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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Os limites do humor

15.06.15

twitter.censura.jpg

 

Longe de mim, achar que sou capaz de impor ou estabelecer limites ao humor. A meu ver, o humor não tem limites, eu sou menina para me rir de piadas de velhinhos e aleijados e não acho que isso me faz insensível, nem faz nascer em mim qualquer tipo de potencial para discriminar quem quer que seja. Pelo contrário! Gosto de humor negro, uso a ironia como se não houvesse amanhã e o sarcasmo é meu amigo. Aprecio humor negro e acho que a rir se corrigem costumes, se consciencializa e podemos ser todos mais felizes.

Se acho piada a tudo? Bem, depende da piada e da sua qualidade - e não do grupo visado!

 

A que propósito vem tudo isto?
Guillermo Zapata nem 48 horas esteve como "concejal" de Cultura y Deportes del Ayuntamiento de Madrid. Razão? Uns antigos tweets de 2011, com piadas negras. Aqui fica o mais polémico:

“¿Cómo meterías a cinco millones de judíos en un 600? En el cenicero”

 

O próprio defendeu-se com a liberdade de humor e depois meteu a mata, na minha opinião, com a história de que usava o Twitter para fazer experiências pessoais e que aquele tweet foi descontextualizado, que foi retirado de “una conversación sobre los límites del humor y aquello que se puede y no se puede decir en las redes y fuera de ellas". Ok, pode até ser ou não ser, o que importa? Porque razão não pode ele publicar ou achar piada ao tweet? Podia até estar a twitar para um amigo judeu! E mesmo que não estivesse...

Ok, este senhor tem agora um papel político, certos comentários não lhe ficam bem, nem piadinhas que deixam parte do mundo tão sensível - ainda que eu imagine uns quantos judeus a rirem-se com a piada ou até a ser dita em Seinfeld, mas avante! Todavia, num país como Espanha (e Portugal) onde políticos suspeitos e julgados em tribunal se candidatam e ganham eleições, este senhor demitiu-se sem ter tido sequer a oportunidade de começar, porque tweetou! Pois, sim, somos todos Charlie!

 

E depois, claro está, há ainda outras cem mil sitiuações, onde ninguém se demite. Engraçado!

Coisas que eu me lembro dos meus exames nacionais

14.06.15

 

Era 2004, ou seja, estava Portugal inteiro aos gritos pelo Figo e pelo Rui Costa e com bandeiras de Portugal à janela. Algumas, com mais verde que vermelho ou em modo 50%. O meu pai recusou-se a pôr bandeira, mas lá ia comendo amendoins e vendo os jogos.

Eu estudava e pelo meio via os jogos.
Recordo-me que no último jogo (Portugal x Grécia) pensar "que bom que acabaram os exames, hoje posso ir celebrar". Portugal perdeu, mas nós celebramos na mesma, afinal, os exames tinham acabado.
Lembro-me de fazer resumos, de fazer contas e mais contas para a média, de falar em frente ao espelho e de ora pensar, "isto dos exames é uma treta pegada", ora "ai-meu-deus-ai-meu-deus"! Não tomei comprimidos, dormia que nem um anjinho e a vida era boa.

Lembro-me sobretudo do nervosinho (ou excitação) que sentíamos todos no primeiro exame, sobretudo devido a toda a formalidade - os exames vinham fechados, estávamos todos sentados por ordem alfabética, os professores conferiam o nome no BI.
Em 2004 todos pensámos que o exame nacional de português seria sobre Sophia de Mello Breyner, que tinha morrido recentemente. Saiu o "Felizmente há luar" de Luís de Stau Monteiro.
Neste primeiro exame, saí feliz da vida! Tinha corrido muito bem, até que naquele momento em que todos perguntam o "puseste o quê?"/"eu escrevi que...", me dei conta que tinha saltado a pergunta de desenvolvimento. Valia 2,5 valores! Coisa pouca, quando Português era o meu exame de admissão para a universidade. O drama, o horror e o pânico - recordo-me que me inscrevi também na segunda fase, não fosse ser necessário um plano B. Fiz o exame, mas nem foi preciso e já nem me lembro o que saiu.

