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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Guia para viajar na Índia

21.08.18

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Da Índia ou se gosta e se quer voltar ou não. Não acho possível haver meios termos, indecisos ou encolher de ombros. A Índia, mais do que um país, é um continente! De uma região para a outra, tudo muda: muda o idioma, o clima, as tradições, a forma de vestir e até a religião!

Quem vai viajar na Índia, tem de se preparar mentalmente para a pobreza, os maus cheiros, a sujidade, o caos, o barulho infernal ou o trânsito sem fim. Quem vai viajar na Índia, tem de se preparar mentalmente para  o colorido das ruas, uma das melhores comidas do mundo, a simpatia das pessoas e para um país de imensa beleza. É a terra do Bollywood, dos saris coloridos, do Hinduísmo e eu quero muito voltar, sobretudo para explorar o Rajistão.

 

Índia: Quando ir?

O clima na Índia varia muito entre as vária regiões. De um modo geral, os meses de Novembro e Abril são os melhores para viajar, pois corresponde ao inverno Indiano - e, sim, o Inverno é bom, pois o Verão na Índia corresponde àquele calor chato e húmido! No entanto,em Goa ou Kerala, há sempre calor e como o clima aqui é seco, as monções (chuvas) não são comuns. O período de monções na Índia vai de Junho a Setembro. 

 

 

Índia: Como viajar? Como são os transportes na Índia?

 

Acho que qualquer pessoa pode passar horas (a serio, horas!!) a olhar para uma estrada, pois é impossível cansar-se! Pessoas e mais pessoas, que se misturam com carros, tuk-tuk, motas, riquexós, bicicletas, cavalos, autocarros, táxis, burros, cavalos, carroças… e vacas - sim, aquela história das vacas serem sagradas na Índia e de andarem por todo o lado, corresponde à verdade! Os cães são muito maltratados e enquanto para nós, o cavalo é visto como um animal nobre, aqui é mero bicho de carga. E, sejamos honestos, uma família que usa um cavalo, em vez de um carro, por exemplo, tem prioridades económicas! Ou seja, alimentar os filhos será bem mais importante, que cuidar (bem) dos animais.Voltemos aos transportes. 

 

Na cidade

Nas cidades, o mais comum é usar tuk-tuk. Um conselho: negociar SEMPRE o preço antes de subir. Algo que ajuda muito, é criar empatia com o condutor e abrir o jogo. Passo a explicar. A Índia é uma teia comercial, como um polvo, onde todos são familiares e as negociatas são o prato do dia. Um condutor que leve uma pessoa a uma loja ganha comissão; se a pessoa compra, ganha um pouco mais… moral da história: usem isso a vosso favor. Imensas vezes, eu  barata dizia: “Ok, eu vou, entro na loja, MAS não compro nada” e com isso ganhava uma viagem mais barata! 

Em viagem, devemo-nos sempre lembrar de que uns euros a mais ou a menos fazem toda a diferença, quer para os local, mas também para quem viaja. No entanto, isso não significa que devemos aceitar todos os preços, sem regatear! Na Índia é comum um estrangeiro pagar mais do que a um local, mesmo em museus!

 

Voos domésticos na Índia:

Para viajar na Índia, existem várias companhias com voos domésticos e a bons preços. Sobretudo, para quem viaja com pouco tempo esta é uma boa opção - eu fiz uns quantos e nunca tive problemas. Importante: façam-se acompanhar pelo cartão (de crédito ou débito) com que compraram o voo. Como há muitas burlas com cartões por vezes, há que apresentá-lo no momento do check in.

 

O comboio na Índia:

Numa palavra: espectacular! Impecável! Pontual, com uma rede extensa e bem barato. Os Indianos viajam muito dentro do próprio país, sobretudo para visitar a família e durante as várias celebrações. Por norma, quanto maior a viagem, mais barato é o bilhete.

