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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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24 Jul, 2015

O cinema na Índia

Fim do dia em Goa e lá fomos nós ao cinema! Queríamos ir ver uma daquelas comédias indianas bem Bolywood como muito bailarico e canto e cor pelo meio! Uma historia de amor, protagonizada pela jeitosa atrevida de 20 e poucos anos e pelo galã de bigodaço com quase 50!

Chegamos e não havia nada, assim que fomos ver um dramalhão, nem um bailinho houve, mas foi giro! Para ser sincera, já nem me lembro do filme.
Sinceramente, a memória que tenho, é que nem percebi bem o filme, que era uma misturada de hindi com inglês!

O que mais me ficou na memória foi pensar em como a Índia no cinema, não tinha nada (nadinha mesmo!) a ver com a Índia da rua! Tudo aparecia limpinho, ninguém vestia um sari, as roupas e a decorações das casas eram todas super-hiper-mega modernas, de design e um verdadeiro luxo! Enfim, uma Índia que eu nunca vi.
Quando apareciam cenas filmadas na rua ou dentro de um carro, era ainda mais engraçado! Zero trânsito! Zero confusão! E era só ver carros topo de gama a conduzir em estradas impecáveis.

Mas possivelmente, o mais interessante, foi o momento anterior ao filme. começa-se a ouvir um tan-tan-tan e no écran aparece a bandeira do país! Mão no coração e de pé, eram vê-los a todos a cantar o hino!

Também foi fofo, o momento em que passei três minutos de olhos fechados. O motivo? A campanha anti-tabaco! As imagens de doentes eram simplesmente assustadoras, a  fazer parecer os "nossos" maças de tabaco, brincadeiras de crianças!

Não sei porquê, mas lembrei-me disto!

 

 

 

 

Ora, então, pois que eu vou a Portugal!

 

Eu, emigra moderna, não vou à festa do povo, nem ao bailarico! Vou ao festival! Os festivais de verão estão para os novos emigrantes, como as festas do povo para os antigos emigrantes! Os Blur são o meu Tony e os Drums a minha Micaela!

Mas a verdade é só uma e só quem é emigra entende o stress e a importância do "querido mês de Agosto!"

Voltar à terra por cinco dias é um stress, não dá para nada, não dá com nada, não serve para nada! Como ver toda a gente? Como meter na agenda: comidas com família, copos com amigos, festival, ver os amigos que vivem na aldeia, os amigos das cidades, dar beijinhos à avó, ir à praia, comer uma francesinha, malhar um moscatel e dormir até às 11h! Pois, eu não sei!

 

Quando eu mandar no mundo, decretarei que todos os emigras deste mundo terão direito ao mês de Agosto na sua terra natal, como um mês extra férias! Votem em mim!

 

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A maior mentira que nos contam quando chegamos a Madrid é que não faz falta a praia! Aliás, se Madrid tivesse praia seria Barcelona.

 

Estão 40 graus nesta cidade! As piscinas municipais estão cheias e os lagos, pântanos (sim, sim, aqui as pessoas vão ao pântano refrescar-se!) e as poças de água mais perto, estão a duas horas de carro! E eu? Eu não vivo numa casa com piscina , trabalho e não tenho carro! Merdinha para isto!

08 Jul, 2015

Viajar sozinho?

Cada vez são mais as pessoas que vão viajar por esse mundo fora sozinhas! Porém, viajar sozinho ainda é um bicho de sete cabeças na cabeça de muita gente! Vamos?

 

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Istambul, Turquia 

 

Ir ou não ir?

Sempre ir! A minha primeira viagem sozinha foi à Polónia. Era suposto encontrar-me com amigos, mas no último momento, não puderam ir. Depois, foi Marraquexe, porque uma amiga teve problemas com o passaporte. Mais tarde, viajei pela Tailândia e por Laos sozinha. Se nas primeiras foi por obra do acaso, a última não! Estava eu no drama vou-não-vou!-Ai-Buda-que-vou-sozinha, quando um amigo que já lá tinha estado me disse para não ser tonta e ir! E tinha razão! Ir é sempre a melhor opção!

 

 

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 Paris, França

 

Estar sozinho não é para ti?
OK, eu compreendo essa parte. Compreendo que partilhar e ter com quem falar é bom, mas a verdade é que um viajante nunca está sozinho, seja metafórica ou literalmente. Aproveita a viagem não só para conhecer outras pessoas, mas sobretudo para te conheceres melhor. É tão raro estarmos sozinhos nos dias de hoje, que nem que seja por isso, uma viagem é sempre estimulante.

