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Maria vai com todos

Estórias. Histórias. Pessoas. Sítios. Viagens.

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Portugal reconheceu injustiça da escravatura quando a aboliu, disse Marcelo

13.04.17

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E tudo graças ao Marquês de Pombal! E o Presidente da República ainda disse mais! Ele disse "(...) essa decisão do poder político português foi um reconhecimento da dignidade do homem (...) Nessa medida, nós reconhecemos também o que havia de injusto e de sacrifício nos direitos humanos"

 

Ai este Marcelo tão brincalhão! Um maroto!

Chateia-me tanto, mas tanto esta coisa Portuguesa do passado glorioso, com tão pouco espaço para culpabilização e análise e consciência! Comecemos pelo facto de que a escravatura em Portugal só foi abolida em 1878, tendo depois arrastado num processo de colonização que durou até 1974! Só para a Baía, Portugal levou mais de 1 700 000 milhões de pessoas que, obviamente, escravizou! Agora somem os outros milhares que chegaram a outras cidades Brasileiras, sem esquecer no resto das colónias. Crê-se que mais de 12 milhões de pessoas foram escravizadas pelos Portugueses, Ingleses, Espanhóis, Holandeses e por aí fora! Só isso é mais do que um Portugal inteiro! E depois somem os milhares que morreram pelo caminho!

 

Para o senhor presidente bastou abolir a escravatura para ficar tudo bem e Portugal e o mundo deixar de ser um lugar racista. Como se ainda hoje, o racismo não fosse um problema e um travão ao desenvolvimento destas nações. Menos saudade, menos império, menos "Viva Portugal" e mais noção e espirtio de auto-crítica.

 

 

Patriotismos de panela ou sobre a miúda que escreveu uma carta ao Presidente

01.11.16

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Ela não entrou no curso que queria e escreveu uma carta ao Marcelo. Meio mundo divide-se, se a miúda é boa ou má, se coitadinha ou galdéria e há até quem vá investigar as notas e as décimas e veracidade da informação. Enfim, aquilo que poderia ter sido só uma distracção, enquanto bebia o meu café, começou a dar-me comichões. Ou melhor, alguns comentários, começaram-me a dar comichões. Falo de expressões como “o meu país” ou acusações gratuitas sobre a Maria ser uma “traidora da pátria”, preparada para “desistir do meu país”.

 

Não vou comentar as décimas, nem as ranhosices das vagas do curso de Medicina. Também não vou discutir sobre as questões financeiras e sobre o quão difícil deve ser para uns pais suportarem propinas, alojamento, alimentação, etc. num outro país europeu - por norma, quase todos mais caros do que Portugal (e pobres dos pais com pouco rendimento que o têm também de fazer em Portugal). Até, porque outra coisa que me dá comichão em Portugal, é esta coisa made in Portugal, onde “são os pais que pagam”, quase como se fosse obrigação parental. Poucos são os estudantes em Portugal que aproveitam do estatuto trabalhador-estudante, mas isso, isso é outro tema.

 

Quero aqui falar é dos patriotismos e amores à pátria e à camisola! Que nacionalismo é este, pessoas? Achamos mesmo que por ganharmos o caneco do futebol, somos melhores? Acreditamos mesmo que no nossos país é que é? Ou que só no nosso país é que é? Achamos que quem está fora do país é um “traidor reles”? Gente cobarde que salta do barco? Ir estudar para outro país é ser mau: mau estudante, mau cidadão, ...? Num mundo cada vez mais global, onde o nomadismo volta a estar de moda, “ser português” ou “ser russo” significa mesmo alguma coisa? Que valor tem isto da "nacionalidade"? A rapariga ir estudar para Espanha é antipatriota? Ela querer estudar em Portugal, faz dela patriota? Eu trabalho fora de Portugal há anos, onde está o meu patriotismo? Já agora, ser patriota é bom? Isso não é roçar o nacionalismo, fascismos e outras coisas más terminadas em “ismo”?