Existem três classes e por norma, a 1ª Classe está sempre cheia e tem de reservar com bastante antecedência - não me perguntem como é, porque nunca entrei. A 3ª Classe, segundo me disseram, é tipo "tudo ao molho e fé em Deus". Eu só viajei na 2ª Classe, não porque fizesse questão, mas porque na hora de comprar os bilhetes, era onde me metiam e eu não piava  Na 2ª Classe há lugares marcados, mas os bancos são corridos, tipo sofá, sem divisórias. Na hora de dormir, viram beliche. Como as viagens são longas, é normal os Indianos levarem comida - faça o mesmo. Leve comida sem vergonhas, porque os Indianos superam até aqueles Portugueses que fazem picnics à beira da estrada, com garrafões de vinho e comida para uma semana!

Para comprar os bilhetes, deve dirigir-se à estação e, por norma, há uma fila só para comprar bilhetes em inglês. Leve consigo umas fotocopias do passaporte, pois o processo é bem burocrático! Tente também comprar todos os bilhetes de uma só vez - o que implica planear a viagem MUITO bem e com antecedência. 

 

Na Índia, muitas famílias dormem na estação, enquanto esperam o próximo comboio. Aliás,as estações são um mundo: de gente, de cor, cheiros, mas também de pedintes e, é um facto, de ladrões. Olho aberto! 

 

 

A Índia é cara?

 

Não, não é! Apesar de ser uma das mais sólidas economias mundiais, existem graves problemas de desigualdades e falar de pobres na Índia, não é o mesmo que falar de pobres em Portugal. Apesar de ser ilegal, o sistema de castas continua a prevalecer e continua a haver uma forte preferência pelo sexo masculino. 

 

 

Índia: Onde dormir?

Há muitas, muitas opções de hospedagem na Índia. E encontrar sítios baratos é bem fácil e pode fazê-lo tranquilamente através de sites como o Booking ou o Hostel World. Por norma, há saída do comboio há um mundo de gente a querer impingir 2387 mil sítios onde ficar. Como as cidades são grandes, aconselho a ter um hostel/hotel/o em mente ou, pelo menos, definir previamente a zona onde quer ficar, tendo em conta o seu orçamento - há quartos por menos de 5 euros e há hotéis de sonho, sim, bem mais caros! Peça sempre para ver o quarto antes de pagar. Regateie sempre e ver três ou quatro quartos mais, é também algo que deve fazer. Cada um de nós tem coisas que considera o “mínimo e o essencial”: uma janela, água quente, lençóis limpos,… Em momentos de desespero, porque os há, lembre-se, encontrar alojamento na índia faz também parte da aventura!

 

 

A comida na índia é boa?

Ai amigos, se é! O meu homem diz que tenho estômago de aço e talvez tenha razão. Passei a vida a comer em restaurantes em plena rua e em sítios de higiene bastante suspeitisa; e sempre impecável! Basicamente, o meu critério é: há locais a comer? Há mais do que três pessoas? Então, vamos! Se eles sobrevivem, nós também. A comida é, obviamente picante, peçam sempre sem picante nenhum, que assim só pica um bocadinho ;)  Quanto à água, bebia sempre engarrafada. Em alguns sítios, até para lavar os dentes usava a água da garrafa, porque a da torneira sabia tão mal, que nem a pasta de dentes tirava a sensação.  Aqui ficam mais algumas dicas para comer na India, que vão gostar!

 

 

O que ver na Índia? O que visitar na Índia? Onde ir na Índia? O que fazer na Índia? Locais inperdiveis na Índia? O melhor da Índia?

Há tantos locais, palácios, museus, natureza, monumentos,… que ver tudo há primeira, é complicado. Estes foram os locais que eu visitei, durante quase um mês que estive a viajar na Índia.

 

 

Varanasi: Varanasi é tipo a Fátima lá do sítio. Por causa do rio Gangues, Ganges ou Ganga, milhares de pessoas visitam a cidade todos os anos. Ou seja, se há muita gente, há caos, sujidade, pedintes - sobretudo velhinhas viúvas, etc. Morrer em aqui é um privilegio e não se espante se no seu hotel/hostel em Varanasi, existirem famílias que aqui vivem, literalmente à espera que o familiar morra. Todos os dias há cerimonias junto ao rio e atravessar o rio de barco, só mesmo se fizer bom tempo, fora isso, é um pouco suicídio - a corrente é forte e o rio denso. Ainda assim, se fizer bom tempo, um passeio de barco pelo Ganges para ver o sol nascer tem de ser qualquer coisinha muito boa! Fiquei com pena de não o fazer, mas tinha havido tempestade, nem os indianos se aventuravam.

