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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

Aliás, como eu sou uma pessoa muito inclusiva, o verdadeiro título deveria ser "Pessoas que não deviam andar de transportes públicos em hora de ponta".

Acabo de passar 20 minutos feito sardinha no metro ("Mas oh Maria, tu não andavas de bicicleta em Berlim?" perguntam vocês sagazmente e eu respondo "Andava, sim; mas desde ontem que quase cuspi um pulmão com o frio, que me resignei ao quente do metro!). Dizia eu, hoje vim de metro e em hora de ponta, ou seja, já se pode imaginar: metro CHEIO! E foi-me calhar, uma daquelas miúdas com o cabelo quase até ao cu, que veio toda a viagem a roçar-se em mim - o cabelo, não a cachopa! Era nas mãos, no livro,... eu bem o afastava, mas em vão. Ainda tentei virar-me para o outro lado, mas o cabelo insitia e, claro, sorte das sortes, as vistas davam para o belo espectáculo, que incluía um casal a ponto de cupular! E foi assim, enquanto pensava em cortar o cabelo às tesouradas da catraia e um show gratuito de porno, que me lembrei deste belíssimo post, e cheio de utilidade pública, para quem viaja de transportes públicos em Lisboa ou por essa Europa fora. Se isto não merece uma petição e uma discussão na Assembleia da República, nada mais merece! Cá vamos à lista!

 

(Obviamente) gente de cabelo comprido

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E se tiverem pontas espigadas, deveriam ser sujeitas a um castigo ainda maior! Raios partam essa gente de cabelo indomável, pá! Amarrem-no! Ninguém tem que levar com o vosso cabelo enquanto viaja!

 

 

Pessoas que cortam as unhas. Pessoas que roem as unhas.

Sinceramente, não vejo uma grande diferença entre uma coisa e outra. Eu vivo bem com gente que se maquilha no metro, acho uma arte e admiro-lhes o talento e a precisão. Passageiros que comem (desde que não sejam sardinhas), também não me apoquentam! Já gente que deixa cair unhas, sejam elas via corta-unhas ou fruto de uma cuspidela, é gente que não me cai no goto. 

 

 

Casais na marmelada

Há lá pior do que ter de ver a troca de saliva alheia?! Não falo de umas beijocas, nem de abracinhos - eu sou uma alma que gosta do amor! Mas casais com fome e ávidos na troca de fluidos, deixam-me angustiada. Fico sempre com medo de que aquela gente se esqueça de respirar.

 

 

Passageiros que ouvem MÁ música aos berros

Primeiro ponto, os japoneses (acho) inventaram os phones: usem-nos. Depois, nunca percebo, porque raio é que as pessoas que põem música para todos ouvir, são sempre pessoas com mau gosto musical. Acham que haverá alguma relação?

 

 

Gente que experimente os toques de telemóvel

Juro, juro, juro... não tenha paciência e esta é daquelas que me faz fazer cara de mau olhado. Quando vivia em Portugal, apanhava frequentemente um autocarro junto à Vodafone. Não havia semana, em que não houvesse uma alminha que não fosse na viagem de autocarro a testar os toques do bicho novo. Pessoas, FAÇAM-NO EM CASA!

 

Contem-me tudo, esqueci-me de alguém?

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Digam-me toda a verdade, haviam mesmo centenas de pessoas a receber os reis de Espanha no Porto?

Se souberem também onde é que foram buscar aquelas bandeirinhas de Espanha, digam-me, porque eu ainda estou assim meia que em choque!

 

Primeiro, por ver portuenses de uma república a aglomerarem-se para dizer hola ao Filipe e à Letizia e depois, por ver portugueses tão felizes com bandeiras de Espanha. Em cinco anos em Madrid, nunca nenhuma destas duas almas conseguiram ser aplaudidas num mesmo espaço por centenas de espanhóis - falo sério. Nem na aclamação isso aconteceu, excepto no Congresso. Por mais que os ângulos das fotografias publicadas na imprensa tentem mostrar o oposto, em Espanha não saem de centenas de pessoas à rua por eles, assim que, por favor, alguém me esclareça isto. Agradecida! 

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O Fidel Castro morreu e agora? O drama e o horror que jornalistas de todo o mundo parecem sofrer na hora de escrever o obituário desta alma. Parece que ou ele era bom, revolucionário, inteligentíssimo e cheio de ideologia ou, então, era mau como as cobras. Um ditador e tirano, responsável pela morte de milhares e pela pobreza de muitos mais. Até porque se é verdade que em Cuba não há crianças na rua e a educação é gratuita; também é um facto, que todos os que se atreveram a dizer "Fidel, isto se calhar não é bem assim" não estão cá para contar.