 

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 Marraquexe, Marrocos

 

Como assim, vou sozinho e conheço mais gente?!
Não é frase feita, é facto! É também facto, que quando estamos acompanhados, temos tendência a fechar-nos um pouco mais. Também quem está de fora se sente menos cómodo para meter conversa, conversar ou convidar.
Claro que também depende do país - no Japão, por exemplo, não senti que fosse muito fácil socializar, mas mesmo assim aconteceu! Por vezes, até os viajantes mais solitários, têm alguma dificuldade em estar sozinhos.
E lembra-te: também tu podes meter conversa, conversar ou convidar! O não está sempre garantido e depois disso, o céu é o limite!

 

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 Bangkok, Tailândia

 

E se EU não conheço ninguém? Se comigo é diferente? E se ninguém gosta de mim? E se...!
Conheces, vais ver que sim! São cada vez mais os hostels que promovem actividades com outros viajantes. E opções de hospedagem como o AirBnb ou CoachSurfing asseguram amigos ou uma cara conhecida na hora.

 

 

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 Índia

 

Para onde ir?
O mais importante é escolher um destino onde TU TE SINTAS SEGURO! A segurança é relativa e para que nos aconteça algo só é preciso estarmos vivos, não é assim? Lembro-me que, por causa dos meus amigos Peruanos, fui para o Peru cheia de cautelas e nada aconteceu! Quando fui para a Índia, o tema das violações a mulheres (inclusive estrangeiras) era o tema do momento e mesmo ali, sempre me senti segura. O mesmo no Irão! A verdade, é que a única vez que foi assaltada, foi em Madrid!
Concordo que é importante ir-se preparado e consoante o país tomar precauções, mas mais importante é estar confiante no país que se escolhe e isso, mais do que rankings de segurança e estatísticas policiais, é uma escolha que cabe a cada um! Caso contrário, os medos e os preconceitos vão ser sempre uma barreira.

 

 

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 Budapeste, Hungria

 

Importante: estar sozinho é bom!
Essa pressão da companhia, é muitas vezes fruto da cabecinha de cada um! Ou daquilo que achamos que os outros esperam! Alguém que viaja sozinho, janta sozinho ou está na praia sozinho, não tem que ser um anti-social ou um infeliz, ok? E aprende: estar sozinho é bom!
Recordo-me que com uma amiga minha em Paris, havia coisas que fazíamos separadas, simplesmente porque tínhamos interesses diferentes - e sim, continuamos amigas e eu gosto mesmo muito dela!

 

 

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 Shiraz, Irão

 

E se me acontecesse alguma coisa?
Pois, pode acontecer e nada melhor do que ter um seguro de viagens - há-os a vários preços. Mas também ir relaxado com o tema, há sempre algum hospital e em todos os países, as pessoas ficam doentes e se curam. Contigo será igual! Umas aspirinas, um Fenistil e um Betadine são sempre bons amigos  - isso e verificar antes os cuidados a ter em cada país (vacinas, comprimidos para a malária, repelente, protector solar, etc.).

 

 

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 Perto de Luang Prabang, Laos 

 

 

Sozinho não gasto mais dinheiro?

Bem, isso é relativo! Afinal, se vais com um(a) namorado(a) também divides as despesas, assim como com amigos, não é? E, acredita, um quarto para dez pessoas sai mais barato do que um de duas pessoas. E tal como tu, há mais gente a viajar e podem sempre partilhar gastos de transporte ou até quartos. Aqui ficam umas dicas para poupares dinheiro enquanto viajas.

 

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 Cracóvia, Polónia

 

 

O meu inglês não é muito bom
Bem, tens aqui uma motivação para o melhorar! O inglês ajuda sempre, se bem que a mímica e os gestos são o melhor meio de comunicação em muitos sítios. Viajar é também uma forma de aprender idiomas, afinal, nada como ter que falar, para aprender, right?

 

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 Tóquio, Japão

 

Eu sou mulher, não é pior?
Não, nada! Primeiro, exactamente por seres mulher, que és tão capaz como qualquer homem e que ninguém te convença do contrário! E verdade seja dita, muitas vezes somos um pouco beneficiadas pelo machismo. Segue a lógica: como somos mulheres, somos mais tontas/frágeis, logo necessitamos de ajuda! Muitas vezes, o machismo expressa-se em forma de paternalismo! E pensa, só o facto de estares ali, sozinha e a viajar, já estás a mudar mentalidades! Go girl!