Pareparem-se também, porque verdade seja dita, o Ganges é muito, muito sujinho - os Indianos insistem em dizer que não, que o Ganges está só "doente"! Nos arredores há uns jardins budistas bonitos, a cidade tem muito por onde explorar, com macaquinhos por todo o lado e, digo eu, quem sobrevive a Varanasi na Índia, aguenta tudo. 

Eu fiquei numa pensão incrível e a melhor comida indiana que comi na vida, comia-a aqui - quase sempre regressava ao hostel, só para puder comer aqui.

 

 

Agra: a cidade do Taj Mahal: Primeira coisa, TÊM e DEVEM visitar o Taj Mahal! É dos monumentos mais bonitos, mais perfeitos e harmoniosos que eu já vi! Conheci alguns viajantes que “passavam” o Taj, porque diziam “era muito turístico”! Sim, é, obviamente que é! No entanto, ainda hoje quando penso no que elas perderam, quase me dá pena dessas pessoas! Entenderam: ver oTaj Mahal é essencial.

Fora isso, Agra tem um forte, onde não entrei, porque pediam muito dinheiro e, sinceramente, não tinha vontade de pagar um dinheirão por um forte, onde a água cheirava a ovo podre de tão suja que estava! Sinceramente, vão ao Taj e vão-se embora.

 

Jaipur: O forte é verdadeiramente incrível, mas acho que foi das cidades na Índia que me deu menos prazer. Achei as pessoas muito metidas e até mais agressivas - houve um grupo de estudantes adolescentes, que num momento estava a tirar fotos connosco e no seguinte, a atirar-nos coisas! Valeu-nos, quando já estamos a desesperar, um condutor de tuk tuk , que se apresentou como “Beautiful” e que nos levou a imensos sítios, como os palácios aquáticos das redondezas, fábricas de prata e de encharpes - ele sabia que nunca íamos comprar nada e obviamente que no final levou uma boa gorjeta, mas passamos um dia feliz com ele. Ele até nos deixou conduzir o tuk tuk e ainda nos apresentou à família. Como dizia, abram o jogo com as pessoas e deixem-se ir! 

 

 

Udaipur: Foi das minhas cidades favoritas. Conhecida como a cidade do Adelino, é fácil acreditar que ele poderia ter vivido aqui! Udaipur está cheia de palácios, rodeada de água e, como é mais pequena (para as dimensões indianas), é mais tranquila! Sentia-me muito confortável e as pessoas convidavam-nos para tudo: cerimonias nos templos (às quais fomos); casamentos (onde também fomos) ou simplesmente a beber chá e a falar da aura. Muito bom.

 

 

Goa: Em Vasco da Gama vimos pouco, porque nos metemos logo em uma, duas e três mini-vans, ao bom estilo “tudo ao molho e fé em deus”, para chegar a umas praias no norte de Goa, em Arambol. Lindíssimo, uma paz, praias desertas… e aquele pôr-do-sol! Depois, fomos a Pangim, que dizem ser a cidade mais portuguesa da Índia… o que é bem capaz de ser verdade, pois até feijoada havia e, no fim da avenida, lá estava a igreja! Em Goa, os mais velhos ainda falam português e possuem até nacionalidade Portuguesa. Mesmo os habitantes continuam a identificarem-se como Goeses e não como indianos. Aqui, por favor, comam bebinca, um bolo de camadas…. delicioso!

 

 

Kerala: Esta região no sul da índia é sobretudo conhecida pelos campos de chá… e apesar da pobreza, vale a pena alugar um carro e explorar, pois é algo verdadeiramente deslumbrante! E, claro, pela imensa costa e aldeias de pescadores. Gostei muito.

 

 

Delhi: O primeiro erro que fizemos, foi ir pelo nome e ficar em Old Deli, "ah e tal é antigo", pois, antigo é a cair de podre. Depois, achávamos que já tínhamos visto tudo, mas Deli, a capital é outro mundo: mais veloz e mais caótico... e mais extremo! Além disso, apanhamos o Diwali, que é tipo o Natal hindu. Agora imaginem-se a caminhar nas ruas, como quem anda na véspera de Natal no Colombo... entenderam o esquema?