Os jornalistas e o mundo parecem ter dificuldade em lidar com esta dualidade humana! Como se  os comuns dos mortas se dividissem em bons em maus, em espectaculares ou em bestas. Ser humano é ser capaz do melhor e do pior. Dizer que Hitler era inteligente não faz dele fofinho; assumir que Salazar equilibrou as contas públicas, não me faz ter saudades dele... e o mesmo com Fidel. Numa coisa, ele possivelmente sempre teve razão: a História irá mesmo absolvê-lo. Quanto à revolução, agora espero que sejam os cubanos quem mais ordena.

Quanto a ti Fidel, descansa em paz, amigo e se vires o Che Guevara, dá-lhe um beijinho da minha parte.

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O que é a gentrificação?

Entende-se por gentrificação o processo de modificação dos espaços urbanos. A palavra surgiu nos anos 60, quando os gentry, gente fina, ligada à nobreza e com poder económico, começou a ocupar bairros pobres da periferia de Inglaterra, em busca de casas e rendas mais baratas. Com a chegada de novos vizinhos, dá-se a transformação do local, uma transformação de alto nível, enriquecendo/enobrecendo, assim, o local. Este, na teoria, é o lado bom da coisa.

 

O problema da gentrificação é que acaba muitas vezes por contribuir para a perda do seu lado castiço e popular dos bairros e, mais grave, culminando na expulsão dos antigos habitantes, que por razões económicas acabam por ter de abandonar o bairro. Quando falamos de gentrificação não estamos a falar de restaurantes vegans, escolas de ioga ou tascas a serem substituídas por espaços gourmet. Falamos de um processo que implica a substituição de um grupo por um outro, cujo poder económico e aquisitivo é maior.

Nos anos 80, depois do boom dos (horrorosos) bairros sociais, a gentrificação foi vista como algo bom. Artistas, jovens profissionais, casais sem filhos iam viver para bairros da periferia, porque queriam bairros mais baratos. Isso aconteceu em Nova York nos bairros deSoho ouHarlem. Em Berlim, emKreuzberg ou Friedrichshain. No Rio de Janeiro, nos bairros de Botafogo e Flamengo. Ou seja, agentrificação é um processo global, que literalmente toca a todos.

 

No entanto, se há décadas atrás, esse era um fenómeno positivo, que contribuía para uma nova vida nos bairros mais cadenciados e normalmente associados a problemas como a toxicodependecia, actualmente a coisa não funciona assim. Muitos acusam os processos de gentrificação na Europa de descaracterizarem vários bairros no centro das cidades, obrigando os antigos habitantes a moverem-se. É que hoje em dia, com a gentrificação não vem apenas o café com bolos vegan. Vem também a especulação imobiliária e o aumento de rendas.

 

Berlim era conhecida como a meca das rendas baratas na Europa. Hoje em dia, encontrar trabalho em Berlim é bem mais fácil do que encontrar um quarto ou alugar uma casa. A procura é imensa e os preços não param de subir. A velhinha Berlim com rendas de 400 euros não existe mais - com sorte um quarto!

Algumas associações em Berlim, dedicam-se a proteger e a oferecer consultoria legal àqueles que habitam que vêem agora os senhorios a querer dobrar as rendas. Aqueles que não aceitam ou simplesmente não podem pagar, acabam por ter de sair e ir para outros bairros mais periféricos, em busca de rendas mais baixas.

 

Sim, é verdade em que vivemos numa cidade de consumo; quem tem dinheiro, paga e a procura determina o preço. No entanto, não deveria ser assim tão simples e esta é, a meu ver, uma questão que merece mais do que um encolher de ombros. Primeiro, as cidades deviam ser para as pessoas - note-se para pessoas, não me venham com as tretas de Lisboa para os Lisboetas, ok?! Ter uma casa é um bem essencial e é muito perigoso quanto temas como alugar ou compra e venda ficam na mão de mercados e respectivas especulações. Afinal, isso significa também um mercado (e consequentemente um Estado), mais preocupado com proprietários do que com arrendatários e com os seus direitos. Na Alemanha, onde há leis para tudo, há histórias de idosos a quem lhes dizem: “O aluguer agora é 900. Paga? Não paga, então saia!”. 

 

A meu ver, faz falta estudar e saber o que se passa depois com estas pessoas: de que forma é a qualidade de vida delas é depois afectada? No novo bairro encontram os serviços que antes possuíam - escola, centro de saúde, supermercados, etc.? Como podem ser estas famílias ser compensadas? Que apoios recebem?