Também me recordo de quando cheguei ao dia do exame de inglês e que não tinham uma mesa para mim. Uma confusão! Lá se arranjou uma mesa e lá comecei a fazer o exame - o resto da sala já tinha começado.
Ia eu a meio do exame, quando preciso de consultar algo e... e lá estava o sacana do resumo de inglês. Novo drama e novo horror! No meio daquela confusão, nem eu tinha deixado o resumo na mala, nem nenhum professor tinha feito a revista da praxe ao dicionário. Que fazer? Chamar a professora? Fazer como se não fosse nada? E se ela desse pela coisa e se não acreditasse em mim e me anulasse o exame?! Fiquei caladinha que nem um rato, passei todo o exame super nervosa e mesmo precisando, não toquei no dicionário. Quando o exame acabou, saí a correr e deitei o resumo no lixo.
Ai, os exames nacionais!

Dicas para quem vai ao Japão

14.06.15

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Nara

 

A dica mais preciosa: UM CARTÃO SIM COM ACESSO À INTERNET

Este é o meu primeiro conselho para um viajante no Japão. Comprem um cartão de telemóvel que vos dê acesso ilimitado à Internet - há diversas conexões pelas ruas, assim como nos hotéis e restaurantes, mas o melhor é ir prevenido.
O sistema de direcções é muito difícil de entender, até mesmo para os japoneses e, nas ruas, há pouca gente capaz de comunicar em inglês. E as cidades são enormes!
No Japão, o Google Maps rapidamente se torna no nosso melhor amigo. Até porque se ele diz que o comboio chega às 15h33, é porque chega às e 33. O das e 31 não é o nosso.

 

Mas a malta não fala inglês?

Apesar de aprenderem, seja pela falta de prática ou pela timidez, são poucos os japoneses com um inglês fluente ou que consigam mater uma conversa em inglês. Mas caaaaaaaalma, há muita informação escrita em inglês e com a chegada dos Jogo Olímpicos de 2020, as cidades estão cada vez mais preparadas para estrangeiros - sim, já se vêem preparativos nas ruas.

 shibuya_Tokyo.pngShibuya, Tokyo

 

Isso significa que os japoneses não são amiguinhos?
Sim, são! Aliás, bem fofos. Muitos sorriem, acenam e (o extremo do agradecimento) fazem vénias. São super educados. Não gritam, não encaram, não revelam impaciência, nem qualquer sinal de irritabilidade.
Mas a verdade é que se podem evitar, eles evitam pessoas de fora. Eu acredito que é mais uma questão de timidez ou de se sentirem vulneráveis e expostos, do que por falta de educação ou interesse.
Uma coisa é certa, são raros os que não ajudam, quando o auxílio é pedido.

 

E a comida?
Boa, boa, boa! E mesmo para os amantes de sushi, é um prazer descobrir que a comida no Japão é mais do que sushi. Que saudades do meu caril, com queijo e arroz!

 

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 Montra de comida em Tokyo

 

É caro comer fora?
Bem, há de tudo e para todos os bolsos. Há imensas cadeias de restaurantes baratas e boas - para que tenham uma ideia, um menu do MacDonals custa cerca de quatro euros.
Mesmo assim, olhar o menu antes de entrar é essencial, porque se é verdade que um sashimi pode custar 4 euros, num sítio, há locais em que custa mais de 40 euros - e não, não é piada! Os japoneses valorizam o seu peixinho fresco e pescado no dia. O congelado deixa-os nervoso. Muitos restaurantes têm menus em inglês e com preços para consulta, o melhor é sempre confirmar antes de entrar.
Outra coisa engraçada, é que nas vitrinas de alguns restaurantes é possível ver os preços e a respectiva comida... em versão plastificada! Isso ajuda muito, porque na hora de pedir basta apontar.
E há sempre água grátis. 
No supermercado, também é comum haver comida, que pode ser aquecida no local e se come por três euros ou menos.

 

Há garfos?
Boa pergunta! E não sei, eu comi sempre de pauzinhos! Sinceramente não sei.

 

hiroshima.png

Hiroshima

 

Onde dormir?
Isso já depende do bolso de cada um. Há várias opções e o couchsurfing é popular no Japão. Aqui o melhor mesmo é planear tudo e ter tudo reservado, para se poder comparar preços. E vale a pena explorar bem motores de busca como o Hostel World ou o Booking, pois nem sempre o hostel é a opção mais barata. Da mesma forma, regime de pequeno-almoço incluído, não compensa. Ir ao super-mercado fica mais em conta.

 

20150512_190726.jpg

 

Andaste de comboio?
Siiiiiiiiim! E no comboio bala também!
Aliás, para quem planeie viajar pelo Japão de comboio, aconselho vivamente a compra do Japan Rail Pass. Sim, é caro (custa cerca de 400 euros), mas:
1. O comboio no Japão não é barato.
2. Pode ser usado em todos os comboios JR, que é um dos principais serviços de comboio japoneses, que em Kyoto funciona também como metro.
Por isso, é uma questão de fazer as contas e ver se compensa. E, muito importante, o passe de comboio tem que ser adquirido com antecedência e não pode ser feito na hora. No Japão faz-se apenas o levantamento - saber mais AQUI.