 

 

E ser mulher e viajar na Índia, como é?

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Não sejamos hipócritas, a Índia é um país, onde as meninas são preteridas à nascença, os feminicídios são comuns, assim como casos de violações, onde os culpados, muitas vezes, nem chegam a tribunal. Resumindo: ser mulher na índia é uma merda. Recomenda-se roupinha um pouco mais composta e tapadinha, não porque seja lei; mas porque te sentirás, caso sejas mulher, mais confortável. Há olhares, umas mãos que roçam e até comentários. Eu senti-me segura, mas por exemplo à noite, não me aventurava por ruas sem luz. 

E muitas vezes o machismo funciona de outra forma, já que muitos homens tomam por principio que somos parvinhas, a precisarem de salvação. Nestes casos, tirem partido disso, seja para arranjar uma boleia ou para que alguém vos compre os bilhetes, passando à frente dos restantes. Quando a coisa não cheira bem ou simplesmente estão desconfortáveis, virem as costas e vão-se embora, afinal não têm que dar justificações a ninguém. 

 

 

É fácil viajar sozinho na Índia?

 

Sinceramente, acho que sim - eu não o fiz, mas conheci viajantes solitários e estavam contentes. Quando precisavam, colavam-se a alguém e a coisa funcionava. Os Indianos são também muito afectuosos com os estrangeiros, gostam de meter conversa e acho que na Índia, estar sozinho é uma missão impossível. E viajar sozinho tem muitas coisas boas!

 

 

Então, achas que as pessoas na Índia são simpáticas?

 

Sinceramente, acho. Além disso, são extremamente curiosas e sempre ansiosas por meter conversa e perguntam, sem pudores, quanto é o nosso salário. Gostam de comparar e de saber mais. Nós fomos convidadas a um casamento, fizemos amigos no comboio, conhecemos gente que nos abordava espontaneamente e nos recomendava ir ao sitio A e B ou a aproveitar o horário gratuito do monumento Y. Sem queixas.

 

 

Ou seja, na Índia não há coisas más?

Claro que há! E muitas! Como disse antes, vêem-se coisas que não deveriam existir neste mundo. Quando fui para a índia há três anos, houve um caso de violação de uma jovem num autocarro, que se tornou mega mediático - super recomendo este documentário. Todos os dias os meus amigos me falavam disso,, enviavam noticias horríveis de acontecimentos similares. Quando cheguei, admito, estava muito ansiosa. Cheguei a Deli e calor, calor. Apanhei voo para Varanasi no mesmo dia e foi um choque tremendo. Podem-nos contar mil coisas, ler mil textos, ver mil filmes…. na hora da verdade, quando vemos com os nossos olhos crianças ou idosos a mendigar e mal alimentadas; cheiramos a latrina nas ruas ou caminhamos na sujidade, tudo mudo em nós! Não digo que nos tornam melhores pessoas, atenção. Tornamo-nos mais conscientes do mundo. É por isso que digo que se ama ou se odeia a Índia. O país, obriga-nos a um extremo e intenso exame de auto-consciência, em que diariamente vamos confrontando a nossa vida e escolhas. Mas no meio disto tudo, há mil cores, sorrisos, cheiros e uma amabilidade incrível. VAI!

Se eu pudesse voltar atrás, eu….

07.08.17

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Admiro as pessoas que dizem que “se voltassem atrás, não mudavam nadinha. Nem uma virgula!”. Eu, assim de repente, no sábado tinha era ficado em casa, em vez de ter passado o dia à chuva ou pelo menos tinha calçado umas sapatilhas, em vez de umas sabrinas!

Fora isso, há muitas vezes que mais devia era ter ficado calada; outras em que poderia ter dito algo mais ou pelo menos acertado quando falei.

Entendo o conceito: no geral, a vida vai boa, corre bem e somos felizes, mas se vamos ao particular, nem a vida é sempre boa, nem todos os minutos correm bem, nem somos sempre felizes. Temos momentos. Por isso, parece-me também natural, ter arrependimentos.