 

Veja-se Lisboa, se nos anos 90 havia a preocupação da carência de jovens na baixa, hoje em dia, viver lá tornou-se impossível: demasiado caro! Nos bairros de Alfama, Graça ou até mesmo no Campo de Ourique, já não há vizinhos: há turistas. A mercearia foi substituída pela loja de recuerdos. Que futuro pode ter uma cidade assim?

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A Transparency International publicou o Barómetro Global da Corrupção, onde diz coisas como:

  • Mais de 80% dos Portugueses acham que o Estado deixa-se influenciar por representantes de grande poder económico;
  • O parlamento, as empresas e as câmaras são os sectores mais expostos à corrupção;
  • 51% dos Portugueses considera a corrupção um problema político, ao qual o Estado deveria dar mais importância;
  • 48% defende que a corrupção em Portugal tem piorado;
  • 39% diz não ver melhorias;
  • 34% dos Portugueses acredita que os deputados estão de alguma forma envolvidos em casos de corrupção. Quanto às autarquias, o valor passa para 31% e nas empresas 32%. O mesmo valor recai sobre os funcionários do Gabinete do Presidente da República;
  • … e os números continuam.

Portugal, assim como outros países no sul da Europa, como Espanha ou Itália, mais do que problemas de corrupção, tem a meu ver uma verdadeira cultura de corrupção. Se não vejamos:

 

No café, o empregado engana-se no troco e dá-lhe 1 euro mais. Você:

  1. Volta atrás e devolve o dinheiro
  2. Encolhe os ombros, pensa “azar o dele, sorte a minha” e segue caminho
  3. Fica com o dinheiro e com o sentimento de culpa

 

Durante os tempos da universidade, tive alguns colegas que tinham carro ou os pais tinham dois carros e que mesmo assim recebiam bolsa e outros benefícios dos Serviços Sociais. Em Portugal, inclusive, parece não haver pudor em contar esquemas usados para pagar menos impostos. É, por coisas como estas, que defendo que existe em Portugal uma verdadeira cultura de corrupção. Encolhemos os ombros; fazemos o mesmo, porque "se o vizinho pode, eu também"; aocstumamo-nos a viver com a situação e já achamos tudo normal! Não se enraíza a ideia de que,por exemplos, ao não pagar impostos, estamos roubar a nós mesmos. Sim, porque o Estado somos nós. Todos nós.

 

Obviamente, que a inércia da Justiça também não ajuda. Os casos demoram anos, muitos acabam por prescrever e apesar da legislação ser fraquinha, não se vê nem um deputado a tomar a iniciativa para proceder a alterações. Da minha parte, não me interessa que os corruptos apodreçam na cadeia. Por mim, que devolvam o dinheiro e fiquem impedidos de exercer cargos públicos estaria já seria bastante bom. O pior mesmo é ver a inércia e ainda pior, ver que quando por fim os “maus” são apanhados e ainda assim conseguem ganhar eleições - sim, que este Portugal tão escandalizado com Trump, parece ter-se esquecido do Isaltino ou da Fátima Felgueiras. Nesta lógica, se um dia o Socrates chega a presidente não me surpreenderia! Obviamente que o Estado tem que agir, tem dele de partir o exemplo. No entanto, compete-nos todos nós, cidadãos, começar por dar o exemplo e agir em conformidade. É que até ficar com aquele euro a mais, é uma forma de corrupção. Estamos a ficar com dinheiro indevido, dinheiro que não é nosso. E começa-se, aliás, começamos assim, em pequena escala!

https://twitter.com/remonwangxt/status/796218429631918080/photo/1?ref_src=twsrc%5Etfw

 

Hoje li um artigo no The Guardian que falava da derrota dos jornalistas, referindo-se à vitória do Trump. Um artigo do Miguel Esteves Cardoso no Público falava do mesmo ontem, “Trump ganhou. Nós perdemos. Por nós quero eu dizer os meios de comunicação social dos EUA e da Europa”.

 

Ontem mesmo escrevia sobre isso. Nunca um candidato político foi tão atacado pelos media. Houve até jornais que colocavam noticias sobre o Trump na secção de entretenimento e não na de política. Não digo que o homem seja santo, nem fofo; mas é um facto, nunca um candidato foi tão atacado como ele! Celebridades como Ellen, Robert De Niro e tantas outras mais estavam claramente contra ele. Trump tornou-se num boneco humorístico. Mais todas as sondagens (ai as sondagens!) anunciavam a Clinton como vencedora e todas com grandes margens. Até mesmo os jornais normalmente conservadores e de direita, o davam como derrotado.