E sim, a vida nem sempre é boa ou fácil para uma mulher que viaja (usar lenços, evitar decotes, homens que nos passam à frente, olhares indiscretos, etc.), mas isso também nos permite conhecer mais sobre o universo feminino e respeitar (ainda mais) as mulheres por esse mundo fora! Acredita, uma mulher tem muitas vezes acesso a coisas que um homem não possui, nem que seja pela cumplicidade feminina! Senti muito isso no Irão, por exemplo.

 

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 Madrid, Espanha

 

Liberdade! Autonomia!
Sim, podes ir onde quiseres, quando quiseres! Não precisas de fazer fretes, nem esperar por ninguém! Recordo-me em Chiang Mai (Tailândia) estar à espera de umas miúdas inglesas que tinha conhecido nessa tarde, que se estavam a arranjar! Demorei meia hora para cair em mim e pensar: "Deixa-me ir mas é à minha vida!"

 

 

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 Algures no Camboja

 

O que é eu ganho em viajar sozinho?
Hora do clichés E se é cliché ,é porque tem fundo de verdade. É inevitável que não acabes a viagem com um grande sentido de confiança e de realização! Mas mais importante: é também uma viagem de auto-conhecimento, não só porque passamos mais tempo connosco e nos conhecemos melhor, mas porque diariamente nos colocamos à prova e vamos testando limites!

 

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 Praia Jumala, na Letónia

 

E sabes qual é a melhor parte?
Depois da primeira, na próxima viagem estas dúvidas desaparecem. E podes passar directamente à fase de organizar a tua viagem. Só custa começar!

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 Floresta de bambus, no bairro Arashiyama, em Kyoto

 

Esta parte não sei se é verdade, eu só imagino.

Imagino que cresceu numa aldeia perto de Kyoto, nos anos 50. Teve amigos, com quem tomava batidos e com quem passeava pelas ruas de bicicleta. Com a família ia aos domingos pelo bosque e lia mangas à beira rio. A vida era igual à de toda a gente e estava bem assim! Mais tarde, tal como ele previa, os pais dissuadiram-no de ser pintor. Arquitectura era mais apropriado e seguro. Mudou-se para Kyoto! Como era grande! Como era diferente! alugou um quarto em cima do super-mercado, onde trabalhava quando não estava na universidade. Os pais tinham mais filhos, não podiam pagar tudo!

Também quando acabou a universidade tudo era igual: as noites no pequeno apartamento, onde só cabia um colchão, a enviar currículos e a preparar entrevistas. Durante o dia, lá andava ele, de metro em metro, de autocarro em autocarro! Os sapatos magoavam-lhe os pés e a gravata sufocava! Apertava mãos, sentava-se, recusava o copo de água por educação e limpava o suor das mãos às calças. Mais uma entrevista. Perguntas técnicas, perguntas traiçoeiras, perguntas abstractas, "onde se vê daqui a 20 anos?" ou "com que animal se identifica?"

A principal diferença agora é que agora estava sozinho na grande cidade. Os amigos da universidade estavam demasiados ocupados. A maioria, como ele, de entrevista em entrevista. Alguns amigos, poucos, já trabalhavam nas empresas da família. Um jantar ou uma noite de karaoke eram agora planos impossíveis! E ali estava ele, cada vez mais pequeno, mais só, mais triste!

Um dia decidiu ir-se embora. Pôs alguma roupa num saco de viagem, comprou um guia de viagens sobre a Europa e foi. 

 

O que eu sei mesmo, foi que recentemente, ele voltou ao Japão - ele sentia falta do verde do Japão! Nenhum lugar do mundo tem um verde daquela cor!

Ele agora está em Kyoto, pinta postais e vende-os aos turistas que passam pela floresta de bambu, no popular bairro de Arashiyama! Não se lembra da última vez que usou a gravata apertada ou uns sapatos fechados. Também não se lembra da última vez que não sorriu. Ele que agora fala inglês, espanhol, italiano e um pouco de alemão. Conhece a Europa melhor do que o Japão e sente falta do calor do Mediterrâneo.

Quando alguém pára junto dos seus postais, ele pergunta logo de onde é cada um. Imediatamente, ele abre um enorme atlas do mundo, onde cada país está representado em uma ou duas páginas (consoante o tamanho de cada país) e escreve o nome da pessoa, no atlas, marcando o lugar de onde cada um vem. Eu estreei o mapa de Portugal! Da China à Coreia, da Itália à Rússia, dos Estados Unidos à Argentina, de Marrocos a África do Sul, ele tem sempre uma palavra para dizer, nem que seja "obrigado" na língua nativa de cada um. E ele sorri. Sorri muito - mesmo aos que não compram.