 

Este fim-de-semana dei por mim a pensar e a reforçar a ideia de que se tivesse hoje 18 anos teria feito muita coisa diferente. Por exemplo? Não me tinha logo enfiado na universidade. Tinha parado um aninho para crescer e me fazer à vida: 6 meses trabalhava e poupava e nos outros seis, viajava. Assim, livre e solta e fresca e fofa.

Em Portugal, não há o conceito de Gap Year, um ano de paragem, de autodescoberta e de viagem. O Gap Year ou ano sabático é muito comum nos Estados Unidos, Canadá, na Alemanha ou noutros países do norte da Europa. Aqui os pais não vivem tão deslumbrados com o canudo, nem cheios de vontade em enfiar os filhos na universidade! Valorizam-se outras coisas.

 

Viajar, sobretudo, uma viagem de meses, de mochila às costas e pouca coisa planeada é do melhor que há para se sair da zona de conforto e crescer! Explorar o mundos conhecer outras pessoas, viver diferentes culturas, experimentar comidas novas e/ou aprender idiomas. Este (auto)conhecimento torna-nos mais conscientes, mais solidários, mais abertos, MAIS! E, muito importante, é meio caminho andado para darmos valor ao que temos: à família, aos amigos, à vida cómoda, às oportunidades e até ao país.

Se pudesse voltar atrás, eu mudaria isto: aos 18 tinha parado. Tinha convencido a minha mãezinha (sobretudo ela) a deixar-me ir. Ia-lhe explicar como esse ano seria importante na minha decisão e vida futura. Teria passado 6 meses a trabalhar e aprender a dar valor ao dinheiro e à dura realidade que e um trabalho rotineiro e pouco dinâmico.

 

E vocês, mudariam alguma coisa?

Não, eu não sou rica. E, sim, eu viajo

07.07.17

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Viajar é um luxo. Um privilégio. Há infinitas coisas mais importantes. Coisas como pagar a conta da luz, encher o frigorífico de comida, assegurar o pagamento da renda,  comprar os livros das escola das crianças. Não discuto isso.

Mas depois é uma questão de escolha. Escolher entre ir ou não ir. De querer ou não querer. Aqui, já se trata de optar entre ter um carro, ir de transportes públicos ou andar a pé ou de bicicleta. Entendo que os transportes são muitas vezes uma caca, mas quantos queixosos procuram opções como a partilha de carro ou têm a iniciativa de iniciar redes de partilha de transportes com vizinhos ou colegas de trabalho?

E quem diz o carro, diz as roupas novas ou a compra de um novo telemóvel, apenas porque o outro não possui a funcionalidade X e Y.

Atenção! Eu acho que acaba um deve gastar o dinheiro como mais lhe convém e mais o faz feliz. Seja a bela da mala Chanel ou resmas de jogos de Playstation. Já que uma pessoa tem de trabalhar, ao menos que retire alguma satisfação do salário.

 

O que me dá comichões é ouvir considerações como “tu és rica” ou “tu podes, porque tens dinheiro” e afins. Tomara eu ser rica, não ter de trabalhar e tomar banhos com notas de 500 euros. À falta disso, tento gerir da melhor forma que sei, o dinheiro que ganho e dando prioridade a uma coisa: VIAJAR. Porque gosto e porque me faz francamente feliz.

 

(Precisamente não ser rica) mesmo em viagem sou poupadinha. Prova disso é que na minha lista de viagens estão muitos países cujo nível de vida é bem mais barato, como a Índia, a Tailândia, o Camboja ou Laos. Destinos de viagem como a Patagónia, a Islândia, Quénia ou EUA continuam em modo stand by.

Durante a viagem também faço por poupar: vou sempre pelo barato, sobretudo no que toca ao alojamento. Evito agências de viagem e pacotes de viagem e, acreditem, só com isso poupa-se muito.

 

Por isso, pessoas queridas, se querem viajar, vão. Se querem a sério, parem com as desculpas. Vejam como poupar dinheiro para viajar e vão. Só custa começar!

Viajar de comboio pela Índia

17.05.17

 

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Já há algum tempo que pensei em transformar este tópico em material de blog e aproveitando que esta semana me fizeram a mesma pergunta, aqui fica ele, um post sobre “viajar de comboio na Índia”.

