sem noção, que há que lutar contra as discriminações, pois é importante respeitar as religiões dos outros. Menos mal que a Fernanda Câncio está atenta, veio corrigir costumes... até porque eu, uma confessa alérgica à Igreja e ao Vaticano, já andava a planear uma bombita, uma pequenita, por cada vez que me disseram semelhante ofensa!

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Quando estalou o tema da Cornucópia, estava eu a meter-me num avião. Fiquei triste. É sempre triste ver uma casa fechar, uma casa de artes, de inspiração e de cultura. Não se trata de gostar ou não gostar do que faz a Cornucópia. De gostar ou não do Cintra. A Cornucópia é uma casa com quase 50 anos, um marco no teatro nacional e por onde passaram grandes Artistas - e por artistas não falo apenas de actores, falo de encenadores, cenógrafos, responsáveis pelos figurinos e pela maquilhagem.

 

Quando depois li a entrevista do Luís Miguem Cintra ao Público fiquei com os nervos em franja. A Cornucópia recebe da DGArtes cerca de 300 mil euros para um período de quatro anos. Segunda Cintra, esse valor é insuficiente para o nível a que a Cornucópia está habituada a trabalhar e, por isso, têm de fechar - é justo! E note-se que falamos de uma companhia que chegou a receber 600 mil euros por ano do Estado! Não me compete a mim dizer à equipa da Cornucópia que se adaptem, pois os tempos são outros. Entendo perfeitamente que há padrões aos quais estão habituados e parece-me justo, que assim queiram seguir. Só me deixa triste que a reflexão não se tenha estendido aos restantes núcleos artísticos de Portugal.

 

A cultura em Portugal, aliás fazer cultura em Portugal é extremamente difícil. Extremamente precário. Quando este ano, a meio do semestre a DGArtes cancelou financiamentos, inúmeros grupos ficaram com a vida suspensa e espectáculos cancelados. Isso significa falta de oferta cultural, mas também dinheiro que não entra. Companhias que não desenvolvem trabalho. Público sem espectáculos. Artistas sem salário.

 

Podemos discutir aqui o estado da cultura em Portugal, do horror e até injustiça deste esquema da DGArtes e de subsidio-dependência. Podemos falar também do alto que é o IVA na cultura. Ou discutir sobre a preferência dos portugueses, que gastam mais dinheiro na Zara do que a ir ao teatro. Ou até dos escassos apoios que as câmaras e autoridades locais dão aos “seus” artistas - em Guimarães, a Câmara Municipal paga todos os meses o aluguer da Fábrica, não o cedendo a artistas para espectáculos. Ora se o aluguer está pago, por que não? Recentemente, o vereador da Cultura da Câmara de Coimbra disse que com “umas sandes” os pagamentos ficavam feitos! Mesmo a Gulbenkian, que depois da DGArtes, deve ser o organismo cultural que mais apoios dá em Portugal, muitas vezes paga viagens e nada mais. O resto é pago pelos profissionais do próprio bolso.

 

A Cornucópia vai mesmo fechar e, a meu ver, é bom que não se tenha convertido na excepção à regra. Não acho que a Cornucópia tenha que se saber adaptar ou que tenha de viver com menos. Também lamento e me preocupa MUITO todos os artistas que em Portugal vivem e trabalham de forma tão precária - sim, e eu sei do que falo, Tenha pena que o fim da Cornucópia não tenha sido usado para repensar a cultura em Portugal. Até porque todos os dias são muitos os grupos que terminam e fecham portas, sem que isso seja noticia.

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