 

E o tempo?
Eu fui em Julho e desde um calor imenso, a um frio louco (no Norte) apanhei de tudo. Em Tokyo, por exemplo, na noite que cheguei chovia torrencialmente, mas no dia seguinte já fazia sol.

 

sapporfo.jpgJardim em Sapporo

 

Quando ir? E os "blossons"?
O inicio da Primavera (Março/Abril) é de fato um momento lindo para ir ao Japão! Eu fui em Maio, quando já não havia muitos "blossons", apenas apanhei alguns no norte em Sapporo e é de facto impressionante! Até na hora de construir os parques há uma preocupação estética e arquitectónica única no Japão. Alguns parques tornam-se mais do que parques ou sítios de relax e, sim, em verdadeiros espaço de harmonia arquitectónica... e, claro, quando as cerejeiras florescem, juntamente com aquele verde único, o espectáculo é simplesmente deslumbrante.

 

O país é seguro?
Sim, totalmente! O mais incrível é que mal se vê polícia.

 

naoshima.pngIlha de Naoshima

 

Mesmo no meio daquela confusão, recomenda-se a bicicleta?

Sim, sem dúvida! Ou melhor, depende também da cidade, aliás das zonas. Não só o trânsito é super ordenado, como também os peões respeitam as regras. Além disso, as cidades são planas, ou seja, andar de bicicleta é 100% recomendado.


Só uma dica, um dos locais mais pró-bicicleta no Japão segundo os guias que li é a ilha de Naoshima! E, sim, vale a pena... mas com uma bicicleta a motor! Para visitar alguns dos museus, há que subir e muito, o que torna a bicicleta normal mais um fardo do que uma ajuda. Ainda por cima, eu (como boa portuguesa) aluguei uma das mais baratas, que não só guinchava por todos os lados, como ainda tinha problemas com os travões.

 

E o karaoke?
Para começar, não é como imaginamos! Os karaokes existem, sim, e estão por todo o lado, mas uma vez que se entra no edifício não vamos ver um grupo de japoneses borrachos, em cantoria. Cada grupo está na sua salinha e a festa decorre em privado. Mesmo assim, recomendo 100% a experiência! É muuuuuuuito divertido!

 

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Fushimi Inari Shrine, Kyoto

 

Onde ir?
Isso já depende de cada um e do tempo que cada pessoa dispõe. Eu em menos de um mês e com chegada em Tokyo, fiz:
Kyoto (Osaka e Nara incluídos)
Naoshima
Hiroshima
Nagoya (e fiz o caminho Edo)
Sapporo
Tokyo
Tudo depende dos gostos de cada um! O Japão tem muito para explorar e é impossível sair de lá com o sentimento que ficou tudo visto.

 

E as sanitas?

Não, não é mito! Primeiro, durante quase um mês, só vi duas ou três casas-de-banho sujas. E depois... ai amigos, as sanitas aquecem! E têm jactinhos de água para limpar as partes de casa um - com jacto feminino e masculino! E o melhor e pensado naquelas necessidades ruidosas, há um botão que imita a o som do autoclismo, para abafar os sons indesejados.

 

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Sapporo

 

Outras curiosidades:

*Vénias na hora do agradecimento são comuns. Quanto mais inclinado, maior o "obrigada".


*Há poucos (muito, muito poucos) caixotes do lixo. Passear o lixo na carteira era bem comum.


*Não deixe de visitar uma loja Manga. Mesmo sem saber japonês, é todo um mundo a explorar: manga infantil, manga de acção, manga homossexual, manga pornográfico, manga, manga, manga!


*Explorar um super-mercado também vale a pena! Há todo um mundo de produtos e de sabores únicos - desde os Kit Kats de morango a estacas para prender toalhas durante os picnics.

 

*Durante a II Guerra Mundial, o Japão foi fortemente bombardeado. Todas as cidades foram reconstruídas, à excepção de Kyoto, que nunca foi atacada. Ou seja, encontrar castelos do século XVII reconstruídos no século XX é muuuito comum.

 

*Sim, ainda há muitas japonesas de kimono e também gueixas, sobretudo em Kyoto.

 

*Tirar os sapatinhos é comum, sobretudo em locais mais tradicionais e NUNCA, mas nunca pisar o tatami, o tapete japonês.