 

A menos que alguém esteja a viajar pela índia, com aqueles pacotes de tudo incluído ou com uma agência de viagens, é quase certo que em algum momento terá de apanhar um comboio. Viajar de comboio pela Índia é super cómodo, seguro e confortável. Os Indianos costumam mesmo fazer piadas, dizendo que foi a melhor coissinha que lhes ficou do colonialismo Inglês.

 

Se vai viajar de comboio na Índia, o meu conselho é não esperar nada muito luxuoso. Não é que não existem essas opções, porque existem, mas esgotam logo. Os Indianos viajam MUITO, não importa a casta. E para longas distâncias, o comboio é o meio de transporte mais popular. Mesmo com o aparecimento dos voos low cost domésticos, o comboio continua a ser MUITO popular, até porque é mais barato - basicamente, o sistema de bilhetes funciona em função dos km e distância da viagem, quanto mais distante, mais barato sai.

 

comboios india

 Nos comboios na Índia, existem várias classes. A 1ª Classe, que esgota logo, com mesa, bar e há alguns bem luxuosos. A 2ª Classe (ou Sleepy Class), que possui uns bancos corridos, onde cabem três pessoas à larga. Até porque há noite (há viagens beeeeem longas), a coisa transforma-se num beliche e cada passageiro tem a sua caminha. Aquilo tem um sistema e ficam ali três camas bem práticas - não, não há lençóis, nem almofadas; mas há ventoinhas. Quanto à 3ª Classe, a mais barata, aquilo são lugares no chão, num verdadeiro tudo ao molho e fé em Deus.

Eu só viajei na 2ª Classe, porque só me vendiam bilhetes para essa. Aliás, só mais tarde, é que me apercebi do sistema das classes. Ou seja, comi e calei. E fui bem.

 

Os comboios na Índia são extremamente pontuais, o que num país tão caótico é de aplaudir. Ainda mais, quando eles cargam tudo o que se possa imaginar no comboio (sim, é comum comboios de carga e de passagerios serem um só). E quando digo tudo, é tudo mesmo - animais (vivos e mortos), tijolos, cimento, bicicletas, carros,… Vale a pena ficar do lado de fora a ver aquela agitação toda e como mesmo assim o comboio sai a horas.

 

Quanto a comprar os bilhetes, deverá comprá-los na estação. Há agências que os vendem, assim como vários hotéis e hostels, mas o que eles fazem é, basicamente, mandar lá alguém, que depois compra o bilhete, cobrando depois uma comissão pelo serviço. Não vão em conversas de descontos e promoções.

Aconselho a comprar as viagens de comboio dois/ três dias antes, porque podem esgotar. Muito importante, na hora de comprar os bilhetes, leve consigo uma (ou duas) fotocópias do passaporte. Aquilo é coisa séria, com impressos e coisas para preencher. Se houver dúvidas, há sempre gente à volta com vontade de ajudar ou simplesmente meter o bedelho - algo que os Indianos adoram fazer 

 

 

Já tem o bilhete? Maravilha.

Agora chega o dia da viagem e é hora de ir para a estação. Não faz falta ir duas horas antes, mas em cidades grandes, recorde-se que as estações são grandes. A Gare do Oriente é uma menina pequenina em comparação à maioria das estações da Índia. Espere também ver muita, mas mesmo muita gente. Já lhe disse que os Indianos viajam muito? Então, imagine a estação com muitos, muitos, muitos deles. Muitas pessoas, inclusive famílias inteiras, literalmente acampam na estação enquanto esperam pelo próximo comboio. Obviamente que há também muitos pedintes (pessoas, estamos na Índia) e ter atenção à carteira!

Leve comida para a viagem - os Indianos fazem verdadeiros picnics no comboio e até oferecem comida - sinceramente, acho que ficam com pena de ver uma pessoa a comer uma sandes ranhosa e umas bolachas, quando eles verdadeiros manjares!

 

 

A Índia não é um país fácil. Custa (e dói) muito a digerir. Entendo quando ouço alguém dizer que odeia o país. Vêem-se coisas, que não deveriam existir em nenhum local do mundo, mas infelizmente, não as ver, não as faz desaparecer. E depois há o outro lado, a magia, a cor, a amabilidade, a comida, a cultura, a história - e fico por aqui ou não paro.