 

Afinal, o que é que aconteceu aqui?

Houve obviamente uma agenda política. A Hillary foi sempre levada ao colinho, nada que fazia ou dizia era questionável e apenas abria a boca para dizer “eu sou a mais bem preparada” e “olhem para ele” (Trump). Do Trump lembramo-nos que queria mandar os Mexicanos construir e pagar um muro e de outras quantas idiotices mais e dela? Alguma ideia? Qual o program eleitoral?

 

É um momento para reflectir 90283 mil coisas, mas espero que também os meios de comunicação social façam a sua reflexão. Espero, sinceramente, que voltem atrás aos tempos de escola e voltem a repetir palavras como “o jornalista tem de ser imparcial, rigoroso e objectivo” ou “o papel do jornalismo é informar”, deixando a parte de formar opiniões ao critério de cada um. Os jornalistas ainda não se aperceberam, que enquanto eles já estão na era online, muitos dos seus eleitores não.

 

O público mais informado tem cada vez mais tem dificuldade em engolir agendas mediáticas, pois procura várias fontes de informação. O descrédito nas velhas políticas e políticos é cada vez maior. A razão? Sabemos cada vez mais. A tal geração dos Millennials, nascida nos anos 80, votou em Clinton em massa. Há dados que mostram que por eles, ela teria ganho claramente. No entanto, antes disso, não nos podemos esquecer que a opção desta geração era Bernie Sanders, que tal como Trump, representa tudo que a Clinton é: um não político, de família política e de relações e interesses duvidosos, que pisca olho a bancos e guerras - não, o Trump diz barbaridades, mas ele não possui (ainda pelo menos) estas relações! O Sanders foi um candidato que sofreu e acabou por ser afastado, mesmo depois de ter ficado provado a forma desigual com que os media o tratavam, quando comparado com Clinton - cujos emails revelados, acabaram por demonstrar que ela tinha recebido as perguntas antes do debate, por exemplo. Esta proximidade entre jornalistas e políticos,   não é apenas perigosa para a credibilidade dos media, mas também para a sua apropria sobrevivência. Mais juizinho, senhores jornalistas.

09 Nov, 2016

Ai o Trump

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De repente, todos gostamos do Obama. Mesmo que ele tenha demorado a terminar com a guerra no Afeganistão, que Guantanamo continue aberto e que o Obamacare continue muito aquém daquilo que deveria ser o sistema de saúde de um dito país desenvolvido. E nem falemos da Síria!

 

De repente, a Hillary parece genial. Ela que não é nadinha preconceituosa, que não tem os bolsos cheios graças a Wall Street, com quem se solidariza e que nunca legislará. A mesma que esteve até á última para defender os casamentos homossexuais ou que se referiu num email, aos mexicanos como "tacos", quando mostrava solidariedade com o patrão e mandava os sindicatos ir trabalhar!

 

De repente, o Trump ganha. E o povo é ignorante e racista. Aliás, o povo deixa de ser soberano e passa a ser burro, afinal só quando nos dá jeito é que o povo sabe. Cá estamos nós, sempre a fazer os mesmos erros. Durante toda esta campanha até mesmo os jornais mais de direita, atacaram o Trump, como nunca se tinha visto antes. E não me venham com coisas, porque sim, ele é mau, mas o Ted Cruz com padres homofóbicos em comícios, não defendia coisas muito diferentes. Voltemos ao Trump. Quando se falava dos seus apoiantes, apresentavam-nos como saloios e ignorantes e racistas - caricaturas. Este é o resultado deste mundo de Likes, onde no final de um debate se falava mais sobre quantas vezes bufou o Trump na TV do que das ideias discutidas. E não, não se pense que isto é novo. Nadinha. Lembram-se do Brexit? Lembram-se da manhã de 2016 em que acordamos todos sem saber que mundo era este?

 

Talvez as pessoas tenham votado nele, apenas porque melhor votar no desconhecido e no incerto, do que naquilo que já sabem como é. Já todos sabem o que esperar da Clinton ou de um Reino Unido na Inglaterra. Na política dos EUA e do mundo faltam opções, falta credibilidade, falta seriedade!

 

No fundo, ver o Trump ganhar, é mais do que qualquer outra coisa, a prova de que mesmo com acusações de assédio e de abuso sexual, um homem consegue chegar a um cargo de poder.

O pior desta vitória é saber que muitos dos que votaram nele (e não só), vão-se sentir legitimados e autorizados para insultar e agredir gratuitamente. Aguardam-se, com muito pesar, os próximos episódios. Afinal, no meio disto tudo, quem se lixa são sempre os mesmos! 

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