 

Para alguém que esteja a viajar sozinho ou viajar pela Índia pela primeira vez, o meu conselho nas estações é que se aproxime de famílias a viajar com crianças. Um turista dificilmente passa despercebido na Índia e os Indianos tendem a ser bastante protectores e gostam de meter conversa. Sobretudo os mais jovens e que falam Inglês adoram conversar com os turistas e, acredite, ganha logo ali tem um companheiro de viagem e amigo para a vida!

 

Saiba mais sobre viajar na Índia, AQUI

Guia para viajar no Japão

29.01.17

O Japão era daqueles países que sempre esteve na lista de viagens. Porém, nunca no topo. Não pelo Japão, mas porque havia sempre outros países e também por ser um destino caro, que é. Foi também por isso que esta foi das viagens que melhor organizei e planeei na vida. Confirmando-se o senso comum que, sim senhora, planear é a chave para viagens (mais) baratas. Se gostei do Japão? Adorei. Se quero voltar. Sim, sei que um dia voltarei. Se recomendo? Muitíssimo.

Saibam mais em:

Guia para uma viagem ao Japão

 

 

Também pode ver o guia para viajar na Tailândia e na Índia.

Resoluções do viajante para 2017

30.12.16

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1. Não adiarás mais

2017 vai ser o ano! Acabou-se o discurso do "ai, se eu tivesse tempo", "ai, se eu tivesse dinheiro" e mimimi! Este vai ser o ano de planear e fazer as coisas a acontecer. Não importa se é falamos de largar tudo e viajar pelo mundo ou de um fim-de-semana sem os putos em Ponte de Lima. Define o destino e começa a trabalhar para isto.

 

 

2. Pouparás para viajar

Em 2017 vais poupar para viajar, define quais as tuas prioridades. A próxima vez que fores comprar umas calças ou beber a segunda cerveja pensa no que podes poupar pondo esse dinheiro de lado. Por menos de um euro já almoças na Índia e por 2' euros já podes comprar um voo low cost para Paris.

 

 

3. Serás um bom viajante

Um bom viajante não se esquece que não está sozinho no mundo, nem que é graças a gente que trabalha, que ele pode viajar. Ou seja um bom viajante não faz isto, nem isto, nem participar nisto, ok?

 

 

4. Serás um viajante consciente

Um viajante consciente é alguém que pensa para além do seu próprio umbigo, que se preocupa e que sabe que o turismo também tem um lado perverso e negativo. Isso implica, por exemplo, não andar de elefante, nem contribuir para outras actividades onde os animais são mal-tratados; não dando dinheiro a crianças (contribuam antes para ONG's locais) e, claro, coisas tão básicas e simples como não deitar o lixo para o chão ou não tirar fotografias com flash em locais onde tal não é permitido.
Além do cuidado e respeito pela cultura e país que visita, lembre-se que há ainda locais que correm o risco de desaparecer, sendo importante respeitar este mundinho por onde andamos e vivemos.

 

 

5. Farás uma viagem sozinho

Tempo sozinho é precioso! Em 2017, dê-se uma oportunidade para viajar e conhecer novos sítios sozinho ou revisitar antigos. Sim, por sua conta, sem ninguém. Só você e você. Mesmo que seja apenas uma ida de um dia a Évora. Permita-se estar consigo e explorar algo novo. Até porque: viajar sozinho é bom!

 

 

6. Acabas com os macaquinhos e vais viajar de vez

Se depois de tudo isto ainda não estás convencido(a) e ainda usas argumentos como "viajar é para ricos" ou "lá fora é tudo mais caro", por favor lê ISTO! Viajar é para todos! E é bom!

7 Mitos sobre viagens

26.09.16

1. Fico em Portugal, porque lá fora é tudo mais caro

Esta ideia de que Portugal é barato é um mito e tem que morrer e JÁ! Lisboa, por exemplo, já está ao preço (de supermercado e de hostel) de Paris ou Londres. O Porto está a caminho e se pensarmos que na maioria das localidades não existem opções de hostel, então, viajar em Portugal não é assim tão barato.

Ainda este Agosto, fiz férias na Costa Alentejana e paguei mais aqui numa noite, do que na minha viagem ao Japão, por exemplo. Reservar o alojamento com antecedência ajuda (muito) a quem viaja com orçamento reduzido.

 

 

2. Viajar é caro

Obviamente que o conceito de caro e barato varia de pessoa para pessoa. Mas será mesmo caro? Há muitos países bem mais baratos do que Portugal - Tailândia, Marrocos, Indonésia (só para dar alguns exemplos de países bem turísticos e a bom preço) e hoje em dia com a loucura dos voos baratos é bem, bem fácil encontrar voos a preços bem económicos. E se falarmos dentro da Europa, hoje em dia sai mais barato apanhar um voo Lisboa Londres, do que ir de Lisboa a Beja.

 

 

3. O alojamento é caro

Acredito que sim, acredito que possa ser. A questão aqui é: quanto queres gastar? E depois pensar: como posso fazer para gastar menos? Precisas menos de um hotel XPTO e de um buffet com kilos de comida?

Opta pelo Coach Surfing, uma forma gratuita e simpática de arranjar hospedagem. Ficas em casa de locais, conheces mais da loucura local e ainda fazes amigos. Eu até no Irão fiz coach surfing e fui bem, bem feliz.

 

 

4. Isso de organizar viagens não é para mim

Vamos ser honestos: agências de viagens são caras e faz todo o sentido que assim o seja. Estamos a pagar a profissionais para que nos orientem a vida: do autocarro shuttle, ao hotel; sem esquecer da comida e de um guia. Entendo perfeitamente o bom das comodidades de viajar assim; no entanto, além do preço, há coisas que se perdem! Que coisas? O espirito de aventura. A capacidade de seres TU a organizar a tua viagem, definindo os teus tempos - é tão bom, estar num sítio onde somos felizes e dizer “que se dane, fico mais uns dias!”.

Hoje em dia há tantas ferramentas online para organizar viagens: o Trip Advisor, o SkyScanner, o Booking, que fica tudo mais facilitado.

 

 

5. Não tenho companhia

Entendo, mas (e eu acredito mesmo nisso) é bom que comeces a gostar de estar contigo! Carradas de gente vai entrar e sair na tua vida, mas tu serás a única constante na tua vida… brega? Um pouco! Mas é um facto.

Além disso, de viagem nunca estamos sós. Há sempre quem meta conversa, há outros viajantes e há em nós o maior disponibilidade para falar e contactar com os outros. Hoje em dia existem também mim fóruns online e grupos de Facebook sobre viagens, onde facilmente encontras companhia. Deixa os medos e os macaquinhos no sótão e VAI! Viajar sozinho é bom!

 

 

6. Só tenho férias quando tudo é mais caro, ou seja, Agosto

Sim, na Europa, Agosto é o mês das férias, logo, o mês mais caro. Mas não no resto do mundo ;) No Brasil, por exemplo, é Inverno. E há países onde nem existem as quatro estações, ou seja, há muito para explorar.

 

 

7. Tenho filhos, viajar com putos é um inferno

Eu, sem filhos, arrisco-me aqui a levar uma tareia dos pais e mães deste mundo. No entanto, não me parece que as crianças sejam uma razão para não ir. Pelo contrários. Vejamos. Os putos adaptam-se super bem às mais variadas situações. Mesmo no Camboja há hospitais e crianças que ficam doentes. Relativamente, àquele argumento do “ai a criancinha não se vai lembrar de nada” a minha resposta é sempre: “E?”. Os pais não contam? As memórias de família?

Há cada vez mais casais a viajarem com crianças, mesmo na Índia onde há problemas com água, era comum ver casais de viajantes com os miúdos atrás. Entendo que tem de haver uma maior logística, mas sim, pode-se e deve-se fazer. As crianças agradecem.

 

 

8. Não tenho dinheiro. Viajar é um luxo e coisa de rico

Seja, porque não se tem trabalho ou se recebe pouco, é normal que viajar não seja sempre uma prioridade. Todavia, muitas vezes, custa-me ouvir pessoas dizer que querem muito fazê-lo, mas não podem, por falta de dinheiro. No final do dia, é tudo uma questão de prioridades e ter objectivos bem definidos - aqui ficam umas dicas para poupar para viajar e também sobre como poupar durante as viagens.. Acreditem, eu, infelizmente, estou tão, mas tão longe de ser rica!